A importância do sono na saúde humana

22/08/2014 06:00 Atualizado: 19/08/2014 13:49

O sono já foi pensado como um processo relativamente passivo de diminuição da atividade cerebral. Mais recentemente, dados indicam que o sono, como a consciência, é um processo ativo caracterizado por uma miríade de complexas atividades elétricas cerebrais e neuroendócrinas.

Os benefícios do sono saudável são tão profundos quanto as desvantagens da privação. Todos os sistemas do corpo são afetados pelo sono, incluindo o funcionamento físico, emocional e cognitivo. O sono promove a cura e a recuperação da doença, o aumento da resistência, e a capacidade de aprender e lembrar-se de novas habilidades.

O sono saudável geralmente inclui sonhar (mesmo quando ele não é lembrado), o que também parece desempenhar um papel poderoso na saúde psicológica e emocional, no bem-estar, na memória, e na capacidade de aprender novas tarefas.

O sono saudável é ainda um mistério, uma vez que é apenas parcialmente compreendido e nunca foi artificialmente duplicado. Embora medicações imitem o fenômeno do sono, elas não reproduzem a qualidade ou a restauração física, que são funções integradoras do sono.

Na maioria dos casos, os medicamentos usados para promover o sono, eventualmente, saem pela culatra e o deterioram ainda mais, tornando a condição de dormir dependente de doses crescentes de medicamentos e a pessoa cada vez mais resistente ao tratamento.

O sono profundo tem benefícios anti-inflamatórios. Ele ajuda a restaurar o equilíbrio hormonal, proporciona descanso, e limpa a mente como se reiniciasse um computador.

A privação do sono provoca efeitos significativos físicos e emocionais, incluindo alterações na função cardiovascular, no metabolismo da glicose, na resistência à insulina, e nas elevações da pressão arterial, glicemia e cortisol.

Efeitos da privação de sono em longo prazo estão ligados ao risco aumentado de desenvolver muitas doenças crônicas, incluindo câncer, envelhecimento precoce, depressão e distúrbios gastrointestinais.

A privação do sono é um método eficaz de persuasão, com um histórico de uso em tempos de guerra e em programas de doutrinação, incluindo o treinamento de residência médica e militar. A privação afeta a sanidade, prejudica a vigilância, e corrói a resistência física.

A privação cria sujeitos mais submissos, que pensam menos, têm má concentração, e dependem de comportamentos automáticos. A privação altera a química do cérebro e interfere com o senso de realidade, muitas vezes perturbando a estabilidade mental e emocional.

A passagem para o sono requer um lapso suave de consciência e percepção, coincidindo com um suporte ambiental interno e externo para sustentá-lo. Em casos de insônia crônica, o corpo realmente perde a sua capacidade inata para relaxar, pegar no sono e manter-se saudável.

O sono é um processo inconsciente que se baseia numa elegante rede química, biológica, hormonal, e em vias neuroendócrinas coletivamente trabalhando juntas como um biorritmo ou ritmo circadiano. Quando estes ritmos circadianos conseguem funcionar sem interferência, eles reproduzem os mesmos padrões bioquímicos numa base diária.

O corpo conta com este sistema como um relógio interno para gerenciar com eficiência o ciclo de vigília-sono. A menos que seja alterado ou interferido, estes ritmos internos ajudam, por meio do sono, a manter um equilíbrio saudável mental, físico e emocional.

Quando o padrão circadiano é regular e ininterrupto, dia após dia, semana após semana, e ano após ano, o corpo físico e emocional aprende a antecipar e depender do padrão, preparando-se para estes ciclos com muitas horas de antecedência.

Quebrar o biorritmo de forma irregular ou imprevisível perturba a rede química intrincada de hormônios e neurotransmissores e força o corpo a se readaptar, às vezes no meio do caminho.

O corpo se adapta facilmente na juventude, mas à medida que envelhece, é menos capaz de mudar tão rapidamente. Às vezes, até mesmo mudanças simples na rotina podem levar a desequilíbrios incômodos entre o sono e a vigília. Esta é uma razão pela qual a idade avançada está associada a um maior número de distúrbios do sono.

Quando a insônia surge pela primeira vez, suas raízes são frequentemente rastreáveis a um ou mais distúrbios bem definidos, sejam eles causas médicas, químicas, alimentares, ambientais, emocionais ou comportamentais, as quais serão descritas num artigo posterior. Estas causas frequentemente se combinam numa complexa rede de interação que pode ser corrigida simplesmente pela utilização de técnicas de higiene do sono, juntamente com a seleção cuidadosa de medicamentos homeopáticos clássicos.

Esta é a segunda parte de uma série de dez artigos sobre sono, insônia e tratamentos naturais. Veja a primeira parte.

Na próxima parte: A higiene do sono e o tratamento de distúrbios do sono.

O Dr. Whitmont é um médico clínico geral, especializado em homeopatia clássica, e que atua em Nova York. Ele é professor assistente clínico de medicina da família e da comunidade no New York Medical College. Seu site é homeopathicmd.com