O investimento estrangeiro direto (IED) na China em julho caiu 17% ano-a-ano, o menor valor mensal em dois anos. Observadores dizem que o ambiente político e econômico da China levou os investidores estrangeiros a perderem a confiança. Em particular, as investigações antimonopólio recentes em empresas estrangeiras poderiam ser a causa principal.
Numa coletiva de imprensa em 18 de agosto, o Ministério do Comércio da China anunciou os últimos dados de IED. O IED ficou em US$ 7,8 bilhões em julho, uma queda de 17%, e seu nível mais baixo desde julho de 2012. Comparado a junho deste ano, a queda foi de 45,9%.
Wu Qing, um pesquisador do Instituto de Finanças do Centro de Pesquisa de Desenvolvimento do Conselho de Estado da China disse à NTD que as oportunidades de investimento da China estão se estreitando e que a tendência de valorização do renminbi (RMB) cessou, e estas provavelmente seriam as principais causas para a queda do IED.
O sr. Deng, um economista baseado na China, disse à NTD que ele vê duas causas para a queda: riscos políticos e econômicos. “Os chineses são bons em [adaptar-se a] mudança, em desviar riscos e dispersá-los”, disse ele. “O dinheiro quente [especulativo] continua a fluir consistentemente para a China, assim, a verdadeira situação também está sendo continuamente acobertada; muitos problemas têm sido ocultados”, acrescentou Deng.
Investigação antitruste
Observadores especulam que as recentes sondagens antitruste em empresas estrangeiras têm agastado os investidores estrangeiros.
Nos últimos meses, a China iniciou uma investigação antimonopólio, que tem verificado empresas estrangeiras como a Microsoft, Qualcomm Inc., Audi AG, Daimler AG e Chrysler.
A Câmara de Comércio Europeia na China disse que entre as empresas sob investigação, algumas empresas chinesas empregam práticas semelhantes que violam a lei do país, mas elas não foram investigadas. Em alguns casos, os reguladores chineses solicitaram às empresas estrangeiras que não questionassem as investigações, que não participassem das audiências com advogados e que não pedissem ajuda de seus países de origem. A Câmara de Comércio Europeia na China disse que esses movimentos são formas de intimidação.
Jason Ma, um comentarista de economia chinesa, disse à NTD: “As empresas estrangeiras estão preocupadas com o ambiente de investimento da China. Em particular, elas [autoridades chinesas] usam o antimonopólio como uma desculpa para pressionar às empresas estrangeiras, mas certamente eles têm outros motivos. A China imprimiu uma enorme quantidade de RMB, seu crescimento econômico esfriou, seu mercado imobiliário está em crise e o conceito de valorização do RMB está gradualmente desaparecendo, assim, o dinheiro quente que flui para a China diminui.”
O economista chinês Deng disse que a acusação de antimonopólio é apenas uma tática, um método usado pelo governo para intervir na economia. Enquanto isso o governo tenta fazer algo pela economia chinesa e aproveita para desviar o foco da crise doméstica.
Em abril, quando o foco do público chinês estava na investigação anticorrupção do ex-vice-chefe de logística do exército Gu Junshan, a fabricante de medicamentos alemã GSK e outras empresas estrangeiras foram investigadas com grande alvoroço na China.
Em seguida, uma investigação antimonopólio em empresas estrangeiras foi realizada quando os casos de corrupção de Xu Caihou, o vice-presidente da comissão militar, e de Zhou Yongkang, o ex-chefe do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos, estavam prestes a ser anunciados.
Fuga de negócios estrangeiros
Várias empresas estrangeiras já deixaram a China nos últimos anos, como o Google, Yahoo, Best Buy e Media Markt. O produtor de cosméticos americano Revlon anunciou sua saída da China e demitiu 1.100 trabalhadores. Em janeiro, a empresa de cosméticos francesa L’Oreal decidiu retirar seus produtos Garnier da China.
As empresas estrangeiras que permanecem na China estão resistindo o quanto podem. A IBM disse que seus lucros caíram 23% no último trimestre de 2013. O grupo francês de bebidas alcoólicas Remy Cointreau informou que nos três primeiros trimestres do ano passado, as vendas de Remy Martin caíram mais de 30%.
A mídia estatal Xinhua informou que cinco anos atrás quando empresários norte-americanos enfrentavam a questão de onde estabelecer uma empresa, nove entre dez CEOs escolheriam a China. Se confrontados com a mesma questão agora, cinco provavelmente escolheriam os EUA. Nos últimos 10 anos, cerca de 200 empresas americanas retornaram suas fábricas para casa, disse a reportagem.