Morador da Metlakatla, no Alaska, se diz emocionado com a descoberta
Estudos revelaram que existe uma relação genética direta entre os restos de nativos americanos na Colúmbia Britânica no Canadá que viveram há milhares de anos, e seus descendentes, os moradores atuais. Isto permitiu provar que os povos Tsimshian, Haida e os cidadãos Nisga’a foram residentes estáveis por mais de 5.000 anos.
A equipe liderada pelo professor de antropologia Ripan S. Malhi, da Universidade de Illinois, “utilizou DNA mitocondrial que os filhos herdam apenas da mãe para acompanhar três linhagens maternas desde os tempos antigos até o presente”, informou a equipe.
Para estes foram comparados genomas mitocondriais completos dos restos antigos de quatro pessoas e de três pessoas vivas ao norte da costa da Colúmbia Britânica.
“Essa região é o lar dos indígenas Tsimshian, Haida e do povo Nisga’a, os quais têm tradições orais e algumas histórias escritas que indicam que eles viveram na região por incontáveis gerações”, afirmou a Universidade de Illinois.
“Ter um vínculo de DNA que mostra que a ancestralidade materna direta remonta há pelo menos 5.000 anos é uma evidência importante para ajudar a demonstrar aos Metlakatla Tsimshian que este território era deles há milênios”, disse Barbara Petzelt, participante do estudo.
A equipe de pesquisa de Illinois lembra que até então só havia um estudo anterior feito com o cabelo de um esquimó que viveu na Groenlândia há 3400-4500 anos, do qual foram analisadas todas as sequências de DNA mitocondrial – genoma mitocondrial ou mitogenoma. “A maioria dos estudos deste tipo analisa apenas um pequeno subconjunto – menos de 2 por cento – das sequências mitogenômicas”, diz a pesquisa.
Para Ripan Malhi, a descoberta nos remete “ao início da era de ouro das investigações de DNAs antigos”. O antropólogo acredita que agora serão feitos avanços que antes eram impossíveis. “Estamos começando a ter uma ideia da diversidade mitogenômica das Américas, tanto dos indivíduos vivos quanto dos habitantes antigos.”
Vantagens do novo estudo
“Ao contrário do DNA nuclear que está presente em apenas duas cópias por célula, as mitocôndrias são abundantes, o que proporciona muitas sequências de DNA para comparar”, explicam os pesquisadores.
Como o DNA mitocondrial não se recombina com o DNA paterno, ele é transmitido de mãe para filho mais ou menos intacto. “Isso torna mais fácil o controle das sequências únicas ao longo das gerações.”
Por sua vez, a influência europeia, disse Malhi, dificultou o estudo da aplicação do DNA nuclear. “Há um padrão de homens europeus que se misturou com as mulheres nativas americanas após o contato europeu, e muitos dos cromossomos e dos traços da comunidade regressaram à Europa”, disse ele. Em contrapartida, o sistema mitogênico “fornece uma imagem mais clara das linhagens de nativos americanos antes do contato europeu”, diz Malhi.
Desde 1960, os cientistas David Archer, professor de antropologia na Northwest Community College, em Prince Rupert, e o antropólogo biológico e co-autor, Jerome Cybulski, do Museu Canadense da Civilização em Gatineau, Quebec, trabalham na recuperação e análise de restos humanos e das estruturas antigas na região de Prince Rupert.
Nas Ilhas Lucy, há restos humanos e evidências de estruturas habitáveis de 5300-6400 anos atrás.
Os restos mais antigos encontrados são de uma mulher jovem, que viveu há cerca de 5.500 anos atrás. “Seu mitogenoma corresponde ao de uma outra mulher que está em Dodge Island, perto da cidade de Prince Rupert”, diz o estudo. Seus restos mortais têm cerca de 2.500 anos de idade.
Um dos participantes vivos da pesquisa também tem “a mesma assinatura mitogenômica”. Os pesquisadores acreditam que é um descendente direto da mãe das duas mulheres ou de suas mães.”
Por outro lado, observamos diferentes sequências mitogenômicas em outros moradores. Estas coincidem com outro indivíduo que vivia em Dodge Island há cerca de 5.000 anos atrás.
O estudo concluiu que houve uma ocupação estável e persistente dos povos indígenas na região, disse David Archer.
“Se dizemos a alguém que seus vínculos de DNA estavam presentes há 2.500 anos, e também estiveram presentes há 5.500 anos atrás, isso pode ser resumido em uma frase, é muito fácil de entender e é emocionante.”
Joycelynn Mitchell, indígena Metakatla co-autor do estudo, disse no relatório como se sente com os resultados.
“É emocionante ter uma prova científica que corrobora o que os nossos antepassados têm-nos dito durante gerações. É surpreendente como a tecnologia está se desenvolvendo rapidamente para poder provar esse tipo de vínculo com nosso passado.”
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