Na lápide de Beni Hassan, Egito, 2500 a.C., os homens eram representados com implementos de tapeçaria. A evidência do uso de tapeçarias ou tapetes na antiguidade é visto nos desenhos encontrados nas paredes do antigo palácio de Nínive.
A arte da tapeçaria atingiu seu auge no início do século XVI nas regiões montanhosas do Ocidente, se alastrou pela Turquia, passando pelo Irã e Ásia Central, até a China, onde a lã das ovelhas e o cabelo dos camelos e cabras cresciam longos e finos.
Os primeiros tapetes orientais encontrados datam do início do século XVI, quando uma dinastia persa foi estabelecida onde hoje é o Irã. Foi uma era de prosperidade, e todos os ramos das artes expandiram na região.
Os tapetes daquele tempo são únicos na sutileza do design, cor e qualidade do material. Grandes centros de tecelagem em Kerman, Shushtar, Herat, Hamadan, e Tabriz produziram tapetes para os ricos e exportação.
No museu Museu de Artes Aplicadas de Viena (MAK) na Áustria, existe um fragmento de uma ótima peça de tapete Kerman (catalogado como número 23), um exímio exemplo de tapeçaria. O tapete data da segunda metade do século XVII, possui revestimento de algodão e uma trama de lã e seda.
Ele é incomum por causa do fundo branco. O padrão é típico, possuindo dois “sistemas romboides sobrepostos”. “Próximo à borda há um vaso epônimo, preenchido com traços de flores rosas”, de acordo com o guia do MAK.
Outro exemplo excepcional de um tapete oriental muito antigo no MAK é o número 18, que consiste de fragmentos de um tapete de lã mameluco do Cairo datado de meados do séc. XV.
Apesar de ter sido dilacerado, ainda é possível ver características distintivas dos tapetes mamelucos, como a área sem desenhos ao redor do medalhão central e uma borda estreita preenchida com uma fileira de desenhos. A pouca variedade de adornos e folhas semelhantes a guarda-sóis vistas nos tapetes mamelucos posteriores, indica uma data mais antiga, segundo informações fornecidas pelo museu.
Tapeceiros orientais trabalharam em teares manuais rústicos feitos de dois feixes horizontais nos quais o tecido é esticado. No feixe de baixo, o tapete finalizado está enrolado, enquanto o tecido se desenrola da parte superior.
O fio para a pilha, tradicionalmente girado e tingido à mão, é cortado em pedaços de meio metro e atado sobre os fios do tecido, um tufo de cada vez, de acordo com uma das duas formas estabelecidas de amarrar: o nó de Ghiordes (turco) ou o nó de Senna (persa).
Quando uma fileira de nós é arranjada ao longo da extensão do tear, dois ou mais fios de trama de algodão ou linho são tecidos e batidos no lugar com um pesado batedor ou pente. Os tufos, ou pilha, aparecem apenas na face do tecido, que estando concluída, é cortada para adquirir uma suavidade perfeita.
Hoje em dia, a qualidade do tapete depende do seu estado de conservação, a qualidade dos materiais utilizados (alguns tapetes foram feitos de seda entrelaçada com fios de ouro), o número de nós por centímetro quadrado de superfície, e dependendo se foi envelhecido com produtos químicos (que diminui o valor). O número de nós varia de 40 a 1.000 ou mais.
Existem seis tipos principais de tapete oriental, no entanto, aprender seus nomes é menos importante do que aprender a apreciar sua beleza:
• Persa, com cores profundas, ricas e intrincados padrões;
• Turco, com tons mais brilhantes e imagens convencionais, como o número 5 no MAK, um tapete de nicho duplo ou de oração, com nuvens estilizadas;
• Caucasiano, com desenhos ingênuos e aparência primitiva;
• Turcomenistão, também com desenhos ingênuos e aparência primitiva;
• Chinês, rico em ornamentos simbólicos;
• Indiano, cujas variedades do norte seguem o padrão persa e os do sul usam mais padrões mouros.
O texto abaixo foi retirado de uma inscrição de um belo tapete Kerman, que pode ter adornado o harém de um Khan da Pérsia:
“Quão alegre e confuso cantou o rouxinol para a rosa, saúdo a ti, nesta manhã brilhante. Seja misericordioso e olhe para baixo da [sua] varanda para deliciar meus olhos ansiosos, pois tu somente és meu conforto e refúgio.”
Eu me apaixonei pelos tapetes persas muito antes de ter visitado o Irã e visto a coleção de tapetes no salão de baile do Palácio Golestan em Teerã. Mas agora, já que uma visita a essa parte do mundo está se tornando mais perigosa, o MAK de Viena, dá aos colecionadores de plantão, uma perspectiva maravilhosa sobre os tapetes orientais.
Susan Hallett é uma escritora premiada e editora que escreveu para o The Beaver, The Globe and Mail, e Doctor’s Review, entre muitas outras publicações. Ela pode ser contatada em: hallett_susan@hotmail.com