A empatia, o acolhimento e o respeito são dádivas fundamentais do profissional da saúde para o paciente
Como psiquiatra, eu vi pacientes que fazem seus médicos se sentirem inúteis. Eles se queixam de uma série de sintomas não específicos, tais como dor penetrante, dores de cabeça, vertigens, tonturas, fadiga, distúrbios digestivos, problemas de eliminação (disfunção intestinal e urinária) e semelhantes.
Os médicos, muitas vezes, acabam dizendo a seus pacientes com essas queixas crônicas que não podem fazer mais nada e lhes sugerem que visite um psiquiatra para tratar hipocondria.
Quando esses pacientes vêm para tratamento, eles costumam dizer que todos acham que seus sintomas estão apenas na mente. Você pode imaginar como eles se sentem sobre isso: tristes, irritados, derrotados e muitas vezes sem esperança.
Muitos destes pacientes experimentaram algum tipo de trauma no passado. Eles podem ter sofrido de negligência ou abuso (emocional, físico ou sexual). Eles passaram a vida sentindo-se violados e invalidados pelos outros. Quando até mesmo os médicos não podem validar seu sofrimento, eles perdem a esperança e muitas vezes têm pensamentos suicidas.
Uma de minhas pacientes me procurou com queixas de pescoço, ombro e dores nas costas, fadiga severa, tontura, insônia, SII (síndrome do intestino irritável) e pensamentos suicidas. Ela sofreu com essa dor por mais de 10 anos, depois de ter experimentado uma lesão de trabalho.
Ela disse que veio a mim porque sou praticante de acupuntura e psiquiatra. Ela tomava medicação para dor há anos, mas já não funcionava mais; ela esperava que eu pudesse ajudá-la a curar sua dor e veio a mim como sua última esperança.
Ela não queria falar sobre seu passado e disse somente que havia experimentado eventos negativos na infância e que só queria tratar a dor, a fadiga e a insônia com a acupuntura.
Eu fiz o que ela me pediu. Idealmente, deve-se tratar diariamente com a acupuntura (como é costume na China) ou, pelo menos, duas a três vezes por semana. Mas ela só podia vir uma vez por semana e nunca havia feito acupuntura antes.
Ela respondeu muito bem a acupuntura. Antes do tratamento, ela mal conseguia mover o braço acima das orelhas. Dentro de algumas semanas, ela conseguia levantar o braço mais livremente. Gradualmente, seu cansaço diminuiu e seu sono melhorou.
Ela me disse que não se sentia tão bem há muitos anos. Esta é uma resposta comum em pacientes que recebem tratamento de acupuntura. Eles experimentam sintomas de alívio localizados e também melhora significante no bem-estar geral. Em outras palavras, eles se sentem melhores e mais felizes.
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Uma visão mais consciente sobre a síndrome do pânico
À medida que eu continuava tratando-a, ela se tornou capaz de fazer mais trabalho doméstico e tinha energia e motivação para sair para jantar, caminhar, andar de bicicleta, enfim, se divertir.
Um dia, a paciente me informou que tinha de se mudar para outro estado por causa do trabalho do marido. Em nossa última sessão, enquanto ela estava deitada sendo tratada com acupuntura, nós conversamos sobre sua mudança próxima e, de repente, ela começou a me contar sobre seu passado.
Seu pai era viciado em álcool e abusava fisicamente da mãe e do irmão. Ela também foi abusada, mas menos do que eles, segundo ela. Uma de suas experiências foi assistir, impotente e com horror, ao seu pai jogar água quente na cabeça de seu irmão.
Posteriormente, seu irmão entrou para o Exército e foi lutar na Guerra do Vietnã. Ele sofria de transtorno de estresse pós-traumático, tornou-se alcoólatra e acabou morrendo em seus 40 anos, talvez de suicídio.
Ela chorava quando me contou sua história e disse que apreciava minha ajuda. A acupuntura tinha aliviado muito sua dor e outros sintomas.
Eu concordei em tratá-la com a acupuntura em vez de psiquiatria, eu validei sua dor e não a fiz sentir como se a sua dor fosse algo de sua mente. A acupuntura foi uma importante ferramenta que usei para ajudá-la.
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A Dra. Jing Fang é psiquiatra e doutora em medicina tradicional chinesa. Mais informações em http://taoinstitute.com/team/fang.php