A indústria automobilística teve o pior semestre em vendas desde 2010. Foram licenciados 1,662 milhão de veículos, incluindo caminhões e ônibus, queda de 7,6% em relação à primeira metade de 2013.
Há quatro anos, o resultado acumulado no primeiro semestre tinha ficado em 1,579 milhão de unidades. O resultado só não foi pior porque as montadoras intensificaram as vendas a frotistas, especialmente locadoras.
Em junho, mais de 30% das entregas de automóveis novos foram para empresas. A participação do consumidor pessoa física ficou pouco abaixo de 70%. Segundo fontes do mercado, a média de vendas para pessoas jurídicas está em 27%, em comparação a 24% em 2013.
“É um tipo de venda que faz volume, mas é pouco rentável”, informa uma fonte do setor. Apesar da participação maior dos frotistas e da redução da produção com férias coletivas e dispensa temporária nas fábricas, os estoques ainda são elevados.
No fim de maio, montadoras e revendedores tinham 400 mil carros nos pátios, o equivalente a 41 dias de vendas. Os dados de junho serão divulgados segunda-feira (7) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mas a expectativa de lojistas é de que não tenham baixado significativamente. A entidade também deve rever suas projeções para o ano, de uma alta de 1,1% nas vendas em relação a 2013 para uma queda de cerca de 5%, o que significará quase 190 mil veículos a menos.
Na tentativa de amenizar o cenário de queda, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou na segunda-feira (30/06) a manutenção do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os automóveis. As alíquotas deveriam ter voltado em julho aos índices de 7% a 13% cobrados até o fim de 2012, mas foram mantidas em 3% a 10%. Uma correção já havia ocorrido em janeiro. A medida, segundo executivos do próprio setor, não deve impulsionar as vendas, mas apenas estancar um pouco a queda.
Nos seis primeiros meses do ano, todos os resultados comparados ao mesmo mês de 2013 foram negativos. No mês passado as vendas somaram 263,5 mil veículos, o pior resultado para junho também desde 2010. O volume é 10% menor que o de maio e 17,2% inferior a junho de 2013. Só o segmento de automóveis e comerciais leves vendeu 251 mil unidades, 9,8% abaixo dos números de maio e 17,2% inferior ao de um ano atrás.