Se você estava pensando como o regime chinês continuaria roubando propriedade intelectual de empresas norte-americanas após a nova regulamentação cibernética, não se preocupe. Algumas empresas dos EUA estão simplesmente entregando-a diretamente, sem a necessidade de ataques cibernéticos.
Isto está ligado à nova lei do Partido Comunista Chinês de “Segurança Nacional”, que foi aprovada em julho. A lei orwelliana abrange quase todas as facetas da sociedade chinesa, e parte dela é destinada a empresas estrangeiras. A lei afirma que todos os sistemas de informação na China precisam ser “seguros e controláveis”.
Pela nova regra, todas as empresas que operam na China precisam dar às autoridades chinesas seu código fonte, sua chave de encriptação, e acesso expresso para suas redes de computadores na China.
Em outras palavras, as empresas agora estarão simplesmente entregando aos agentes chineses a força vital de seus produtos, e ao mesmo tempo, dando-lhes um passe livre para espionar suas redes. Informações que anteriormente os agentes chineses tinham que roubar através de ciberataques, ao que parece, agora serão entregues voluntariamente.
A IBM acaba de se tornar a primeira grande empresa norte americana de tecnologia a concordar com estas novas regras. A notícia veio de duas fontes anônimas, que foram entrevistadas pelo The Wall Street Journal, na sexta-feira passada (16).
Supostamente, o processo ocorreu da seguinte forma: agentes do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do regime chinês foram convidados para uma sala segura, onde a IBM lhes permitiu acessar alguns dos seus códigos-fonte.
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Não ficou claro quais produtos a IBM liberou acesso, e não foi claro quanto tempo os agentes chineses foram autorizados a analisar os códigos-fonte. Os agentes chineses não foram autorizados a levar o código para fora do quarto, porém também não ficou claro quais precauções de segurança a IBM tomou para garantir que os agentes chineses não estivessem gravando o processo com câmeras escondidas.
Claro, a IBM já vem, há algum tempo, estreitando suas relações com o Partido Comunista Chinês.
Em abril, a IBM começou a entregar seu know-how técnico para empresas chinesas que definiram claramente seus objetivos de substituir o mercado da IBM na China.
A empresa começou a passar informações sobre como construir seus servidores high-end e sobre o software que executa estes servidores, ao Teamsun, com sede em Pequim.
O New York Times citou uma entrevista com o vice-presidente da Teamsun, Huang Hua, publicada no site da empresa. Ele delineou as metas da Teamsun para substituir a IBM, afirmando:
“Ao chamar um movimento na China para substituir tecnologias high-end cruciais da IBM, Oracle e EMC como uma ‘oportunidade’, o Sr. Huang disse que a estratégia da Teamsun de ‘absorver para, em seguida, inovar’ lhe permitirá eliminar a diferença entre empresas chinesas e norte-americanas, e criar produtos que possam substituir os que são vendidos por empresas dos Estados Unidos.”
A reportagem acrescenta que “O post sobre a substituição da IBM, Oracle e EMC foi retirado do site após a Teamsun e a IBM terem sido contactadas para a entrevista”.
Esta também não foi a primeira vez. Anteriormente, a IBM já fez com que a Marinha dos Estados Unidos tivesse que lutar para encontrar novos servidores para seus sistemas críticos, após a empresa ter vendido sua divisão de servidores x86 para a empresa chinesa de computador Lenovo.
A venda de US $ 2,1 bilhões, feita em outubro, inclui os servidores BladeCenter HT x86, usados em alguns sistemas críticos da Marinha, como o Sistema Aegis Combat, que controla os mísseis balísticos e seus sistemas de defesa aérea.
Quando uma empresa que possui produtos utilizados em negócios críticos, como governo e redes militares, revela seu código para um regime autoritário, não se trata apenas um problema de mau negócio, mas também de segurança nacional.