O combate político continua a perturbar o Partido Comunista Chinês (PCC), com anúncios amplamente divulgados de que o oficial chefe da segurança doméstica está agora sob investigação, e que um ensaio escrito por seu adversário, o Primeiro-Ministro Wen Jiabao, foi censurado antes de ser publicado.
Zhou Yongkang, o czar da segurança da China, poderia “enfrentar um acerto de contas” no escândalo que viajou de Chongqing até o sudoeste em Pequim, de acordo com a Associated Press (AP). A tentativa de deserção no início de fevereiro de Wang Lijun, ex-chefe da polícia de Chongqing, desencadeou uma purgação que se estendeu as cercanias do chefe de Wang, Bo Xilai, o controverso chefe neo-maoista da cidade de Chongqing, e a mulher de Bo, Gu Kailai. Agora, parece ter atingido o poderoso Zhou Yongkang.
A AP reportou em 19 de abril que, de acordo com a mídia chinesa no estrangeiro Boxun.com, Zhou estava sob “alguma forma de investigação sigilosa pelo órgão disciplinar do Partido”. O Epoch Times informou que Zhou estava sob investigação em 16 de abril, citando o jornal coreano Chosun Ilbo e fontes em Pequim que eram do mesmo entendimento.
Supõe-se que Zhou tenha feito “lamentosas autocríticas” à atual liderança por suas transgressões. A AP citou o administrador do Boxun, Watson Meng, dizendo que a forma como Zhou será tratado dependerá de sua atitude.
As razões para a liderança visarem o poderoso chefe de todas as forças policiais da China não são dadas a título definitivo. Zhou era um defensor conhecido de Bo Xilai, e, segundo informações, foi também o único membro do Comitê Permanente a discordar numa reunião secreta sobre a expulsão de Bo.
Zhou estar sendo investigado sugere uma possibilidade mais grave: ele pode ter se envolvido numa tentativa de golpe com Bo Xilai contra a liderança, um rumor que surgiu em março e nunca foi refutado.
De acordo com Zhang Tianliang, um comentarista político proeminente que também escreve uma coluna no Epoch Times, o mais profundo tumulto dentro do PCC diz respeito à perseguição à prática espiritual do Falun Gong.
Zhou Yongkang foi promovido por Jiang Zemin, o ex-líder do PCC, a fim de realizar a campanha brutal contra o Falun Gong. Se Zhou for derrubado, isso significaria não apenas o fim de sua carreira, mas ele também poderia enfrentar um processo criminal por crimes contra a humanidade.
Jiang é o patrono político tanto de Zhou e Bo Xilai. Todos os três são autores principais na perseguição, que levou à detenção arbitrária de centenas de milhares de inocentes chineses, e à tortura e morte violenta de dezenas de milhares. Supostamente, o Presidente Hu Jintao e Wen Jiabao têm reservas quanto à ideia da perseguição que já dura 13 anos, sendo que este último ainda teria pedido pela reparação das vítimas.
Concomitante com a notícia sobre Zhou, o Boxun também publicou um artigo do mesmo escritor destacando a alegada censura de um artigo recente escrito por Wen Jiabao.
Wen havia publicado no jornal ideológico “Buscando a Verdade” do PCC um texto sobre “a luz do sol” iluminando os instrumentos do poder na China, uma referência à transparência do governo. Nele, ele argumentou que muito mais informação do governo deveria ser disponibilizada ao público. Numa parte que teria sido censurada, ele atribuiu a proliferação de boatos online à falta de abertura do regime.
Isso teria sido um ataque velado à liderança linha-dura de Zhou Yongkang, que lançou campanhas destinadas a prevenir rumores “nocivos”. Observadores da China compreendem tais esforços como tentativas de afirmar o controle do PCC sobre o discurso online.
Estas críticas foram removidas do artigo antes de ser publicado, alega o Boxun. O autor do artigo usa o pseudônimo de Qiao Fu, o mesmo nome que está ligado a muitas das histórias e rumores provenientes de informantes publicados no Boxun, muitos dos quais se provaram mais tarde precisos.
O conflito em curso indica que nenhuma facção no Partido ganhou ainda a supremacia. Os dois lados têm representado a batalha pelo futuro da China: o regime comunista linha-dura ou o caminho da reforma político-econômica, favorecendo a liberdade civil do povo chinês, e provavelmente precipitando o fim do PCC.
Incursões contra Zhou aparentemente continuam a ser feitas. Hoje é possível, por exemplo, pesquisar notícias sobre o filho de Zhou Yongkang, Zhou Bin, no Baidu, o website de busca mais usado na China. Materiais prejudiciais sobre a progênie da elite do Partido geralmente são cuidadosamente censuradas na China.
Mas numa pesquisa em 19 de abril sobre o filho de Zhou, os primeiros resultados direcionavam a um artigo que alegava que Zhou Bin recebeu 20 milhões de yuanes (3,1 milhões de dólares) de suborno para liberar o maior chefe do crime na província de Gansu. O “chefe do crime”, que não foi nomeado, foi acusado de assassinar pessoas e ter se envolvido no tráfico de órgãos.
Com a pesquisa de Olivia Li, Ariel Tian e Angela Wang.