Instabilidade do autoritário regime chinês

16/09/2012 09:50 Atualizado: 16/09/2012 09:50
Um chinês anda de bicicleta em frente à Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em junho de 2012. (Feng Li/Getty Images)

Acontecimentos recentes obrigam a reconhecer que o Partido Comunista Chinês (PCC) está num estado extremamente instável.

Desde que Wang Lijun, o ex-chefe da polícia de Chongqing, fugiu para o consulado dos EUA em fevereiro, a situação política da China antes do 18º Congresso Nacional se tornou gradualmente mais turbulenta enquanto dramas inesperados vêm à cena.

Num regime ditatorial, preservar um estado de estabilidade superficial parece fácil. Os regimes de Hitler e Kadhafi no passado e na Coreia do Norte no presente servem como bons exemplos. Kadhafi não tinha nem uma Constituição nem leis para se manter 40 anos no poder, apenas sua ditadura. A Coreia do Norte é tão pobre sob o controle de três gerações da família Kim que o povo está morrendo de fome, mas a ditadura ainda apresenta uma frente de controle de mão de ferro.

O Partido Comunista tem governado a China por 62 anos. Embora o regime tenha chegado a uma situação crítica e tempestuosa, a sociedade parece relativamente imperturbável e as pessoas ainda vivem suas vidas. Qual é a razão por trás dessa aparente estabilidade?

Acredito que, além de o tempo ainda não estar maduro para o colapso inevitável do PCC, sua estabilidade foi mantida através de dois fatores: o poder onipresente absoluto e as mentiras.

O primeiro conta com o poder de todo o Estado para monitorar a sociedade e manter seu funcionamento. O último, em virtude da propaganda baseada em mentiras e constante lavagem cerebral, garante que os cidadãos chineses eventualmente percam sua capacidade de julgar o certo e o errado.

Juntos, o poder desenfreado e as mentiras desempenham três funções essenciais: 1) Sob grande pressão da tirania, as pessoas não se atrevem a falar. 2) O engano e a fraude estão por toda parte. 3) Muitos chineses sofrem da “Síndrome de Estocolmo”, aceitando o opressor como seu benfeitor como forma de autopreservação. Sobre essa base podre, a sociedade está desta forma estabilizada.

Comparadas com a tirania aberta, as mentiras são mais aterrorizante. O fascismo de Hitler e o socialismo de Kadhafi enganaram muitos de seu povo por um longo tempo. A PCC alega “servir o povo” e outras coisas que ainda confundem alguns chineses hoje.

Todos querem estabilidade social, mas a estabilidade de uma ditadura provoca problemas intermináveis. O resultado final de uma ditadura “estável” é o sofrimento do povo.

Mas a estabilidade de uma ditadura é apenas um estado relativo e temporário. Quando a verdadeira natureza do ditador é finalmente exposta, todo o regime se torna instável.

O mantra do PCC de “estabilidade acima de tudo” é um reflexo de sua instabilidade.

A julgar pelas atuais dificuldades políticas, sociais e econômicas, a China está às vésperas de grande mudança política.

Não só o “incidente de Chongqing” envolvendo Bo Xilai e Wang Lijun tem consequências difíceis, a batalha da distribuição de poder em torno do 18º Congresso do PCC se tornou fervilhante. Há rumores de uma tentativa de assassinato contra Xi Jinping, o provável próximo líder chinês. Além disso, há disputas territoriais, conflitos sociais crescentes e confrontos graves e desconfiança entre o povo e as autoridades.

Alguns temem que se o PCC cair isso provocaria grande agitação. Mas, em vista da situação atual da China, eu acredito que isso não ocorrerá. Há três razões principais:

Primeira razão, a instabilidade da China se origina dos próprios problemas internos do PCC e se manifesta como as lutas internas do PCC, ao invés de vir de fatores externos.

Segunda, o próprio povo chinês nunca fez um único movimento desestabilizador. Petições e incidentes de massa são meramente atos populares de autoproteção permitidos pela lei. O PCC perdeu o apoio do povo desde que sua natureza corrupta e ditatorial foi totalmente exposta gerando oposição generalizada do povo. Esta é a maior crise que o PCC enfrenta em 60 anos. Algumas pessoas a têm resumido como “uma crise de legitimidade da autoridade do regime do PCC”.

Terceira, desde a publicação em 2004 dos ‘Nove Comentários sobre o Partido Comunista’, uma série editorial do Epoch Times, tem havido uma onda crescente de cidadãos chineses renunciando ao PCC. Isso pavimentou o caminho para a dissolução pacífica do PCC e criou uma transição para uma sociedade pacífica e democrática. Quando os chineses abandonarem o PCC de seus corações, um período sem o PCC chegará pacificamente.

A evolução após a publicação dos Nove Comentários mostra que mesmo uma ditadura aparentemente tão destemida e poderosa como o PCC pode se tornar impotente diante do movimento pacífico de renúncia. O PCC não respondeu com uma palavra sequer à publicação dos Nove Comentários. Será que ele não quer refutar as acusações? Obviamente não, pois não há nada que possa dizer quando confrontado com os fatos de seus 60 anos de regime de terror.

A desintegração do PCC é uma prioridade para a China neste momento e deve ser baseada na compreensão profunda do povo chinês sobre a verdadeira essência do PCC. A partir desta perspectiva, os esforços do grupo espiritual do Falun Gong de expor o PCC e a perseguição contra eles que já dura 13 anos serão de extraordinária importância para o futuro do povo chinês.

Não importa como o 18º Congresso Nacional do PCC começará ou como o PCC ainda enfatize a manutenção da estabilidade, o colapso do PCC certamente virá em breve.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.