A inspiradora rotina de um grande imperador chinês

08/06/2015 11:18 Atualizado: 08/06/2015 11:18

A última dinastia imperial da China, a Qing, foi fundada com uma invasão repentina. No século 17, os guerreiros da Manchúria, vindos da região fria a nordeste, romperam a Grande Muralha e promoveram o declínio da dinastia Ming.

Nos 250 anos seguintes, esses estrangeiros conseguiram governar centenas de milhões de chineses ao adotar a própria cultura chinesa. Sob seu governo, o território da China aumentou três vezes e o império foi amplamente reverenciado por grandes pensadores do Iluminismo europeu.

Trabalhando cedo pela manhã

O grupo étnico Manchu, que compreende apenas uma pequena porção da massiva população da China, fez um grande esforço para governar de forma eficiente e harmoniosa. Governando a partir da Cidade Proibida, localizada na parte norte de Pequim, capital da China, os imperadores Qing levavam uma vida de minuciosa diligência. Particularmente os três grandes imperadores, Kangxi, Yongzheng e Qianlong, os quais presidiram por um período de 140 anos de prosperidade, são lembrados por sua disciplina e dedicação pessoal.

Às 5 horas da manhã, o imperador levantava para se vestir. Suas vestes eram selecionadas de diversas formas: pelas estações do ano, meses, ocasiões, e até mesmo de acordo com diferentes momentos do dia. Depois disso, ia rezar para Buda. Em seguida, passava a manhã vigorosamente absorvendo as lições, nos registros históricos, deixadas ​​por seus ancestrais. Através da aprendizagem constante, ele aspirava tornar mais eficiente o seu desempenho como governante.

Às 7 da manhã, o imperador terminava seus estudos e ia tomar seu café da manhã. De acordo com o costume Manchu, os monarcas Qing tinham duas grandes refeições por dia, uma de manhã e outra no início da tarde. Dois departamentos tomavam conta da dieta do imperador: o Escritório de Assuntos do Palácio e o Departamento Doméstico Imperial.

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Foco na tomada de decisões  

Os maiores imperadores Qing reuniam a corte cedo da manhã. As reuniões eram rápidas e frequentes. Eram nestes encontros que o governante anunciava a sua política e dava suas ordens. Funcionários representando diferentes órgãos consultivos e agências governamentais iriam apresentar relatórios imperiais, ou memoriais, ao imperador, que seriam lidos no café da manhã. Ele, então, escolhia quais homens atender individualmente a partir de uma lista de oficiais disponíveis apresentada por um eunuco. Depois, orientava a corte, em uma sessão de uma hora e meia.

A reunião era obrigatória apenas em alguns dias do mês lunar, mas os imperadores diligentes realizavam sessões mais frequentes, geralmente começando às 9h30. O imperador Kangxi (1654-1722) via seus oficiais quase que diariamente.

Após as reuniões, o imperador se retirava para seus aposentos no palácio para poder se concentrar nos documentos. A caneta de tinta vermelha, projetada para seu uso exclusivo, era sinal de que faria anotações e comentários nos documentos imperiais. Em dias movimentados, um imperador podia ficar até tarde da noite revendo sua política executiva.

Rotina diária de uma grande imperador chinês (Epoch Times)
Rotina diária de uma grande imperador chinês (Epoch Times)

Prática de Meditação

Desde que o imperador não estivesse muito ocupado com assuntos do Estado, podia passar a tarde lendo ou desfrutando de algum lazer cultural: pintura, poesia ou ópera. Os imperadores dormiam cedo, às 21h, para que pudessem acordar antes do amanhecer no dia seguinte.

A educação e a religião eram parte integrante da visão de mundo dos sábios monarcas Qing, desde o primeiro imperador, Shunzhi, que estabeleceu a tradição da cerimônia budista diária. Além de uma sessão da manhã, o imperador iria gastar muito da noite participando da oração budista ou dos rituais xamânicos deixados por seus antepassados Manchus. Todos os principais rituais, como aqueles que reverenciavam o Céu e a Terra, ou as cerimônias do solo e dos grãos, tinham certamente a sua presença e seriam conduzidos pessoalmente pelo imperador.

Os governantes Qing mais bem sucedidos eram também homens altamente espirituais, que escreveram muito sobre o cultivo budista e filosofia. Todos os imperadores receberam as clássicas educações de tutores chineses. Até mesmo seu local de residência tinha o título de “sala do cultivo da mente”.

Os Imperadores Qing também foram artistas competentes. Qianlong (r. 1736-1795) era conhecido por sua habilidade caligráfica, e Kangxi, no verdadeiro estilo de Confúcio, gastou seu tempo livre pesquisando as tradições musicais do Oriente e do Ocidente. Os Manchus patrocinaram as artes e a cultura do período inicial da dinastia, o que sem dúvida contribuiu para o seu sucesso ao governar os chineses.