A cúpula Rio+20 sobre o Desenvolvimento Sustentável foi concluída sexta-feira, 22 de junho, e foi, para muitos participantes, bastante satisfatória. No entanto, extensas críticas foram feitas por certas ONGs e associações ambientais.
Apesar desse infortúnio, a conferência foi mais favorável do que parecia. Inicialmente, essa conferência representava uma celebração: o aniversário da Cúpula do Rio de 1992, e, nesse tempo que passou, os estados aprenderam a compartilhar, a colaborar.
Noeleen Heyzer, Secretária Executiva da Comissão Econômica e social para Ásia e Pacífico das Nações Unidas, felicitou em um comunicado de imprensa: “Estamos satisfeitos com os acordos concluídos que são baseados em uma abordagem regional”.
“Nas reuniões regionais, houve um acordo geral sobre o fato de que o futuro do planeta depende de uma abordagem integrada e equilibrada do desenvolvimento sustentável”, acrescentou Heyser.
Cerca de 700 promessas foram feitas durante a conferência
O secretário geral Ban Ki-moon disse que foi encorajado pelo número considerável de compromissos concretos. Cerca de 700 promessas foram feitas durante a conferência para realizar os objetivos fixados. O documento final foi intitulado “O Futuro que Queremos”. Este convida a várias ações destinadas a iniciar o processo, visando realizar os objetivos do desenvolvimento sustentável, assim como reforçar o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Ele também salienta a importância de reforçar a igualdade entre os sexos e reconhecer a importância da solidariedade social, do engajamento social civil e do mundo acadêmico.
Um planeta otimista: rumo à criação
A presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, mantém-se firme frente às críticas que ela julga injustas. Na verdade, ela felicitou o compromisso. “Esse texto é um ponto de partida”, explicou, “não um fracasso. Agora nós temos uma agenda para o século XXI. O importante é que quando você tem um documento escrito, ninguém pode negar ou esquecer o que está escrito ali”.
“Agora é nossa responsabilidade fazer evoluir esse texto fundador, aumentar a consciência de cada um sobre esses problemas, mas nenhum país tem o direito de falhar no que diz respeito ao progresso e às promessas feitas”, acrescentou Dilma.
Um grande número de projetos e de ações concretas foi planejado durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, incluindo o plantio de 100 milhões de árvores, a autorização de 5.000 empreendedoras mulheres na África, assim como importantes projetos de reciclagem. Além disso, projetos faraônicos foram antecipados: reservas marinhas gigantescas irão surgir, nas Maldivas e na Austrália.
As Maldivas vão se tornar a maior reserva marinha do mundo
Antes dos 191 países membros da ONU reunirem-se no Rio, o presidente Waheed lembrou que seu país tinha estabelecido neste ano “a primeira biosfera da UNESCO” em um de seus 26 atóis. Sobretudo, o presidente anunciou que, à curto prazo, dentro de cinco anos, as Maldivas serão o primeiro país a tornar-se uma reserva marinha, constituindo assim a “maior reserva marinha do mundo”.
As Maldivas são um País insular do Oceano Índico. Elas estão localizadas no sul do subcontinente indiano: ao sul da Índia e ao sudoeste do Sri Lanka. As Maldivas consistem em um conjunto de 1.199 ilhas, das quais apenas 200 são habitadas permanentemente. As ilhas estão espalhadas em miríades sob uma superfície de 90.000 km² e as partes mais altas não ultrapassam três metros.
Os habitantes das Maldivas estão motivados em um esforço de sobrevivência para lutar contra as mudanças climáticas. As ilhas são muito vulneráveis, pois estão ameaçadas a desaparecerem. Quando o nível do mar subir a uma certa altura, as ilhas Maldivas desaparecerão sob as águas. Em 1989, previsões anunciavam o desaparecimento das ilhas desde 1999, mas segundo outros estudos, a data foi adiada para 2100. Atualmente, a elevação do nível do mar está limitada a 3 milímetros por ano.
Os habitantes são flexíveis. Eles estão habituados às dificuldades da natureza. O tsunami de dezembro de 2004 criou uma série de prejuízos, e 10.530 pessoas tiveram de ser deslocadas. Além disso, três ilhas foram completamente evacuadas. Elas não serão mais habitadas.
