Índice da miséria mede preços da habitação na China

02/06/2014 13:53 Atualizado: 02/06/2014 13:53

Quão caro está um imóvel na China? Um mapa intitulado “Índice da Miséria do Comprador de Imóvel“, criado por internautas chineses, pretende responder a questão. O mapa se tornou viral na internet chinesa: ele mostra quanto tempo as pessoas em diferentes cidades precisam economizar apenas para dar entrada no pagamento de um imóvel. Em alguns locais requer mais de dez anos de economias, mesmo sem gastar nada, incluindo em comida ou bebida.

O ‘Índice da Miséria’ dá uma noção do grau de inacessibilidade da habitação para o povo chinês comum, e como isso tem atraído grande atenção e comentários online. Usando dados de renda da Secretaria Nacional de Estatísticas e preços de imóveis do Fangjia.com, um dos principais websites imobiliários na China, o índice assinala quanto tempo levaria economizar o suficiente para pagar o valor de entrada de 30% por uma propriedade de 80 metros quadrados.

Entre as 34 capitais e quatro cidades principais em províncias chinesas, Hong Kong sofre as condições mais árduas: leva-se 19 anos de salário médio, sem gastar nada, para economizar o suficiente para um pré-pagamento.

Seis grandes cidades do continente, todas localizadas no Leste da China, foram classificadas como “altamente miseráveis”, pois exigem mais de 9 anos de poupança. Pequim exige 13 anos, Xiamen 12 e Shanghai 11 anos de renda.

A renda per capita cresceu num ritmo muito mais lento do que o aumento dos preços da habitação na China. Por exemplo, o preço médio de apartamentos em Shanghai no mês passado foi de 30.813 yuanes (US$ 4.943) por metro quadrado, 700 dólares a mais do que em abril passado, ou seja, um apartamento de 80 metros quadrados custaria US$ 56 mil a mais em relação a um ano atrás.

No entanto, o rendimento disponível per capita é atualmente apenas de 4.375 yuanes (US$ 701) por mês, tendo aumentado 9,5% no ano passado, segundo a Secretaria de Estatísticas de Shanghai.

“É preciso tanto tempo apenas para pagar o pré-pagamento, sem incluir o dinheiro para comer ou beber. Trabalhadores comuns provavelmente não poderão pagar uma casa mesmo numa vida inteira”, escreveu um internauta chinês no Weibo, uma plataforma de mídia social similar ao Twitter.

Aqueles que trabalham para pagar hipotecas durante décadas são chamados de “escravos da habitação” na China. É comum nas grandes cidades que duas ou três gerações de uma família juntem dinheiro para comprar uma casa para os filhos – ou simplesmente se amontoem para viver juntos no mesmo apartamento.

A inacessibilidade extrema do mercado imobiliário pode atingir um ponto de virada este ano, enquanto a economia chinesa desacelera e o aumento dos preços se torna cada vez mais insustentável e irrealista.

Os preços da habitação só dispararam a partir da década de 2000. Taxas de crescimento de dois dígitos na maior parte do ano passado mirraram para um dígito este ano, e a taxa de crescimento apenas continua a encolher. Os dados de abril indicam a menor taxa de crescimento nos últimos 11 meses.

O economista chinês Dong Dengxin abordou a questão francamente em seu blog: “O mercado imobiliário é a maior crise econômica da China atualmente.”