Investigação de corrupção leva alto oficial da Marinha chinesa a se suicidar

22/11/2014 15:31 Atualizado: 23/11/2014 01:27

Um oficial de alta patente da Marinha chinesa cometeu suicídio na semana passada, o mais recente de três oficiais militares de alto escalão a se suicidarem desde setembro. Observadores suspeitam que as mortes estejam associadas às investigações anticorrupção dos líderes militares que têm laços estreitos com o ex-líder chinês Jiang Zemin.

Ma Faxiang era vice-comissário político da Marinha do Exército da Libertação Popular – o sexto na hierarquia naval chinesa.

Rumores de seu suicídio começaram a circular na internet chinesa em 17 de novembro. Em seguida, uma postagem foi feita num grupo de notícias do aplicativo WeChat, fornecendo detalhes de que Ma pulou do 15º andar de um edifício da Marinha em Pequim.

Nesse mesmo dia, o Diário da Manhã do Sul da China, um jornal de Hong Kong, citou um ex-oficial naval anônimo que confirmou o suicídio e disse que o fato ocorreu em 13 de novembro.

A postagem do WeChat disse que o suicídio de Ma foi provavelmente devido à depressão. O oficial anônimo disse que a morte de Ma era um escândalo bem conhecido, mas ninguém estava autorizado a discutir o motivo de sua morte. Nem a mídia chinesa do continente nem as autoridades chinesas têm respondido às alegações do suicídio de Ma.

A última aparição pública de Ma foi no final de outubro. O Diário do Exército da Libertação informou que, em 22 de outubro, na cidade portuária de Zhoushan, na província de Zhejiang, Nordeste da China, Ma recebeu os marinheiros que retornaram da missão de resgate do avião MH370 da Companhia Aérea da Malásia.

Na época em que o líder chinês Xi Jinping visitou a Austrália para a reunião do G-20, oito oficiais de alto escalão foram demitidos devido à campanha anticorrupção em curso, segundo uma fonte interna citada pelo Boxun, um website chinês de notícias sediado nos EUA. Um dos oito era Ma.

De acordo com reportagens do Boxun e de dois jornais de Hong Kong que são conhecidos por sua proximidade com o regime chinês, Ma foi convocado pelo Comitê Militar Central (CMC) para investigação pouco antes de sua morte.

De acordo com a fonte do Boxun, a demissão desses oficiais militares está vinculada aos casos de corrupção dos ex-vice-presidentes do CMC, Xu Caihou e Guo Boxiong. Xu foi expulso do PCC em junho deste ano e está atualmente sob investigação.

De acordo com um anúncio oficial, Guo Boxiong também está sob investigação e seria suspeito de receber suborno.

O comentarista político Tang Jingyuan disse à Rádio Som da Esperança (SOH), sediada nos Estados Unidos, que Ma provavelmente cometeu suicídio para encobrir a corrupção de oficiais nas hierarquias superiores das forças armadas.

“É muito possível que o incidente de Ma esteja relacionado com Guo Boxiong. Se ele está envolvido no caso de Xu, ele não deveria ter cometido suicídio, porque Xu já é um ‘tigre morto’. Mas enfrentando investigação, o suicídio [de Ma] é mais provável que proteja algum grande tigre que não foi preso.” ‘Tiger’ é um jargão utilizado para se referir a um funcionário de alto escalão que é alvo de escândalos de corrupção, o termo foi tirado de um discurso de Xi Jinping de janeiro de 2013.

Ambos Guo e Xu são aliados próximos do ex-líder chinês Jiang Zemin, que promoveu suas nomeações para o CMC. A campanha anticorrupção tem atacado principalmente os aliados de Jiang, para eliminar o poder da facção deste, segundo Tang.

“Podemos ver que a maioria dos funcionários demitidos ou que são alvo de investigação são membros principais da facção de Jiang… Xi deve estabilizar completamente [seu poder sobre] os militares, então uma [repressão] desse tipo é uma coisa certa”, disse Tang.

A investigação anticorrupção tem atingido profundamente todas as regiões e departamentos militares. Desde que as investigações nas forças armadas começaram, houve pelo menos dois outros suicídios militares de destaque além de Ma, segundo o Boxun.

O contra-almirante Jiang Zhonghua saltou de um hotel em Zhoushan, na província de Zhejiang, em 2 de setembro. O major-general Song Yuwen da Região Militar de Jilin enforcou pouco depois de ele começar a ser investigado e antes de 15 de novembro.