Uma introdução aos cinco elementos

08/11/2014 01:00 Atualizado: 07/11/2014 00:34

De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa (MTC), o corpo humano é uma parte natural do universo e partilha as características da natureza.

Os quatro maiores pares de meridianos (canais de energia) partilham a natureza e energia dos cinco elementos da natureza. O meridiano do fígado partilha a natureza da madeira e do vento; o meridiano do coração a natureza do calor e do fogo; o meridiano do baço tem afinidade com a terra e a humidade; o meridiano do pulmão com o metal e a secura; e o meridiano do rim com a água e o frio.

Os ciclos ko e sheng explicam a relação de um elemento com outro. O ciclo sheng descreve a relação de geração dos 5 elementos: a madeira pode gerar fogo, o fogo pode contribuir para a terra, a terra pode nutrir o metal, o metal pode ser derretido, a água pode ajudar a madeira a crescer.

As emoções associadas a estes elementos têm a mesma relação de geração (sheng): o sentimento de realização (fígado) pode gerar alegria (fogo); a alegria (coração) promove a autoconfiança (terra); por sua vez, a autoconfiança promove a capacidade empreendedora (metal), que promove a motivação (água); e a motivação pode novamente dar origem a uma sensação de realização.

O ciclo ko descreve a relação de controle ou inibição entre os 5 elementos: água extingue o fogo; o fogo derrete o metal; o metal corta a madeira; a madeira perfura a terra; a terra bloqueia a água.

Do mesmo modo, existe a mesma relação de controle no que diz respeito ao aspecto emocional destes meridianos: o medo (rins, água) pode restringir o entusiasmo (coração, fogo); entusiasmo pode controlar a tristeza (pulmão, metal); a tristeza pode reprimir a raiva (fígado, madeira); a raiva pode sobrepor-se à preocupação (baço, terra); e a preocupação pode sobrepor-se ao medo.

Por exemplo, um paciente que chora pode estar encobrindo um sentimento de raiva subjacente; raiva pode se manifestar como preocupação. O medo pode ser usado para controlar o entusiasmo (excessivo) e a busca por atividades excitantes podem se usadas para evitar a angústia.

O objetivo homeostático do sistema vivo é manter os 5 elementos em equilíbrio. Quando um elemento é excessivo ou deficiente, isso afeta a relação desse elemento com outros elementos.

A energia da madeira, quando em excesso, pode se tornar rebelde ao controle da energia do metal e sobrepujar-se a energia da terra. Quando a energia do fígado está estagnada por raiva excessiva e ressentimento, isso pode causar sintomas no meridiano do pulmão, tal como tosse, sibilo e angústia, que afetam o meridiano do baço, causando sintomas como indigestão, fadiga e preocupação.

Quando um elemento é deficiente, ele pode falhar em sua função de geração e inibição. Por exemplo, se o qi do rim estiver em deficiência, devido a suas relações inerentes ao ciclo shen e ko isso pode causar deficiência no meridiano do fígado, o que pode provocar perturbações de sono, vertigens e depressão e um excesso no meridiano do coração pode causar palpitações, ansiedade e insônia.

Portanto, os sinais clínicos de um meridiano ou elemento em particular podem ser uma manifestação primária desse elemento ou meridiano correspondente ou uma manifestação secundária relacionada com outro meridiano, que ocorre em virtude das relações entre eles. Um praticante experiente de MTC tem meios de averiguar estas questões e determinar se a disfunção é primária ou secundária.

De acordo com a teoria da MTC, os meridianos possuem pontos na superfície do corpo que estão em comunicação constante com o ambiente exterior. Estes pontos na superfície, chamados de pontos de acupuntura podem ser usados para manipular a condição do qi (energia) via meridianos que alcançam o interior do corpo.

Na prática clássica da MTC, o praticante tem de avaliar o qi do paciente e os meridianos envolvidos para decidir uma estratégia de tratamento. Ele ou ela combinará pontos e técnicas manipulativas para restaurar o equilíbrio. Praticantes bem treinados farão o inquérito sistemático de sintomas e examinarão os sinais, incluindo o diagnóstico da língua e do pulso, para elaborar a avaliação.

Em tempos modernos, a acupuntura não é sempre praticada de acordo com o enquadramento teórico da MTC clássica. Alguns utilizam as agulhas com estimulação elétrica para aumentar sua eficácia. Outros desenvolveram protocolos de tratamentos fixos para cada condição que o paciente apresente sem realizarem o diagnóstico do qi e dos meridianos envolvidos.

As inconsistências na abordagem e utilização da acupuntura podem justificar parcialmente as diferenças entre estudos. Quando aplicada de acordo com os princípios da MTC, a acupuntura apoia-se na avaliação energética que depende da experiência clínica do acupuntor (ou do acupunturista) e de sua formação prática e teórica nos fundamentos da MTC.

A diferenciação individualizada dos padrões de energia e a customização da manipulação das agulhas tornam mais difíceis replicar estudos e a padronizar protocolos experimentais.

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O Dr. Yang é psiquiatra e acupunturista, e faz parte da quarta geração de médicos tradicionais chineses. Seu website é taoinstitute.com