A campanha anticorrupção que varre a China não tem atacado apenas os funcionários do governo mas também tem abalado as forças militares – expondo a corrupção profundamente enraizada no Exército da Libertação Popular (EPL). Uma fonte no ELP revelou a venda desenfreada de postos oficiais nos serviços militares da China, informou o World Journal, uma mídia chinesa no estrangeiro, em 16 de janeiro.
A fonte, que era um ex-oficial do Departamento Político Geral (DPG) do ELP, disse que posições oficiais militares eram compradas e vendidas frequentemente no mandato de Xu Caihou e Guo Boxiong, dois generais que aturaram como vice-presidentes do Comitê Militar Central (CMC), o órgão do Partido Comunista Chinês que comanda as forças militares da China. Sob os dois vice-presidentes, a compra e venda de posições se tornou um fenômeno comum.
Xu Caihou foi colocado sob investigação por corrupção em março de 2014 e foi expulso do Partido Comunista Chinês (PCC) em junho. Guo Boxiong se aposentou em 2012, em meio a amplos rumores de seu envolvimento em escândalos de corrupção.
Todos nas forças militares da China conhecem as regras não escritas do regime, que cargos de diretoria e comando têm seu preço, disse a fonte. Por exemplo, uma posição de general custa pelo menos 10 milhões de yuanes (US$ 1,6 milhão) ou mais, e uma posição de coronel custa 1 milhão de yuanes (US$ 160 mil) ou mais.
Xu Caihou e Guo Boxiong, enquanto os principais líderes do ELP, venderam cargos como uma forma de aliciar outros oficiais corruptos e para se livrar de dissidentes, diz o editorial. Toda a força militar foi desmoralizada. Ninguém queria fazer trabalho verdadeiro, mas apenas focar-se em subornar superiores e compactuar em esquemas sórdidos. Oficiais no serviço militar que eram realmente capazes e se recusavam a subornar os outros não eram promovidos, segundo o World Journal.
Numa reunião militar recente, o líder chinês Xi Jinping fez uma declaração que implicava a corrupção desenfreada nas forças armadas do regime. “A renda de oficiais militares baseia-se principalmente em salários”, disse Xi Jinping. “Outras chamadas rendas cinzentas não são permitidas, e renda ilegal não é permitida”, informou a mídia estatal em 17 de janeiro.
Em 15 de janeiro, o regime também publicou uma lista de 16 generais que foram destituídos em 2014 por corrupção. Muitos dos oficiais na lista tinham laços estreitos com Xu Caihou e Guo Boxiong. Alguns analistas têm apontado que Guo seria o próximo alvo na campanha anticorrupção que está fazendo uma limpeza nas forças armadas do regime chinês. Xu e Guo também são aliados próximos do ex-líder chinês Jiang Zemin.