Investidores chineses protestam enquanto indústria de empréstimo entra em colapso

24/01/2015 11:54 Atualizado: 24/01/2015 11:54

Empresas privadas de empréstimo na China têm ido à falência uma após a outra. Essas falências têm gerado protestos em massa dos que perderam suas poupanças ou foram vítimas de fraude. Muitas empresas se aproveitaram das frouxas ou ineficazes regulamentações governamentais para canalizar o dinheiro.

Em 11 de janeiro, milhares de pessoas se reuniram em Xi’an, capital da província de Shaanxi, Oeste da China, para protestar contra suas perdas nas mãos de empresas de crédito. Centenas de policiais, reforçados por dezenas de veículos, foram despachados para monitorá-las.

Maus investimentos e a desaceleração geral da economia chinesa tornaram impossível para muitos receber seus juros ou, em diversos casos, até mesmo recuperar seu investimento inicial, segundo relatos da mídia estatal chinesa.

Frequentemente, administradores, vendo o rumo desastroso dos negócios, fugiram com os fundos que conseguiram abraçar, secando assim os últimos recursos de suas empresas. De cerca de 260 empresas de empréstimos registradas na província de Shaanxi, 60 estão envolvidas em fraude.

Falando com a emissora New Tang Dynasty Television (NTDTV), o sr. Han, que trabalhava para uma empresa privada de empréstimos em Xi’an, disse que muitas empresas atraíram clientes oferecendo altas taxas de juros.

“Há muitas pequenas empresas de investimento que oferecem taxas de juros mensais de 2% [c. 26,8% ao ano]. Depois de receber o dinheiro dos investidores, as empresas investem em outras indústrias. Mas porque essas indústrias também estão quebrando, todos estão definitivamente muito preocupados”, disse Han.

Os manifestantes, em sua maioria pessoas que investiram nesses serviços de empresas agora falidas, têm exibido cartazes com dizeres como “Punição severa para fraude, devolva nosso dinheiro suado” ou “Prenda os administradores foragidos, devolva o dinheiro ao povo”. Eles também têm pedido que às empresas sejam colocadas sob investigação oficial.

Internautas disseram suspeitar que Zhu Yaojiang, o proprietário de várias empresas de crédito, teria acumulado fundos superiores a 500 milhões de yuanes (US$ 80 milhões) por meio de fraude. “Todo o dinheiro secou”, disse Zhu à NTDTV. “Se algo pode ou não ser recuperado será anunciado numa coletiva de imprensa nos próximos dias. Vocês saberão em breve.”

De acordo com reportagens da China continente, dezenas de empresas privadas de crédito em Shaanxi foram incapazes de pagar os juros prometidos e 20 empresas foram à falência, gerando perdas de cerca de 1 bilhão de yuanes.

Sichuan

A crise de crédito em Shaanxi é apenas uma fatia de uma situação vivida amplamente pela China desde o ano passado. De acordo com editoriais anteriores do Epoch Times, a indústria privada chinesa de crédito cresceu bastante em 2013, com mais de 4 mil empresas criadas apenas na província de Sichuan. Em meados de 2014, muitas já decretavam falência e isso só têm acelerado.

Empresas financeiras e de investimento na cidade de Suining, província de Sichuan, não fogem à regra. Segundo relatos, algumas foram à falência, enquanto os administradores de outras salvaram o que puderam e fugiram.

Os clientes que depositaram sua confiança nessas empresas reagiram fortemente. Em 26 de dezembro, uma multidão de investidores descontentes em Suining bloqueou uma ponte e uma via principal do centro da cidade. A polícia prendeu várias pessoas e limpou a área, mas os manifestantes se reagruparam e marcharam em direção à administração do governo local.

A sra. Li, que investiu na Da Ren Financial Consulting Company, era uma dos manifestantes. Ela disse que a empresa estava ignorando seus clientes, o que levou aos protestos. “Nós nos reunimos para bloquear o tráfego nas ruas e nas pontes”, disse a sra. Li a um repórter do Epoch Times. “Queremos que o governo intervenha e medeie [a situação]. Nós investidores estávamos muito emocionados e a polícia prendeu três pessoas. Exigimos que o governo os liberte.”

Duas autoridades da cidade apareceram para dialogar, disse Li. “Fomos ao governo da cidade e os funcionários nos disseram que a Da Ren estava ‘no processo de revisão de seus ativos’ e que devemos esperar por um posicionamento. Mas eles não garantiram nada.”

No mesmo dia, mais de mil moradores de Suining cercaram os escritórios de Da Ren para exigir compensação. “Lá prevaleceu o caos. Todos estavam alarmados e se envolveram em brigas com os funcionários”, disse a sra. Li. De acordo com ela, a situação era “muito problemática”, com as disputas envolvendo outra empresa financeira, a Huishenghang, que deteria cerca de 10 bilhões de yuanes (c. US$ 1,6 bilhões) em investimentos de clientes. “Eu ouvi dizer que o dinheiro foi parar nos Estados Unidos”, disse a sra. Li. “Será muito difícil reavê-lo.”