Apenas três dias após o lançamento do novo iPhone 5s da Apple, que ostentava um scanner de impressões digitais, um grupo de hackers na Alemanha postou um vídeo online mostrando a facilidade com que poderiam violá-lo: eles digitalizaram uma impressão digital deixada na tela de um iPhone, fabricaram uma membrana, pressionaram-na no telefone e entraram no sistema.
Invadir o iPhone 5s também deveria ser uma questão relativamente simples para hackers na China, dada a prevalência de kits de impressões digitais falsas que circulam no país e como eles são fáceis de usar. Kits de membrana de impressões digitais se tornaram extremamente populares na internet recentemente, especialmente no feriado nacional recente que durou uma semana e terminou em 7 de outubro.
Na China, impressões digitais falsas podem ser usadas não só para entrar em iPhones, mas também para enganar a presença no local de trabalho: em muitos lugares ao redor da China, as máquinas de leitura de impressões digitais substituíram os cartões perfurados para registrar a presença no trabalho, para evitar que colegas perfurassem os cartões uns dos outros. Agora, as novas máquinas podem ser facilmente contornadas.
Mais de 100 lojas online vendem fabricantes de membranas de impressões digitais, segundo uma pesquisa no Baidu, o maior navegador da internet na China. No último mês, algumas das lojas já venderam 10 vezes mais do que costumavam, segundo um artigo no Legal Evening News, uma agência de notícias afiliada ao Estado chinês.
“Durma bem. Deixe-me ajudá-lo a registrar seu cartão”, diz um dos kits de impressão digital a um trabalhador adormecido numa propaganda de quadrinhos no site de uma empresa que vende os itens. Um dos kits – que consiste de uma almofada como um mata-borrão de tinta para impressão digital e de um pouco de gel para fazer um bom molde – custa 16 dólares, incluindo o envio. Caso não funcione, o vendedor garante reembolsar o valor.
Um repórter do Legal Evening News encomendou um kit de impressão digital por 45 yuanes (US$ 7,35), criou uma impressão falsa e enganou a máquina de atendimento em duas horas.
Não surpreendentemente, impressões digitais falsas também têm sido utilizadas para atividades criminosas na China. Um caso de extorsão usando impressão digital falsa foi registrado no sul do país em 2010, segundo o Jingling Evening News, um jornal de Nanjing.
Às vezes, a troca de impressões digitais pode sair pela culatra. Segundo uma anedota narrada pelo Legal Evening News, uma secretária na cidade de Yangzhou, província de Jiangsu, confiou sua impressão digital a uma colega que iria falsamente registrar sua presença no trabalho. A colega então invadiu o computador da secretária utilizando sua impressão digital e encontrou fotografias altamente comprometedoras da secretária com o gerente-geral da empresa. Ela extorquiu 15 mil yuanes (US$ 2.450), segundo o artigo.