O representante especial conjunto da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakhdar Brahimi, disse nesta quarta-feira (28) que apesar das evidências sugerirem que “algum tipo de substância” foi utilizado no incidente que pode ter matado mais de mil pessoas na periferia de Damasco na semana passada, qualquer intervenção militar na Síria deve ter o apoio do Conselho de Segurança da ONU.
Lembrando os acontecimentos “dramáticos” no país nos últimos dias, Brahimi disse em Genebra, na Suíça, que o incidente no dia 21 de agosto em Ghouta, subúrbio de Damasco, “é escandaloso… inaceitável”. O enviado apelou mais uma vez aos sírios e à comunidade internacional para que desenvolvam a vontade política de realmente abordar e procurar uma solução para a crise, acrescentando que o incidente “confirma quão perigosa é a situação na Síria”.
Sobre a possibilidade de uma intervenção externa em resposta à possível utilização de armas químicas, Brahimi ressaltou que “o direito internacional é claro. A ação militar só deverá ser tomada após uma decisão do Conselho de Segurança da ONU”.
Sobre as notícias de que os Estados Unidos estariam prontos para realizar uma intervenção militar nesta quinta-feira (29), o enviado disse que sabe que “o presidente Obama e a administração norte-americana não são conhecidos por serem imprudentes. O que eles vão decidir eu não sei, mas o Conselho de Segurança tem que estar envolvido”. França e Reino Unido também manifestaram apoio à intervenção militar.
O enviado ressaltou que o incidente torna ainda mais urgente a criação de condições para uma segunda Conferência de Genebra – que tentaria alcançar uma solução política por meio de um acordo abrangente entre o Governo e a oposição para a implementação completa do comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012. O documento, que estabeleceu passos-chave em um processo para acabar com a violência, pede pelo estabelecimento de um órgão de transição composto por membros do governo atual, da oposição e de outros grupos, com plenos poderes executivos, como parte dos princípios e diretrizes acordados para a transição política da Síria.
“Conversei com os americanos e com os russos e ambos reafirmaram interesse e comprometimento com a realização de uma segunda Conferência de Genebra”, afirmou Brahimi, acrescentando que “a Síria é sem dúvida a crise mais grave para a comunidade internacional”.
Desde o início do levante contra o presidente Bashar Al-Assad em março de 2011, cerca de 100 mil pessoas foram mortas, quase 2 milhões fugiram para países vizinhos e mais de 4 milhões foram deslocadas internamente. Ao menos 6,8 milhões de sírios necessitam de assistência humanitária urgente.
Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil