Identidades falsificadas, um problema generalizado na China

02/05/2014 12:37 Atualizado: 02/05/2014 12:37

O vice-diretor de um departamento de polícia no norte da província de Shanxi na China foi colocado sob investigação por possuir oito documentos de identidade diferentes. Como ocorre com muitos funcionários corruptos na China, ele foi exposto primeiramente na internet, mas com uma reviravolta incomum.

Tudo começou quando um surfista chinês encontrou um saco deixado num metrô de Pequim. No saco havia vários documentos, uma carta de reclamação e um pendrive contendo arquivos de imagem de oito identidades falsas. A carta afirmava que o diretor-adjunto de polícia, Fan Hongwei, usou oito identidades falsas para esconder grandes quantidades de dinheiro desviado. Depois de verificar a identidade de Fan no website do governo, o surfista chinês decidiu publicar todo o material na internet.

Ainda não se sabe quem escreveu a carta de reclamação, mas muito provavelmente podem ser colegas de Fan, porque a carta afirma que eles reportaram sobre Fan muitas vezes ao Comitê Disciplinar do Partido Comunista Chinês na província de Shanxi – mas tudo foi em vão.

Uma vez, depois de ficar bêbado, Fan revelou que se livrou das queixas subornando Jin Daoming, o secretário do Comitê Disciplinar.

De fato, autoridades chinesas corruptas não têm dificuldade em obter identidades falsas. Por exemplo, Liu Tienan, o ex-chefe da Administração Nacional de Energia da China, tinha em sua posse 12 passaportes estrangeiros quando foi preso. Ele tinha passaportes australiano e canadense, bem como 12 bilhetes de avião para vários destinos dentro e fora da China.

Com acesso fácil a identidades falsas, funcionários corruptos alcançam muitos objetivos que as pessoas comuns não podem imaginar. Jun Aiai, o vice-diretor de um ramo local do Banco Comercial-Rural, usou quatro identidades falsas para comprar 41 casas residenciais novas, destinadas exclusivamente a compradores de uma primeira habitação. Huang Dong, o diretor de uma escola agrícola na cidade de Zhaoqing, província de Guangdong, usou três identidades falsas para se casar com três mulheres diferentes, com as quais ele teve cinco filhos.

Num ambiente destes com funcionários corruptos por todos os lados, diariamente o povo chinês também aprende a fingir o seu status real para obter o que quer.

Para contornar a política do filho único, um casal se divorciou e arranjou um casamento falso para a esposa com outro homem. Após o nascimento do segundo filho do casal, a mulher pretende se divorciar do segundo marido falso, e voltar para o marido original.

Alguns casais, a fim de comprar um imóvel por um preço mais baixo, transferem seus direitos de propriedade para outra pessoa e em seguida apresentam um divórcio. Então, agora sem propriedade em seu nome ele pode então comprar umaa casa.

Reportagens da mídia indicam que essas práticas têm sido empregadas para obter várias outras coisas, como escolas melhores para os filhos, evasão fiscal e assim por diante. A prática é tão difundida que não é um exagero dizer que está difundida em toda a sociedade chinesa.

Identidades falsas, equivocadas e duplicadas inundam os sistemas de identificação e registo residencial da China, e isso previne que as autoridades postem online os registros de casamento e informações de propriedade. Se eles postassem estes documentos, seria muito mais difícil que funcionários corruptos enriquecerem. Por esta razão, as autoridades estão não bloqueiam esses esforços.

Se um governo administrativo – um Estado – não consegue sequer gerenciar os dados sociais básicos, como podemos esperar que ele faça um bom trabalho em gerir o país? Não admira que inúmeras pessoas considerem a China como o país No. 1 em falsificação no mundo.