Influente chinês critica líder Xi Jinping por posição linha-dura

03/07/2013 15:43 Atualizado: 03/07/2013 15:43
Hu Dehua, filho do ex-líder comunista chinês Hu Yaobang, numa conferência em que criticou abertamente o atual líder chinês Xi Jinping por sua posição linha-dura (Weibo.com)

Numa rara demonstração de crítica direta à liderança comunista da China, Hu Dehua, o filho do ex-líder chinês Hu Yaobang, criticou o atual líder Xi Jinping por sua posição linha-dura, referindo-se as observações do novo líder feitas no início do ano.

Hu Yaobang foi o líder do Partido Comunista Chinês (PCC) em 1982-1987. Ele tentou implementar a reforma política e econômica em seu governo, mas foi forçado a renunciar quando os protestos estudantis alastraram-se por todo o país no final de 1980. Sua morte, em abril de 1989, foi lamentada por muitos estudantes e deu origem aos protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial, que mais tarde foram brutalmente reprimidos.

Em 17 de junho, o dissidente chinês Chen Ziming postou no Sina Weibo, uma plataforma popular de mídia social similar ao Twitter, um discurso de Hu Dehua proferido na reunião de uma revista liberal e pró-reforma, a Yanhuang Chunqiu, em 13 de abril. No dia seguinte, o trecho foi republicado mais de 7 mil vezes e lido por mais de 4 milhões de pessoas, segundo a emissora alemã Deutsche Welle, onde Chen Ziming é colunista regular sobre assuntos chineses. No momento desse artigo, a postagem original já havia sido censurada.

Hu Dehua foi contundente em suas críticas à retórica linha-dura de Xi Jinping, começando com o discurso de Xi Jinping para oficiais do PCC durante sua turnê sulina em janeiro. Xi Jinping havia explicado que o PCC deve ter “a inabalável liderança do exército” e usou o colapso do Partido Comunista Soviético como exemplo do que acontece quando o regime perde o controle do exército e “das ferramentas da ditadura”. Quando a União Soviética se desintegrava, “nenhum homem de verdade apareceu para lutar”, afirmou Xi Jinping.

Hu Dehua questionou a definição de “homem de verdade” feita por Xi Jinping. “Os soldados soviéticos que usavam armas modernas, dirigiam tanques de batalha de terceira geração contra pessoas indefesas, abriam fogo contra elas e atacavam violentamente são ‘homens de verdade’?”

Ele continuou dizendo que só há duas maneiras de um partido no poder lidar com uma crise e mostrou desaprovação pela primeira opção: “Nós poderíamos insistir na supressão, não deixar as pessoas falarem ou discutirem, não permitir opiniões diferentes, especialmente opiniões críticas. E, indo um pouco mais adiante, independentemente de quem se opõe, passar o tanque sobre elas; esse é um caminho. Outra maneira é cumprir a vontade do povo, dizer a verdade as pessoas e pedir as massas populares que tenham compreensão.”

Hu Dehau argumentou que a razão para o colapso da União Soviética foi na verdade devido ao “monopólio do Partido Comunista sobre os direitos políticos, sobre a economia e todos os recursos e sobre a verdade”. Agora, a Rússia tem eleições de sufrágio universal em que “a legitimidade do governo vem da autorização das pessoas e não armas, canhões e baionetas”.

Ele também citou o Partido Nacionalista de Taiwan como um exemplo bem sucedido de ganhar a aprovação do povo por meio de reformas e eleições populares, segundo um artigo do The Straits Times de Cingapura.

Hu Dehua desmontou os “dois [conceitos] incontestáveis” de Xi Jinping, que este defendeu num discurso para altos oficiais em 5 de janeiro. Xi Jinping disse: “Não se deve usar o período histórico após a ‘reforma e abertura’ para negar o período histórico antes da ‘reforma e abertura’”, referindo-se às políticas de reforma econômica iniciadas pelo líder chinês Deng Xiaoping.

Hu Dehua questionou se a teoria de Xi Jinping significa que a Revolução Cultural, a perseguição de intelectuais na campanha antidireitista e os expurgos de oficiais seniores conduzidos por Mao Tsé-tung deveriam ser aprovados. “Será que isso significa que não podemos negar Mao dizendo que Xi Zhongxun, o pai de Xi Jinping, usou romances para conduzir atividades anti-PCC?” O pai de Xi Jinping foi acusado de apoiar uma obra que criticava Mao e foi removido do PCC em 1962. Xi Zhongxun também foi perseguido durante a Revolução Cultural até ser reabilitado em 1978.

Chen Ziming disse à Deutsche Welle que os comentários de Hu Dehua são um “texto exemplar”, sugerindo que há divergência de opinião entre os príncipes, ou descendentes de ex-líderes comunistas, sobre a direção que o PCC deve tomar. Alguns, como Hu Dehua, são favoráveis a verdadeira reforma política, enquanto outros, como o ex-oficial desgraçado Bo Xilai, defendem as políticas maoístas.

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