Pelo menos 79% dos brasileiros consomem café, de acordo com uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre orçamento familiar, realizada entre 2008 e 2009. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), a média de consumo diário por habitante consumidor no Brasil em 2012 chegou a quatro xícaras de 50ml e meia, equivalente a 83 litros ou 6,23 kg anuais do grão, um recorde histórico.
A pesquisa do IBGE revela também que 79,3% das mulheres consomem o produto, percentagem ligeiramente maior que a verificada entre os homens, de 78,7%.
Segundo a Abic, o consumo interno de café alcançou 20,33 milhões de sacas em 2012, um aumento de 3,09% em relação a 2011, e continua crescendo. No mercado interno, a instituição projeta um aumento de 13% este ano em relação ao valor movimentado no ano passado, que ultrapassou R$ 7 bilhões. Os brasileiros consomem mais que os italianos, franceses e americanos.
O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de café, atendendo um terço do consumo mundial, de acordo com dados do Ministério da Agricultura. Já o faturamento com a exportação do produto atingiu US$ 6,5 bilhões em 2012, segundo o órgão. Os principais destinos do café brasileiro são Alemanha, Estados Unidos, Itália, Japão e Rússia.
Cultivo e características
Quase todas as partes do país cultiva café e o Sudeste se destaca como a maior região produtora, estando mais da metade das lavouras do país concentradas no estado de Minas Gerais (52,4%), segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em seguida vêm Espírito Santo (25,8%) e São Paulo (8,8%), respectivamente.
O estado da Bahia, no Nordeste brasileiro, e o do Paraná, no Sul do país, disputam a cada ano a quarta posição, colhendo atualmente 3,9% e 3,5% da safra brasileira, respectivamente. Em seguida, figura o estado de Rondônia, na região Norte, com 3,2% da produção nacional. As proporções são referentes ao mês de maio de 2013.
Baseado em suas propriedades específicas como aroma, espessura e sabor, a bebida é classificada em duas espécies: Arábica (mais cultivada no Brasil) e Conilon (conhecida como Robusta). A primeira apresenta um maior equilíbrio entre as qualidades aroma, espessura, doçura e acidez, enquanto a segunda é mais neutra e amarga.
O sabor também depende da região proveniente. A bebida resultante do fruto cultivado no serrado mineiro, por exemplo, é mais espessa e doce, enquanto a do cultivado na região mogiana paulista, mais forte e aromática. Já a do Sul de Minas Gerais, possui espessura moderada, aroma pronunciado e sabor prolongado.
Qualidade
A qualidade do café costuma ser classificada em três categorias: tradicional, superior e gourmet. O mais consumido no Brasil é o tradicional, que é o café do cotidiano, com custo acessível e sabor intenso, por ser mais torrado. São vendidos em embalagens almofadadas ou empacotadas a vácuo.
Com maior valor agregado, os cafés superiores apresentam melhor qualidade e sabor acentuado. Já os gourmets possuem alta qualidade e se caracterizam pelo sabor refinado e aroma intenso e envolvente.
Seja tradicional, superior ou gourmet, o produto deve possuir o selo de qualidade Abic, que garante sua pureza. Em outras palavras, o selo assegura que o produto é composto somente por grãos de café, já que ainda há produtores que o adulteram adicionando misturas afim de aumentar o peso do produto e, com isso, os lucros. Muito comum no Brasil, essa prática interfere no sabor e deteriora a qualidade.
Dicas e benefícios
A Abic assegura que a bebida proporciona diversos benefícios já comprovados, como por exemplo para a capacidade mental, memória, bem estar e concentração. Também amenizaria efeitos dos males de Parkinson e de Alzheimer. Naturalmente, o consumo excessivo ou compulsivo pode ser prejudicial.
Para se obter o sabor e aroma originais, o café deve ser preparado apenas com água potável. Após aberto, o produto deve ser guardado dentro da geladeira caso for levar mais de duas semanas para ser consumido, pois assim preservam-se suas propriedades. Dentro ou fora da geladeira, armazenar o café na embalagem também é boa ideia, já que são confeccionadas para conservar o produto.
Segundo o pós-doutorando Steven Miller, da Uniformed Services University of the Health Sciences, Estados Unidos, a sensação, que muita gente tem, de não conseguir espantar o sono e a preguiça apesar do aumento do consumo pode estar relacionada ao horário em que o café é tomado, devido ao ciclo hormonal do corpo humano.
Num de seus artigos publicados em seu blog NeuroscienceDC, o estudioso afirma que se a bebida for consumida nos intervalos de 8h a 9h30, de 12h a 13h ou de 17h30 a 18h30, quando ocorrem picos de cortisol no sangue (hormônio ligado ao estado de alerta), seu efeito será, naturalmente, menor. Estes períodos podem ter algumas variações dependendo do organismo, segundo Miller.