O grupo terrorista Estado Islâmico (também conhecido por ISIS) continua sua luta cruel por impor sua religião ao resto do mundo. Mesmo que o ISIS esmague direitos humanos, direitos das mulheres, liberdade religiosa e outros, há líderes mundiais que relutam em condenar publicamente sua empreitada de terror. Contudo, existem pessoas em todo o planeta que não só se indignam, mas de alguma forma tem agido de forma prática para auxiliar comunidades a se defender da crueldade do ISIS.
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Ele nunca havia pego em armas, ele nunca teve qualquer experiência militar. Mas ainda assim conseguiu se unir a um batalhão especializado na longínqua Turquia, o YPG, que tem se empenhado em defender comunidades fronteiriças contra o ISIS. Com 49 anos de idade, ele trocou seu trabalho como instrutor de surf na deslumbrante Zancudo, Costa Rica, para se alistar na linha de frente na guerra contra o grupo terrorista.
O voluntário declarou que: “Quando o ISIS estava atacando os Yazidis e eles fugiram para a montanha, a cobertura feita por um helicóptero iraquiano com um jornalista ocidental foi a gota de água.
“O cinegrafista filmou uma mãe segurando seu filho de 10 ou 11 anos de idade. Ele parecia que estava vestido para a escola … Ela estava chorando, segurando-o. Ele estava olhando para a câmera e aquele olhar de puro terror em seus olhos me sobrecarregando com emoções que eu nunca senti antes”.
Ele conta que as imagens o comoveram profundamente. “Eu sabia que tinha que vir, e nunca houve qualquer dúvida”
Para Parker foi um momento de mudança de vida e em pouco tempo ele tomou a decisão de deixar para trás sua família e amigos para ir e lutar.
Depois de viajar via Istambul ele chegou na região do Curdistão do Iraque em 28 de outubro. Assim que saiu de casa, Parker não informou o que ia fazer, somente depois de chegar no destino é que ele postou um comunicado em sua página no Facebook, era 2 de novembro.
Apesar de sua decisão aparentemente desconcertante, muitos amigos e familiares manifestaram apoio à escolha nas redes sociais, onde ele postou uma série de fotos de si mesmo disparando um AK.
“Eu não sei como te dizer como é bom vê-lo tão forte e saudável”, escreveu um amigo. “A sua determinação de fazer a diferença apenas mostra o seu coração e qualidades. Sua família e amigos estão muito orgulhosos de você.”, diz outro.
O Estado Islâmico desenvolveu uma reputação temível, dentro e fora do campo de batalha, especialmente ao lidar com estrangeiros. Todo o mundo já viu as terríveis imagens de estrangeiros tendo suas cabeças cortadas. Alguns deles eram membros de grupos de ajuda humanitária. E isso acaba servindo como arma de dissuasão para muitos que poderiam se engajar na luta contra o perigoso grupo terrorista.
Enquanto a Turquia e demais nações demoram a tomar uma posição contra o ISIS, a sociedade de forma independente tem se organizado. O grupo em que Parker se alistou, a Unidade Curda de Proteção Popular – YPG, tem como lema: “É melhor viver um dia como um leão do que mil dias como uma ovelha.”
Eles são os combatentes estrangeiros que viajaram para a Síria, não para a Jihad islâmica, como fazem muitos jovens fascinados pelo islamismo radical, mas para se juntar ao grande número de curdos que estão defendendo suas comunidades contra o avanço cruel do ISIS. Os curdos empreendem verdadeira revolução democrática na região da fronteira turca. Destaca-se nas ações a constante presença de mulheres, o que gera certo repúdio por parte de islamitas da região. No YPG há forte presença de mulheres combatentes.
A presença das mulheres na luta pela proteção das comunidades curdas tem chamado a atenção da comunidade mundial. Mas, infelizmente e inexplicavelmente, isso não é mencionado aqui no Brasil.
Muitos dos voluntários tem formação militar, o que é desejável. É o caso de James Hughes, um ex-soldado de infantaria britânica com três missões no Afeganistão, ele juntou-se ao YPG para lutar contra os islamitas depois de acessar o site na internet. Ha informações de que no YPG existem também alguns ex-membros de forças especiais do Canadá. Contudo, não é indispensável que os voluntários tenham qualquer experiência militar. Duas comunidades de motociclistas, uma alemã e outra holandesa, enviaram alguns de seus membros para lutar ao lado dos curdos.
Não há ainda notícias de que haja algum brasileiro combatendo no YPG.
O grupo “Leões” tem realizado um interessante contraponto: agora há jovens ocidentais que viajam com destino ao oriente para se contrapor à Jihad islâmica e suas técnicas cruéis que destroem a vida de sociedades inteiras em sua obsessão de implantar seu estado religioso autoritário.
Ao contrário do que acontece com estrangeiros que se alistam no ISIS, grupo considerado terrorista, algumas nações, ainda que desencoragem a ida para a Turquia para alistamento no YPG, ja avisaram que não devem processar ninguém por essa atitude.
A luta é extremamente desigual. O Exército do Estado Islâmico dispõe de armamento pesado – inclusive blindados – e os curdos e voluntários do YPG não. Inclusive só dispõem de armas antiquadas como fuzis Ak-47, e não têm armas antitanque. Contudo, o grupo já conseguiu vitórias e recentemente divulgou que tem conquistado terreno em Kobani, cidade atualmente cobiçada pelo ISIS. Alguns combatentes do YPG foram capturados e martirizados pelo ISIS.
O grupo “Leões” tem uma página no Facebook. A comunidade é operada por um ex-militar norte-americano, Jordan Matson, que tem chamado abertamente voluntários de qualquer lugar do mundo para viajar e se juntar à luta. Na página no Facebook percebe-se várias mensagens de jovens desejando ser recrutados para a empreitada, que consideram humanitária.