Índice das ações de Shanghai lembra ‘incidente de 4 de junho’ na China

08/06/2012 03:00 Atualizado: 08/06/2012 03:00

Um investidor observa um painel eletrônico no salão da bolsa na China. Em 4 de junho, no aniversário de 23º massacre estudantil de 1989, o Índice Bolsa de Valores de Shanghai caiu 64,89 pontos, uma aparente referência à data do massacre. (ChinaFotoPress/Getty Images)Estados Unidos e França pedem ao regime para pararem de punir os participantes da Praça da Paz Celestial

As tentativas do regime chinês de suprimir a memória do Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) foram frustradas este ano por meios naturais e, talvez, sobrenaturais. Enquanto os governos ocidentais criticaram a política do regime, o preço das ações na bem vigiada Bolsa de Valores de Shanghai parecia apontar para a data do evento.

A bolsa abriu em 2,346.98, um número semelhante à data do massacre escrita investida, seguido pelo 23º aniversário (1989, junho, 4, 23). Em seguida, o índice fechou 64,89 pontos a menos, no que parecia ser ainda outra referência à data do incidente (junho, 4, 1989).

Na China, o Massacre da Praça Tiananmen é comumente conhecido como o “incidente 6.4”, referindo-se à data em que aconteceu. Teria sido quase impossível para qualquer pessoa coordenar a compra e venda de tantas ações, de modo a produzir tal resultado específico, de acordo com Richard Kershaw, diretor-executivo de análise tecnológica para a Ásia da Consultoria FTI, conforme citado num artigo do New York Times.

Os internautas chineses foram rápidos em pegar os números. “Whoa, estes números são muito loucos! Muito legal!”, disse um blogueiro. “Os números de abertura e de queda são ambos muito assustadores”, disse outro.

As autoridades chinesas reagiram prontamente ao evento, bloqueando pesquisas na internet para os termos “ações de Shanghai” e “mercado de ações de Shanghai”, bem como excluindo postagens de microblogue que falavam sobre os misteriosos números das ações.

Esta censura foi imposta sobre outra proibição anterior aos termos “seis quatro”, “23”, “vela” e “nunca se esqueça”.

Em 3 de junho, um dia antes do aniversário do massacre, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Mark Toner, emitiu uma declaração exortando o regime chinês de retratar as vítimas do incidente.

“Nós encorajamos o governo chinês a liberar todas as frases que ainda servem por sua participação nas manifestações, a fornecer uma contabilidade pública completa daqueles mortos, detidos ou desaparecidos, e a acabar com o assédio permanente dos participantes de demonstração e de suas famílias”, diz o comunicado do Departamento de Estado.

A França seguiu o exemplo, também em 3 de junho, “A França quer ver os prisioneiros da consciência chineses libertados. Nós reiteramos nosso compromisso inabalável na defesa dos direitos humanos, incluindo o direito fundamental à liberdade de expressão, na China e em todo o mundo “, disse Bernard Valero, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Numa conferência de imprensa regular na segunda-feira, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da República Popular da China, Liu Weimin, expressou “forte insatisfação” com a declaração dos EUA.

A insatisfação do regime não impediu a abertura da Bolsa de Valores de Xangai em 4 de junho de chocar os cidadãos chineses com uma lembrança do massacre.

A vigília foi realizada em Hong Kong em 4 de junho para marcar o 23º aniversário do Massacre da Praça Tiananmen. As estimativas do atendimento do evento variam entre 85 e 180 mil, com 150 mil sendo o número reivindicado pelos organizadores do evento.