A insolação mais típica é aquela ocorre devido a uma longa exposição ao sol. Seus sinais são normalmente evidentes e os associamos diretamente ao excesso de sol tomado pela pessoa ou por nós mesmos.
Porém, estar exposto ao calor e à secura por longo tempo, mesmo sem estar diretamente debaixo do sol, pode ocasionar igualmente a insolação. Nesse sentido, são os efeitos indiretos do sol – o calor e a secura – que podem provocar o estado de excesso de calor no organismo e seus sintomas associados. Esse é um tipo de insolação sobre a qual não estamos muito conscientes, mas que pode afetar as pessoas, e, especialmente as crianças.
Leia mais:
Como ter um corpo fresco e bem disposto durante o verão?
Afogamento: salvamento e primeiros socorros
Engasgos: saiba o que fazer numa emergência
Mas, como sabemos se tomamos sol demais ou se estivemos tempo demais num clima quente e seco ao ponto de estarmos com insolação? Em princípio, se mesmo com um corpo queimado de sol, com uma temperatura cutânea mais elevada, sede e ardor na pele, estamos bem, sem febre ou mal estar e executamos todas as coisas normalmente, então não estamos insolados.
Por outros lado, e mesmo que não estejamos muito queimados de sol, mas apresentemos calor excessivo, mal estar, febre, pulso acelerado, dor de cabeça, sede intensa, e até enjoo, vômitos ou desmaio, então, é um provável quadro de insolação.
O que fazer?
Se isso ocorrer durante o dia, devemos levar o insolado para um local onde haja frescor e sombra: de preferência, um local coberto, bem arejado e com ar fresco.
Retire o máximo possível de roupas e acessórios da pessoa: chapéu, óculos, lenços, blusa, camiseta, calças, bermuda etc, mas sempre respeitando seu sentido de segurança.
Em todos os casos, seja durante o dia ou à noite (após a volta da praia ou do passeio diurno), precisamos reidratar a pessoa, dando água – ou água de coco, limonada, soro caseiro (em 1 litro de água filtrada coloque 1 colher de chá de sal e 2 colheres de sopa de açúcar) – aos poucos, mas frequentemente, até diminuir ao máximo a sua sede e a desidratação. Caso dê sucos ou similares, dê o menos de bebidas açucaradas possível, pois estas desidratam o organismo. E nunca dê bebidas alcoólicas num caso de insolação, porque o álcool vai elevar a temperatura corporal, podendo levar a pessoa à febre alta e até a convulsões.
Procure borrifar ou molhar com água fresca todo o seu corpo, começando pelas coxas e virilhas, depois os braços e axilas, passando para a parte de cima das costas, depois para os ombros, depois o pescoço, a nuca, até chegar ao rosto e à cabeça. Se possível, deixe a pessoa sem secar, próxima a um ventilador para que uma parte do calor de sua pele deixe o corpo junto com a evaporação da água. Pode-se repetir esse processo o quanto for necessário.
Você pode também molhar uma toalha na água fresca, torcer um pouquinho para tirar o excesso de água, e passar no corpo da pessoa, seguindo a mesma ordem orientada para a borrifação. Pode-se repetir esse processo várias vezes. Pode-se também aplicar várias toalhas molhadas concomitantemente (sem excesso de água nas mesmas), seguindo a mesma ordem de aplicação acima.
Uma ducha fresca também pode ser tomada, mas sempre seguindo as orientações sobre por onde começar a molhar o corpo.
Posteriormente, pode-se usar um creme hidratante ou pomada para queimaduras do sol. Evite os cremes ou pomadas que contenham muitos aromas artificiais e produtos químicos. Busque os que contenham mais elementos naturais benéficos à pele e que ajudem na eliminação do calor e do ardor, como a camomila, a menta, a calendula, o aloe vera (babosa). Normalmente esses são encontrados nas farmácias homeopáticas.
Também pode-se usar na pele o gel da babosa, que se retira da polpa da folha carnuda da babosa; basta cortar as partes laterais e superior das folhas e raspar o gel, colocar numa tigela e amassar bem, até ficar bem mais líquido, e aplicar sobre a pele. A babosa é muito eficaz no combate a queimaduras.
Pode-se fazer chá de calendula+hortelã+camomila (ou com um dos três), deixar ficar fresco (pode-se acelerar o processo, colocando cubos de gelo no chá depois de pronto – mas nunca coloque os cubos de gelo diretamente sobre a pele) e banhar o corpo da pessoa insolada.
Se possível, não dê alimentos sólidos até que a crise de insolação tenha passado: pode-se dar sucos frescos, caldos levemente salgados frescos, iogurte, chás frescos (camomila+hortelã é ótimo).
Caso a pressão arterial tenha baixado (a pessoa pode ter sintomas de fraqueza, lassidão, tontura, desmaio), deite a pessoa num lugar confortável, de barriga para cima e eleve suas pernas acima da altura do corpo (coloque um apoio debaixo das pernas dela, para que você continue com as mãos livres e possa tomar outras medidas, caso sejam necessárias). Caso ela não queira ou não possa deitar, deixe-a sentada, com a cabeça abaixada para frente ao máximo que ela conseguir. Essas duas medidas tendem a elevar um pouco a pressão baixa.
Caso seja você que esteja insolado, chame alguém próximo ou ligue para o socorro médico ou vá diretamente ao pronto-socorro, porque, caso a insolação tenha sido forte, você pode entrar em choque e perder a consciência.
Com as crianças e idosos deve-se prestar mais atenção, para que o tempo de exposição ao sol e/ou ao calor seja menor do que o dos adultos. E quanto à própria insolação, as crianças e idosos são mais sensíveis e mais frágeis do que os adultos, podendo insolar-se mais facilmente e precisarem de socorro mais rápido. Caso idosos ou crianças apresentem insolação, tenha mais cuidado e observe mais acuradamente se está havendo melhora ou piora do quadro, mesmo com as medidas caseiras sendo tomadas. Se a febre aumentar acima de 38,5 ou houver outros sinais preocupantes como convulsões ou desmaios, leve a pessoa imediatamente ao pronto-socorro.
Como evitar a insolação
Ninguém deve ficar por longo tempo sob o sol; especialmente entre às 11 e às 16 horas, o sol e o calor são muito intensos. Por isso, não fique e não deixe as crianças e os idosos expostos por longo tempo ao sol, especialmente nesses horários. Caso fique mais tempo na praia, faça intervalos regulares de descanso à sombra e nesses momentos o ideal é tomar água, água de coco, chás frescos ou sucos frescos, para manter o organismo hidratado.
Evite locais muito abafados e quentes, especialmente se é necessário que se fique por longo tempo.
Dê e tome água ou líquidos com frequência.
Evite alimentos de natureza quente, como frituras, chocolates, amendoim, café, castanhas, bebidas alcoólicas, etc. Prefira as frutas, os sucos e os vegetais frescos.
Quando possível, use chapéu ou boné se tiver que andar ou ficar um longo tempo sob o sol.
Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social
