Interromper a menstruação: sim ou não?

19/12/2013 11:16 Atualizado: 19/12/2013 11:16

Devido à constante evolução da medicina, hoje as mulheres podem recorrer a diferentes métodos para cuidar de seu organismo. Com relação à menstruação não é diferente e muito se tem discutido sobre a interrupção ou não do ciclo menstrual. Por ser um tema que gera muita polêmica até mesmo entre os médicos, algumas mulheres têm dúvidas se devem aderir ou não, até por desconhecerem as consequências desse processo.

Inicialmente, como para qualquer medicação, a primeira pergunta que se deve fazer é: qual o motivo da inibição da menstruação? Uma vez que existem vários métodos e cada qual com sua indicação de início e fim de tratamento, dose recomendada e perfil adequado, de acordo com idade, peso e doenças crônicas. É o que explica o Dr. Gilberto Nagahama, Ginecologista do Hospital San Paolo – centro hospitalar de média complexidade localizado na zona norte de São Paulo – “para cada paciente há um método mais eficaz. Tudo em medicina é uma questão de risco x beneficio, e isso só o seu médico poderá avaliar. Aquilo que serve pra você, pode não servir pra outra e, pior ainda, às vezes causar um dano desnecessário”.

Livrar-se da famosa tensão pré-menstrual – TPM é um dos principais motivos que levam as mulheres a pensarem em interromper o fluxo. “De fato, a grande maioria dos métodos que inibem a menstruação pode acabar com a TPM pelo menos temporariamente. Já a TPM grave, aquela do tipo incapacitante, precisa de uma abordagem às vezes multidisciplinar e associação com outros métodos”. Além disso, reforça o médico, “quando bem indicada, a inibição da menstruação trará os benefícios que objetivaram o tratamento da paciente. Como, por exemplo, pacientes com anemias graves devido a fluxos menstruais excessivos, com certeza se beneficiarão com o bloqueio destes fluxos anormais”.

Já com relação à infertilidade, Dr. Nagahama explica que quando bem indicados pelo ginecologista, a ingestão ininterrupta de anticoncepcionais e injeções hormonais, o DIU (dispositivo intrauterino) e implantes subdérmicos, podem ser métodos eficazes de se interromper a menstruação. “Estes métodos anticoncepcionais hormonais são reversíveis. Uma vez que a medicação está parada, o corpo volta a sua função normal, por isso, não existe risco para a fertilidade. O fator de confusão que existe é que muitas mulheres começam a tomar anticoncepcional sem necessariamente saber se realmente são férteis. A paciente toma por anos anticoncepcionais e um dia resolve engravidar, não conseguindo, atribui ao uso prolongado do medicamento, mas na verdade não sabia se mesmo sem o uso dele poderia realmente engravidar”.

O bloqueio da menstruação não é um aprisionamento do sangue menstrual dentro do útero e sim uma supressão na camada interna do útero chamada endométrio que é responsável pela menstruação. Ou seja, todos os processos que são estimulados com o ciclo hormonal natural podem ser beneficiados com a sua inibição, como a endometriose, miomas e cistos ovarianos. Lembrando que isso sempre deve ter o parecer do seu médico ginecologista, pois tais tratamentos merecem um acompanhamento às vezes prolongado para avaliar melhor a sua eficácia.