O amplo suprimento de dinheiro na China mais que duplicou em quatro anos, chegando a 97,42 trilhões de yuanes (15,66 trilhões de dólares) até o fim de 2012, segundo dados do banco central. Economistas culpam o crescimento sem precedente do crédito pela inflação e pelas bolhas de ativos.
O economista chinês Ni Jinjie afirmou que a impressão excessiva de moeda na China pelo banco central é a origem da atual crise inflacionária. É a abundante oferta de crédito, no entanto, que gera as bolhas de ativos, como pode ser evidenciado no setor imobiliário.
Uma forma de avaliação para medir o crédito é a chamada M2, que inclui todo tipo de caixa, bem como o saldo em conta corrente e poupança. Uma vez que o crédito é a força vital da economia, sua relação com o produto interno bruto (PIB) é comumente usada para medir o grau de monetização da economia de um país. A economia precisa de crédito para funcionar e crescer, mas em excesso pode criar bolhas e inflação.
Em economias desenvolvidas, a relação entre M2-PIB é inferior a um e, em países emergentes, a M2 normalmente varia entre 1 e 1,5 vezes o PIB.
Na China, a medida M2, 97,42 trilhões de yuanes, em relação ao PIB, 51,93 trilhões de yuanes (8,35 trilhões de dólares), atingiu o valor inédito de 1,88 em 2012. A M2 da China cresceu 13,8% no ano, muito mais do que o PIB e 1,5 vezes a taxa de crescimento do M2 nos Estados Unidos. Quanto à criação de crédito e impressão de dinheiro, ninguém supera a China, deixando o país vulnerável à eclosão de bolhas.
Em seu artigo publicado no jornal Beijing News, Ni Jinjie, um autor sobre finanças e economia, escreve, “Nas últimas duas décadas, as tendências de mercantilização e monetização na China têm sido as mais evidentes; a relação M2-PIB subiu de 82,5% em 1990 para 150% em 2000. No final de 2012, a razão chegou a quase 190%.”
Ni Jinjie aponta: “O PIB não pode crescer sem o suporte da reserva de moeda acumulada em longo prazo. O nível de estoque M2 tem um impacto direto na macroeconomia da nação – a taxa de inflação, o crescimento econômico e o desemprego, além do balanço de pagamentos internacionais e outros indicadores econômicos […] Uma relação M2-PIB elevada significa riscos de inflação e superaquecimento da economia.”
“Com um crescimento da relação M2-PIB, uma enorme quantidade de dinheiro recém-criado é a causa mais direta dos preços persistentemente elevados das commodities e da habitação no país atualmente”, acrescenta Ni Jinjie.
Oferta de crédito excessiva
Desde que a M2 é constituída principalmente de ativos no sistema bancário, é a criação desenfreada de crédito que alimenta a bolha.
Ni Jinjie diz que novos empréstimos anuais de cerca de 8 a 9 trilhões de yuanes (1,29 a 1,45 trilhão de dólares) são a causa principal do crescimento da M2.
“Anos atrás, 3 a 5 trilhões de yuanes (482 a 804 bilhões de dólares) seriam considerados uma oferta de crédito excessiva. Na época seria difícil imaginar a rápida expansão do crédito bancário de hoje”, disse Ni Jinjie.
De acordo com o Banco Popular da China (BPC), novos empréstimos feitos por bancos chineses nos primeiros 11 meses de 2012 chegaram a 7,75 trilhões de yuanes (1,25 trilhão de dólares), superior aos 7,47 trilhões de yuanes (1,2 trilhão de dólares) emprestados em 2011. Economistas estimam que o total de novos empréstimos poderia estar em torno de 8,3 trilhões de yuanes (1,33 trilhão de dólares) por todo o ano de 2012.
Estes novos empréstimos escoaram-se em ativos como habitação. Além disso, um efeito colateral é criado, elevando os preços das matérias-primas e criando inflação. No caso da habitação, a demanda por madeira, cimento e aço eleva os preços para estes produtos. Os salários dos trabalhadores do setor de construção são usados para comprar necessidades básicas, aumentando assim a pressão dos preços por essas mercadorias.
Além da criação de crédito, a impressão de dinheiro pelo banco central também se soma ao estoque de dinheiro. De acordo com a 21st Century Network, a criação total de dinheiro da China em 2012 de 12,26 trilhões de yuanes (1,97 trilhões de dólares) foi responsável por quase metade da nova oferta global de moeda ou 26,25 trilhões de yuanes (4,22 trilhões de dólares).
Como resultado da contínua criação de novos empréstimos, as empresas chinesas estão criticamente endividadas. Cálculos da Zerohedge mostram que a China tem o setor corporativo mais endividado, com uma carga de dívida de 151% do PIB.
A Goldman Sachs acredita que esta tendência não é sustentável, “É, portanto, crítico que a nova liderança busque reformas que não apenas apoiem o setor privado, mas também o consumo de forma mais ampla, a fim de utilizar esta capacidade; o contrário se provaria negativo para setores, bancos e, em última análise, para a economia”, escreveu o banco numa nota a clientes.
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