O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da China em novembro mostrou um aumento de 3% ano-a-ano, segundo a Secretaria Nacional de Estatísticas da China. Este é o terceiro mês consecutivo em que a IPC teve um aumento de 3% e a inflação está afetando seriamente a vida do povo chinês.
De acordo com o relatório da Secretaria de Estatísticas, os preços dos alimentos aumentaram mais entre todas as categorias em 5,9%, os preços legumes frescos aumentaram 22,3% e a carne 5,5%. Os preços da habitação aumentaram 2,6% e os alugueis 4,7%. Os custos de viagem também aumentaram 11,1%.
Apenas duas categorias do IPC diminuíram em novembro: o tabaco e o álcool diminuíram 0,2% e o transporte e a comunicação diminuíram 0,5%. O IPC de outubro e fevereiro teve as maiores altas do ano em 3,2%. Em média, o IPC de janeiro a novembro deste ano aumento 2,6%.
Sentindo o aperto
Especialistas da China continental ainda estão otimistas em alcançar o objetivo de manter o aumento do IPC abaixo de 3,5% este ano, como foi estipulado pelo governo no relatório de trabalho da China no início de março, segundo dados oficiais chineses.
No entanto, o economista chinês Cheng Xiaonong disse que os 3% de aumento do IPC não representa o efeito real sobre a maioria do povo chinês.
“As estruturas de consumo são diferentes entre as classes sociais”, disse Cheng ao Epoch Times numa entrevista por telefone. “Os ricos gastam mais dinheiro em bens de luxo e por isso o aumento das despesas diárias não os afeta muito. Mas para as pessoas pobres, que gastam sua renda limitada principalmente em alimentos, o aumento de preço destes as afeta grandemente.”
“70% dos residentes urbanos gastam a maior parte de seu dinheiro para comprar comida”, disse Cheng. “Esse enorme aumento de preços dos legumes e da carne reduz seu nível de vida em 20%. As pessoas que podiam pagar vegetais baratos anteriormente só podem pegar as folhas que restam nos mercados atualmente.”
A Sra. Wu, residente de Pequim, disse à Rádio Som da Esperança (SOH) que as pessoas enfrentam uma pressão enorme devido ao contínuo aumento dos preços. “Os preços parecem aumentar todos os dias. E não é uma pequena percentagem de aumento como diz o governo, mas múltiplos de aumento. É assim que sinto.” Ela continuou: “Tudo aumenta, exceto os nossos salários. É triste!”
O Sr. Zhu, que vive na cidade de Wuhan, disse à SOH: “Se você pode sobreviver na China de hoje, você está fazendo muito dinheiro. O dinheiro vale cada vez menos aqui, e os preços aumentam todos os dias. É impressionante. Só podemos esperar para morrer.”
Oferta de moeda
Segundo o economista Cheng Xiaonong, a razão para o grande aumento do IPC é devido à grande quantidade de dinheiro quente – dinheiro que se entra no mercado visando lucros de curto prazo – investido na China.
“De modo geral, o problema é a dimensão assumida pela oferta de moeda. De acordo com minha pesquisa, o volume de dinheiro fornecido pelo banco central da China não mudou muito nos últimos três meses. E o dinheiro na mão das pessoas até diminuiu. Mas há algo que o governo chinês não quer falar, que funcionários chineses corruptos têm investido na China uma grande quantidade de dinheiro quente que possuem no exterior”, disse Cheng. “Esse dinheiro foi investido no setor imobiliário da China, e é por isso que os preços da habitação nas grandes cidades chinesas continuam aumentando.”
O Estado enfrenta escolhas difíceis sobre como lidar com os preços da habitação, disse Cheng. “Se o governo chinês não controlar os preços dos imóveis, os preços das commodities da China continuarão a aumentar, pois os funcionários corruptos continuarão a investir em imóveis na China, se verem que os preços da habitação estão altos”, disse Cheng.
“Mas se o governo chinês passar a controlar os preços dos imóveis, e os preços da habitação diminuírem muito, grande parte do dinheiro quente deixará o mercado chinês, o que fará a economia chinesa colapsar”, disse Cheng.
O ex-professor chinês de economia Sun Wenguang também disse à SOH que os grandes investimentos dos funcionários chineses em imóveis estão agravando a inflação, o que é um enorme desafio à liderança comunista chinesa. “Os disparada dos preços das commodities são apenas o começo”, disse Sun, “e isso continuará.”
Num relatório publicado recentemente, o Centro de Monitoramento de Preço da Comissão de Desenvolvimento Nacional e Reforma da China prevê que a inflação em 2014 será maior do que em 2013.