RIO DE JANEIRO – A construção de uma usina hidrelétrica sobre um cemitério sagrado mobilizou 300 índios da Amazônia em protesto no local. Os índios, de pelo menos seis etnias, invadiram a Hidrelétrica Dardanelos no Mato Grosso na madrugada de domingo, levando cerca de 100 trabalhadores da planta como reféns.
Imagens difundidas pela mídia local mostram as tribos pintadas para guerra e brandindo arcos e flechas.
“Esta construção tem causado grande impacto nas vidas de nosso povo. Estamos sofrendo por causa deste trabalho”, disse o chefe índio Aldeci Arara segundo o site G1 da Globo. “Este protesto é válido para que o problema possa ser resolvido rapidamente. Queremos que as autoridades nos digam o que vão fazer.”
O coordenador da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Juína (MT), Antônio Carlos Ferreira Aquino disse que os índios estão reivindicando a reparação de danos ao local.
“O que eles querem é um programa de sustentabilidade para a área que compensará a perda que tiveram com esse sítio arqueológico”, disse Aquino num comunicado publicado pelo jornal O Povo.
Segundo a FUNAI, os índios concordaram em trocar a maioria dos reféns, deixando apenas cinco funcionários da empresa Energética Águas da Pedra restantes. Segundo relatos, ninguém foi ferido durante a emboscada.
“Na verdade, as pessoas que ficaram preparam comida para eles”, disse Carlos, um oficial da polícia, ao Epoch Times. “Há apenas cinco pessoas. Todos os reféns foram liberados. Eles fizeram uma barganha para o pessoal que trabalha na cozinha ficar lá, mas todos estão bem, eles não estão amarrados ou qualquer coisa.”
Uma reunião entre os índios e uma comissão formada por representantes da FUNAI e policiais militares começou na tarde de segunda-feira.
“A polícia está monitorando as negociações. Na verdade, [os índios] querem um procurador federal e da FUNAI”, acrescentou o oficial.
A Polícia Federal não recebeu ordens para agir, mas seguem o caso de perto.
“A propriedade invadida é privada. Neste caso, é tarefa da Polícia Militar, que está conduzindo as negociações com os índios”, explicou o chefe da Polícia Federal de Mato Grosso, Alexandre Custódio Neto.
“Não há nenhuma ordem judicial para a ação da Polícia Federal. Estamos observando a situação no caso de algo acontecer”, confirmou o chefe de polícia ao Epoch Times.
De acordo com relatórios posteriores, os últimos cinco reféns foram libertados e as negociações entre os índios e representantes da FUNAI, do governo de Mato Grosso e da empresa continuam.
A hidrelétrica deverá estar em operação até janeiro de 2011, mas todas as obras no local pararam enquanto as negociações acontecem.