Ataques recentes arruínam diálogos de paz
Agitação popular não é algo novo em Caxemira, uma região reivindicada pela Índia e o Paquistão, coloquialmente conhecida como “o vale”. Ataques de militantes, patrulhas das forças armadas e protestos têm permeado está terra disputada por um longo tempo.
O jogo transferência de culpa nunca termina e as marcas da violência são tão visíveis como as cadeias de montanhas que cercam a região. Uma juventude amarga cresce imprensada entre a Índia e o Paquistão e acostumada a ver armas por todos os lados.
A cidade de Serinagar, na região da Caxemira, tem desfrutado de pouca tranquilidade nos últimos três anos e foi recentemente perturbada por um ataque suicida à Reserva Central da Polícia Indiana (RCPI) em 13 de março.
Militantes carregando sacos de críquete entraram caminhando num grande campo aberto da RCPI onde policiais fora de serviço e crianças jogavam críquete. Disparando indistintamente e arremessando granadas, eles mataram cinco oficiais da RCPI e feriram oito soldados e quatro civis.
A polícia indiana disse que a organização terrorista muçulmana Lashkar-e-Taiba (LeT) é a responsável. O LeT é baseado no Paquistão, apesar de formado no Afeganistão em 1990. Após o Al-Qaeda, o Let é considerado o grupo terrorista mais perigoso no Sul da Ásia. Índia e Caxemira têm sido suas principais áreas de operação.
No dia do ataque, oficiais da RCPI retornavam de um hospital onde tinham doado sangue para outros agentes feridos quando manifestantes atiraram pedras em seus veículos. Os agentes dispararam contra os manifestantes, matando Altaf Ahmed Wani.
Os moradores questionam a alegação de que veículos da RCPI foram atacados. Eles dizem que não houve protestos na área onde Wani foi morto.
Serinagar permaneceu sob toque de recolher até domingo para evitar mais confrontos nas ruas.
“Eu só tenho um medo”, disse uma assistente social anônima de Serinagar, da ONG Sociedade Educacional Simbiose, ao Epoch Times. “Diferente das gerações anteriores que não viram nada disso, a geração de hoje em Caxemira tem assistido crescente inquietação e se tornou imune à situação. Eles estão prontos para isso e isso é perigoso.”
“Eles são corajosos, ao contrário das gerações anteriores. Se são corajosos em sentido positivo ou negativo, não sabemos”, disse a assistente social.
De maneira geral, o vale de Caxemira desfrutou de relativa paz em 2012. Mas as tensões foram liberadas pela execução de Guru Afzal em fevereiro deste ano.
Guru Afzal, da cidade de Sopore, perto de Serinagar, foi enforcado por seu papel no ataque de 2001 ao parlamento indiano, que matou 13 pessoas. Quando o governo indiano recusou devolver o corpo à família e sepultou-o na Prisão Tihar em Nova Déli, os protestos irromperam no vale.
Kodur Venkatesh, um analista de assuntos estratégicos e ex-superintendente da RCPI, disse, “Pessoalmente, acho que Guru Afzal não deveria ter sido enforcado. Não havia evidência circunstancial contra ele. Após 12 anos na prisão, ele foi executado. Foi a pressão política de vários grupos e a eleição próxima que levaram o governo a fazer isso.”
Venkatesh disse que se Guru Afzal fosse condenado à prisão perpétua, a estabilidade teria permanecido.
Após o enforcamento de Guru Afzal, unidades adicionais das forças armadas e policiais foram posicionadas para manter a lei e a ordem em Caxemira. Muitos policiais e manifestantes foram feridos e alguns morreram nos confrontos. O vale permanece sob toque de recolher periódico.
Enquanto Serinagar estava sob toque de recolher na semana passada, a batalha diplomática entre Índia e Paquistão continuava. Em 14 de março, o Parlamento do Paquistão condenou oficialmente o enforcamento de Guru Afzal. Em 15 de março, a Câmara Baixa do Parlamento indiano aprovou por unanimidade uma resolução contra a condenação do Paquistão.
“Entre a Índia e o Paquistão, a Caxemira está ganhando terreno”, disse a assistente social. “Ninguém quer agitação e ninguém quer ficar em casa sob toque de recolher.”
A violência e o toque de recolher estão afetando a vida diária em Caxemira, incluindo os horários acadêmicos e o turismo.
A região perdeu 60% das reservas turísticas, segundo a mídia local Diário de Caxemira. Agentes de viagens baseados em Caxemira informaram que novas procuras cessaram.
Venkatesh disse que é difícil para Caxemira sair deste ciclo de violência, “Todo incidência de violência é associado a incidentes passados semelhantes. As coisas se complicam porque as respostas não são de concretas e sinceras.”
—
Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.
Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT
Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT