Um grande número de magnatas e empresas do setor imobiliário da China continental têm comprado propriedades no exterior a um ritmo cada vez mais rápido e Hong Kong tem sido um centro-chave para esses negócios.
Esta fuga de capitais da China continental foi rápida no ano passado. Investidores chineses são muito ativos nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e no mercado europeu, aumentando a imigração por meio da compra de imóveis nos últimos anos.
De acordo com a análise de uma empresa comercial de imóveis, haverá uma saída de capitais no valor de trilhões de yuanes da China com a compra de propriedades no exterior.
De acordo com dados divulgados pela Jones Lang LaSalle, os Estados Unidos se tornaram a primeira escolha da China para investimento imobiliário no exterior. Em 2008, o investimento chinês no setor imobiliário dos EUA foi de apenas US$ 22 milhões, mas em 2012 isso subiu para US$ 1,7 bilhão.
Dados da Jones Lang LaSalle mostram também que até o final do terceiro trimestre do ano passado, os chineses haviam comprado propriedades na Europa num total de quase US$ 2 bilhões. Transações no mercado imobiliário comercial australiano chegaram perto de US$ 500 milhões.
Comprando no exterior por meio de Hong Kong
Como o principal consórcio de financiamento e listagem em bolsa da China continental, Hong Kong se tornou um entreposto intenso nesta onda de compras de bens no exterior.
O analista financeiro Choi Hong-son disse que a maioria do capital da China continental para compras de bens no exterior passa por Hong Kong. Choi disse que é muito conveniente levantar fundos em Hong Kong, pois muitos consórcios do continente estão listados lá.
“É mais difícil fazer isso por si mesmo”, explicou Choi. “É claro que alguns fazem por si próprios, mas é mais fácil por meio de Hong Kong, porque é mais conveniente para a troca de dólares americanos por dólares de HK. O RMB [renminbi ou yuan, a moeda da China continental] é mais difícil.”
“Algumas empresas listadas compram propriedades ou empresas no exterior e usam apenas o financiamento em Hong Kong. Por exemplo, a China Life usou dólares de HK para comprar um prédio caro no Reino Unido”, disse Choi.
Em jornais de Hong Kong, as feiras de promoção de propriedades em larga escala estão em toda parte. Hotéis de luxo no Centro e no Almirantado realizam feiras semanais sobre imóveis no exterior com bebidas e degustação. Os olhos de agentes imobiliários no exterior estão todos focados em Hong Kong, com a esperança de encontrar compradores ricos da China continental e de Hong Kong da maneira mais eficiente e eficaz em termos de custos.
Compradores chineses do continente com dinheiro na mão, responsáveis pela elevação dos preços dos imóveis em Hong Kong, foram deixando Hong Kong em troca do exterior. De acordo com dois agentes imobiliários de Hong Kong, as transações de propriedades no exterior em Hong Kong em 2013 aumentaram quase 50% em relação ao ano anterior, e 20% dessas pessoas são chineses do continente.
De acordo com a Landscope Christie’s International Real Estate, Londres sempre foi a primeira escolha dos investidores de Hong Kong. Londres tem um taxa de imposto de 7% sobre imóveis residenciais de mais de 2 milhões de libras esterlinas, 5% para propriedades entre 1 e 2 milhões de libras, e um máximo de 4% para as demais, que é muito abaixo do imposto atual em Hong Kong.
Em Hong Kong, não há atualmente um aumento evidente na promoção de propriedades com um preço médio de cerca de HK$ 5 milhões (390 mil libras esterlinas), com uma média de 4 a 5 unidades vendidas por transação. Consultas relacionadas também aumentaram.
Antes de 1997, os compradores de Hong Kong eram principalmente pessoas de Hong Kong com direito de residência no Reino Unido, disse Paul Vallone da empresa imobiliária londrina St. Edward, segundo o jornal Ming Pao. Em 2000, cidadãos chineses começaram a investir em propriedades em Londres por meio de Hong Kong.
Este fenômeno durou quase 10 anos. Nos últimos anos, no entanto, mais e mais chineses têm comprado propriedades no Reino Unido diretamente.
Os europeus gostam de comprar propriedades de segunda mão, mas chineses preferem propriedades de primeira mão. A estimativa é que 50% das novas propriedades foram compradas por chineses.
Tommy Lai, diretor do Midland Financial Group, apontou que um grande número de pessoas que imigrou para Hong Kong por razão de investimento agora está emigrando para o exterior.
Esta tendência tem aumentado recentemente, disse Lai, mas a imigração de investimento estrangeiro reforçou recentemente seus critérios. Por isso, muitas pessoas consideram imigrar para Hong Kong primeiramente e só depois se aventurar no exterior.
Especialmente desde que o governo de Hong Kong implementou uma política rigorosa de propriedade, muitos investidores passaram a comprar propriedades no exterior por meio de Hong Kong e então emigrar para o exterior como o próximo passo.
A dra. Hu Yifan da Haitong Internacional disse que muitos clientes têm vindo a Hong Kong para investir planejando imigrar, e ela acredita que a Europa se tornará o ponto focal do investimento para imigração.
Por exemplo, pode-se imigrar para a Espanha com 500 mil euros. O investimento para imigração por meio da compra de propriedade será a tendência, previu Hu.
Protegendo ativos por meio de investimentos no exterior
Choi Hong-son descobriu que 5% dos chineses do continente têm a maioria da riqueza na China, e metade deles quer comprar ativos no exterior. O objetivo, explica Choi, é para segurança.
“Proteger seus ativos é mais importante do que ganhar mais”, disse Choi. “Eles sentem que a segurança no exterior é maior. Depois de fazer dinheiro, eles compram seguridade no exterior. A segurança no continente não é tão boa quanto no exterior. Se algo ocorrer no continente, o dinheiro diminuirá ou até evaporará, por isso os investimentos no exterior são relativamente melhores para eles.”
O especialista financeiro sr. Cheng, especializado em ajudar empresas a serem listadas em bolsas nos Estados Unidos, disse ao Epoch Times que muitos de seus amigos do continente têm ido ao exterior para comprar imóveis em lugares como São Francisco e Chicago. Há duas razões principais para estas escolhas: a educação dos filhos e porque há bairros chineses locais.
“Eles não gostam de comida ocidental; e preferem que haja cozinha chinesa. Portanto, essas cidades são focos de investimento”, disse Cheng.
Ele descreveu os atuais magnatas chineses como “ganhando dinheiro no país e mantendo propriedades no exterior”. Ele disse que, embora haja controle de moeda estrangeira, há muitas maneiras de canalizar a riqueza para fora do país.
Por exemplo: “Você abre uma conta num banco que tem filial no exterior, faz um depósito fixo de US$ 10 milhões e usa esse dinheiro para investir no exterior”, disse Cheng.
Ele acrescentou que o RMB está depreciando internamente enquanto apreciando no exterior, então a compra de bens no exterior é como encontrar um abrigo para o capital.
De acordo com o CBRE Group Inc., a maior empresa comercial de serviços imobiliários do mundo, o povo chinês com grande patrimônio líquido e ativos de investimento atuais de mais de 10 milhões de yuanes pode investir mais de um trilhão de yuanes em mercados imobiliários no exterior no futuro. Isso é cerca de 5% dos ativos de investimento de todos os investidores individuais na China.