Em 24/08/2003, Raul Reyes, então número dois das Forças Revolucionárias Colombianas (FARC), concedeu entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Na entrevista, afirma que presidiu reuniões do Foro de São Paulo ao lado do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e que mantinha contato com este há muitos anos (contato esse que foi temporariamente paralisado quando Lula ganhou as eleições em 2002, mas que em 2003 Reyes e as FARC já retomavam).
Uma parte muito “interessante” da entrevista é quando o jornalista Fabiano Maissonave pergunta: “Fora do governo, quais são os contatos das FARC no Brasil?” e Reyes afirma que as FARC têm contatos com governos, distintas forças políticas, partidos e movimentos sociais. Inclusive cita o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e conta que durante seu governo as FARC tinham uma delegação no Brasil. Nesse momento dois ex-presidentes (um acabara de assumir à época) têm seus nomes citados por Reyes, sendo Lula aquele com a relação mais próxima, segundo o próprio guerrilheiro.
A entrevista continua e o jornalista pede para que o guerrilheiro cite os mais importantes (contatos). Eis a resposta: “Bem, o PT, e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas…”.
Há “forças” dentro do PT, ligadas intimamente ao partido e que se completam. Os sem-teto, o MST e a CUT são forças para manipulação das massas, mas quem legitima tais movimentos? A resposta está dada: estudantes, “intelectuais”, sacerdotes, historiadores e jornalistas, ou seja, a intelligentzia ligada ao PT.
Maissonave pergunta: “ Quais intelectuais?”. Reyes imediatamente dá dois nomes e completa com “e muitos outros”. Quais são esses dois nomes? O sociólogo Emir Sader e Frei Betto (que na época era assessor especial de Lula). E quem são esses “muitos outros”? Poderíamos incluir Marilena Chauí? Jornalistas ligados a veículos como a Carta Capital (de Mino Carta)? “Jornalistas” como Miriam Leitão e Suzana Singer (ombudsman da Folha de São Paulo)? Pseudo-Filósofos como Paulo Ghiraldelli Jr? Bem, não posso afirmar o envolvimento de nenhum destes que não foram citados por Reyes, mas também não posso descartá-los como possíveis integrantes dos “muitos outros”.
Também na entrevista, Reyes nega a ligação das FARC com o narcotráfico e diz que “apenas cobramos impostos”. Cobram impostos dos narcotraficantes em troca de proteção aos negócios (principalmente proteção contra as FARC) e não há envolvimento? Quando questionado sobre a ligação das FARC com Fernandinho Beira-Mar, diz que desconhece esse envolvimento. Ora, não nega que haja, mas afirma que desconhece. Só o que afirma é que a “cocaína é um veneno”. Não me diga! Ainda diz que a Colômbia tem diversos Departamentos (Estados) com presença das FARC e que, por isso, seria fácil encontrar Beira-Mar e qualquer outro em um território da organização. De novo, não nega, nem confirma.
Contudo, a “Operação Gato Negro” encontrou Beira-Mar em território protegido pelas FARC, dentro da selva no sudeste da Colômbia. As forças colombianas encontraram o narcotraficante brasileiro em 2001. Após o incidente, um desertor das FARC e ex-tesoureiro da organização, Tomás Molina Caracas (o “Negro Acácio”) disse à TV Caracol que foi enfermeiro de Beira-Mar quando este foi ferido na selva durante a Operação Gato Negro. Também afirmou haver estreitos laços entre Beira-Mar e as FARC.
Em abril de 2001, a Revista Istoé publicou um documento apreendido com Beira-Mar que comprova a ligação deste com as FARC. Inclusive, mostra como operavam. O narcotraficante trocava armas por toneladas de cocaína das FARC. E Reyes afirmou em 2004 não haver relação alguma das FARC com o narcotráfico. Ainda acusou o presidente colombiano, na época Álvaro Uribe, de caluniar e difamar a organização, obrigando as autoridades a falarem o que ele quisesse.
Ainda na relação das FARC com a inteligentzia brasileira. Emir Sader e Frei Betto produzem, com apoio das FARC, do PT e de Lula, a revista America Libre. Na revista, defendem seus interesses e sua ideologia, o comunismo. Também atacam instituições diversas como o Exército brasileiro, o governo da Colômbia (mesmo o atual mantendo supostos diálogos pela paz com as FARC), os Estados Unidos e tantos outros que não corroboram com seus planos, arquitetados desde a fundação em 1990 do Foro de São Paulo, presidido por Lula e Reyes.
Até 2004, o então chefe de gabinete de Lula e hoje ministro-chefe da Secretaria Geral, da presidente Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho, aparecia no Conselho Editorial da America Libre, ao lado do fundador e ex-comandante (número 1) das FARC, Manuel Marulanda Velez (conhecido também como “Tiro Fijo”) e também do ex-deputado e advogado dos mensaleiros presos, Luiz Eduardo Greenhalg (que defende controlar a criminalidade através do desarmamento do cidadão honesto e ordeiro que deseja se defender).
Fica clara a existência de uma relação íntima das FARC com o Foro de São Paulo, Lula, o PT, a intelligentzia brasileira, movimentos que se dizem sociais (mas que pretendem semear o caos e fomentar um luta de classes visando à implantação do socialismo no Brasil) e governos de outros países. E disso falarei com mais propriedade em artigo futuro.
Os falsos intelectuais brasileiros compactuam com uma organização narcoterrorista e participam da instituição mais poderosa para implantação do socialismo: o Foro de São Paulo, que demorou quase 15 anos para aparecer na grande mídia. Mas se perguntarmos qualquer coisa a Lula sobre essa relação, a resposta será a mesma dada quando questionado sobre o Mensalão. Não é porque um ex-presidente diz não saber de nada, quando os fatos mostram que sabe muito, que devemos seguir a mesma linha e fingirmo-nos de cegos, surdos e mudos.
Roberto Lacerda Barricelli é Assessor de Imprensa do Instituto Liberal,autor de blogs, jornalista, poeta e escritor. Paulistano, assumidamente Liberal, é voluntário na resistência às doutrinas coletivistas e autoritárias
Esse conteúdo foi originalmente publicado no site do Instituto Liberal