120 ilhas são afetadas com o desenvolvimento do turismo
Diversas ilhas nas Maldivas são ilhas-hotel e fazem parte dos mais luxuosos hotéis do mundo. São cerca de 120 ilhas que são afetadas com o desenvolvimento do turismo. As 880 ilhas restantes estão desabitadas, sendo utilizadas para agricultura e para fins comerciais. Todas as terras de pequenas ilhas individuais pertencem ao Estado, com poucas exceções. Os habitantes das Maldivas vivem principalmente das atividades ligadas à pesca e ao turismo, segundo dados da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations).
É o equivalente marinho de um Parque Nacional
O anúncio do presidente Waheed foi um sopro de vida que dá impulso às negociações da RIO+20. “É o equivalente marinho de um parque nacional”, disse o presidente. A ideia é instaurar uma “pesca sustentável e ecológica, deixando de lado as técnicas que destroem a biosfera”, explicou o presidente.
Sue Lieberman, vice-diretora da ONG americana Pew Environment Group está animada com a criação de reservas. Ela pensa que é mais importante do que uma simples zona protegida. “Tecnicamente, não pode haver nenhuma extração em uma reserva marinha. Sem pesca industrial, sem mina”, disse à AFP.
Austrália quer criar um parque marinho com uma área de 3,1 milhões de quilômetros quadrados
Pouco antes da conferência do meio ambiente da Rio+20, a Austrália tornou público que criaria a mais vasta rede de reservas naturais marinhas do mundo. O país desejava estipular limites estritos às zonas de pesca e de exploração de petróleo, de gás e de suas costas. Assim, a costa australiana estará protegida por 3,1 milhões de km², o que representa mais de um terço das águas territoriais australianas, isto é mais de dois terços das águas territoriais da costa.São boas notícias dadas na conferência da Rio+20, exemplos a seguir, dando aos participantes uma aura de êxito.
Após um longo período de consulta pública, o governo australiano anunciou, em 14 de junho de 2012, ter tomado medidas audaciosas para criar essa reserva marinha.
“Essa ação marca uma virada na proteção e na gestão de nossos oceanos. Assim como os parques nacionais em terra, os santuários marinhos são reconhecidos agora como parte integrante dos objetivos nacionais para lutar contra as ameaças sem precedentes que nossa fauna marinha rara enfrenta”, informou o site do governo australiano.
Vigiar essa área protegida
O governo quer exercer controle sobre essa área protegida e informa que a aplicação da lei será a chave do sucesso dessa rede de parques marinhos criada recentemente. Sem ela, os navios de pesca estrangeiros continuariam a explorar os frágeis ecossistemas da região e a praticar caça furtiva, a sobrepesca, a pesca de tubarão (pelas barbatanas) e outras atividades ilegais.
Assim a autoridade do Parque Marinho da Grande Barreira deverá ser responsável pela supervisão da maior reserva marinha do mundo: “É inútil ter uma reserva marinha se nós não podemos patrulhar e vigiar. Para isso, será necessário um financiamento adequado, o orçamento atual não pode pagar. Mesmo que seja preciso 10 milhões de dólares suplementares para isso, será dinheiro bem empregado”.
Desta maneira, a Sociedade de Conservação das Costas Marinhas, chamada ‘Sea Shepherd Conservation Society’, veio auxiliar o projeto. Ela anunciou que ofereceria seus barcos e seus recursos para ajudar a patrulhar e a proteger a maior reserva marinha do mundo, o mar de Coral, recém-criado pela Austrália. Ela quer auxiliar a proteger esse magnífico recurso oceânico, sua fauna e sua flora.
O capitão Paul Watson disse: “vamos proteger o mar de Coral da Austrália”. O capitão Paul Watson, fundador da Sea Shepherd Conservation Society, afirma que está pronto para trabalhar com uma agência governamental ou local para proteger as águas australianas.
“Nós temos recursos e experiência, o que os órgãos de conservação não têm. Nós podemos fornecer apoio, a implementação do programa atual, as relações com as mídias, a formação e a organização dos sistemas de identificação de navios. Nós estamos prontos para utilizar nossos conhecimentos e nossa experiência para proteger o mar de Coral da Austrália em longo prazo”, disse o capitão. E acrescentou: “Nós poderemos colaborar com as autoridades australianas no desenvolvimento de pontos de estratégia e na implementação de programas apropriados, e nós ajudaremos a punir as atividades ilegais de pesca”.
A Sociedade Sea Shepherd tem demonstrado saber defender e proteger os ecossistemas e os animais marinhos no mundo inteiro. O programa nas ilhas Galápagos, no Equador, é o exemplo da maneira de como nossa organização pode ajudar às autoridades locais a proteger sua população de tubarões e seus ecossistemas marinhos.