“Interceptação” de peticionários na China intensifica antes do Congresso Nacional

23/08/2012 14:39 Atualizado: 23/08/2012 17:43
Wang Yan, uma peticionário de Hong Kong, fala numa conferência de imprensa em 3 de agosto. Ela e outros dois tiveram entrada recusada na estação Ferroviária Oeste de Pequim na última sexta-feira. (Liang Lusi/The Epoch Times)

No início deste mês, depois de saber que a administração chinesa da cidade de Jingzhou tentou demolir a casa de sua família, Yang Xuecui chegou ao fundo do poço. Ela já lidava com as consequências de uma alegação de negligência médica que provocou a hospitalização de sua mãe, ainda internada, e estava sem opções.

“Eu me senti tão injustiçada”, disse Yang Xuecui à Voz da América. “Minha casa estava prestes a ser demolida, meu filho foi ferido, minha mãe foi espancada e ainda está no hospital. Eu me senti tão impotente. Quando tentei apelar, não havia ninguém a quem eu pudesse recorrer.”

De acordo com a Serviço Tianwang de Direitos Humanos da China (64Tianwang), por desespero, Yang Xuecui se posicionou na frente de Zhongnanhai, a sede central do Partido Comunista Chinês (PCC) em Pequim, e começou a cortar o pulso com uma lâmina numa tentativa se suicidar. A polícia que patrulhava a área a interrompeu.

De acordo com uma carta enviada por Yang Xuecui ao blogue 64Tianwang, ela começou a apelar após um incidente de negligência médica envolvendo seu filho de 13 anos de idade em fevereiro de 2010. Yang Xuecui diz que o hospital falsificou o caso para evitar responsabilidade. Em janeiro de 2011, depois de apelar a diversas agências estatais, ela disse que um médico contratou bandidos para espancarem sua mãe, que tinha mais de 70 anos na época. Yang Xuecui tem provas de vídeo do espancamento. Sua mãe teve ossos fraturados e permanece hospitalizada.

A história de tentativas fracassadas de Yang Xuecui apelando às autoridades do regime comunista chinês não é incomum na China. Em 17 de agosto, peticionários de Hong Kong, Wang Yan e outros dois, tiveram entrada recusada na estação Ferroviária Oeste de Pequim, onde foram informados que estavam numa lista de “pessoas indesejáveis”. Eles foram retornados à força a Hong Kong.

O número de peticionários desaparecidos em Pequim tem aumentado enquanto o 18º Congresso Nacional do PCC se aproxima, segundo 64Tianwang. Alguns autoproclamados “ativistas de direitos humanos”, “jornalistas”, “representantes do Congresso Nacional” e “professores” pediram aos peticionários seus materiais de petição e informações pessoais, incluindo endereços e informações de contato.

Ansiosos por obterem ajuda, os peticionários geralmente satisfazem tais pedidos sem hesitação e desaparecem poucos dias após esses encontros. O salário médio anual dos interceptores de peticionários aumentou de 50 mil yuanes (7.864 dólares) para 60-70 mil yuanes (9.430 a 11 mil dólares).

Apesar dos esforços dos interceptores de peticionários a serviço do regime chinês, as organizações responsáveis pelas cartas e chamadas em Pequim ainda enfrentam multidões de cidadãos marginalizados.

Huang Qi, o encarregado do 64Tianwang, disse à Voz da América, “O número de peticionários em Pequim teria aumentado várias vezes desde o 17º Congresso Nacional. É uma estimativa feita por peticionários veteranos com base em suas experiências e observações e o número inclui pedidos a departamentos como o Congresso Nacional Popular, o Departamento de Cartas e Visitas do Conselho de Estado e a Comissão Central de Inspeção Disciplinar.”

Ele acrescentou que as práticas tradicionais das autoridades chinesas contra peticionários ainda se concentram em mantê-los em suas áreas locais. As autoridades locais tendem a tomar medidas duras para reprimir peticionários locais, para impedi-los de apelarem a autoridades superiores. O último incidente aconteceu em Chengdu, província de Sichuan, em 18 de agosto, quando o representante Chen Shiying da vila de Dujiangyan foi espancado na cabeça e deixado sangrado pelas forças de segurança.