Quem recebe o apoio do exército no presente ambiente de lutas intensas do Partido Comunista Chinês (PCCh) é de vital importância. Recentemente, a Central do Partido tem repetidamente exigido que o exército mostre-se fiel a Hu Jintao. E, de acordo com um relatório da mídia, é provável que Hu continue a ser o presidente da Comissão Militar Central (CMC) por pelo menos mais dois anos após entregar o cargo de secretário-geral do PCCh no fim deste ano.
O Diário do ELP, o jornal oficial do Exército da Liberação Popular, publicou recentemente uma série de artigos pedindo ao exército para “resolutamente seguir o comando da Central do Partido, da CMC, e do presidente Hu.”
Num artigo de 27 de março, ele enfatizou especificamente, “Podemos perder nossa direção nesta complexa luta pelo poder político se não formos seriamente orientados politicamente.”
Um comentário publicado no website chinês do Deutsche Welle em 1º de abril disse que o artigo do Diário do ELP implica que uma luta pelo poder político está acontecendo em Pequim. Ele também mencionou que depois de Hu ter removido com sucesso Bo Xilai, o ex-chefe do Partido de Chongqing, pode-se esperar que Hu mantenha sua influência dentro do PCCh depois da transferência de poder no fim deste ano, e é provável que ele siga o exemplo de Jiang Zemin, o ex-líder do Partido, e permaneça como presidente da CMC até 2014 ou 2015.
Uma vez que o PCCh não é realmente um governo legítimo autorizado pelo povo, em sua luta interna, é impossível seguir qualquer princípio ou racionalidade, ou adoptar qualquer decisão judicial ou processo de arbitragem, como um referendo nacional, segundo o comentarista chinês de assuntos-contemporâneos Wen Zhao.
“O exército, portanto, desempenha um papel crucial”, disse Wen a NTDTV de Nova York. “Quem tem o poder [sobre o exército] vai ganhar”, disse Wen.
Desafios da facção linha dura
O Deutsche Welle informou que Bo Xilai tentou arduamente estabelecer uma rede de influência no exército.
Depois de tomar posse como chefe do Partido em Chongqing, Bo continuou a fazer esforços para conquistar os altos funcionários da Região Militar de Chengdu na província de Sichuan. Hu Jintao e outros oficiais consideraram as táticas Bo como “inteligentes”.
Após a tentativa frustrada de Wang Lijun, ex-chefe de polícia de Chongqing, de desertar para o consulado norte-americano em Chengdu em 6 de fevereiro, Bo fez uma visita ao 14º Batalhão do Exército na província de Yunnan, que costumava estar sob o comando de seu pai, Bo Yibo.
A mensagem de Bo a Hu era clara, “Não mexa comigo. Eu tenho o apoio do ELP”, disse o artigo da Deutsche Welle.
Zhou Yongkang, um aliado de Bo, foi o único membro do Comitê Permanente do Politburo que se opôs a dispensa de Bo. Zhou é o líder do poderoso Comitê de Assuntos Político-Legislativos (CAPL), que controla o aparato da segurança nacional da China e, portanto, tem forças comparáveis às do exército sob seu comando.
O orçamento de 2012 para a manutenção da estabilidade interna controlado por Zhou é de 701,8 bilhões de yuanes (111,39 bilhões de dólares), um aumento 11,5% em relação ao ano anterior, e ambas as cifras são maiores do que o orçamento militar.
Algumas pessoas têm estimado que o aparato da segurança doméstica de Zhou tem um quadro com cerca de 10 milhões de pessoas, incluindo a polícia da segurança pública, agentes da segurança nacional, agentes de segurança doméstica, a polícia militar, a polícia especial, a polícia do serviço secreto, a polícia rodoviária, a força de gestão urbana, a polícia da internet e informantes. Tudo somado ultrapassa o número de soldados no exército, de acordo com o comentarista político Chen Pokong, e isto tem ameaçado Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao.
No entanto, o exército de Zhou não é um exército regular, e sua qualidade e lealdade não são necessariamente confiáveis, disse Chen. Hu, por outro lado, está no comando do exército regular com armas avançadas, bem como da marinha e da força aérea, e da tecnologia de mísseis guiados.
Hu quer segurar a presidência do CMC a fim de se proteger e garantir a continuidade da linha política de Hu-Wen, disse o comentarista político Wu Fan a NTDTV.
“Mesmo que Hu e Wen se aposentem de seus postos, enquanto o PCCh existir, extremistas de esquerda sem dúvida continuarão a existir”, disse Wu. “Eles certamente se oporão a Deng Xiaoping e a linha de Hu-Wen.”
O Prof. Yuan Hongbing, um ex-professor de direito e dissidente chinês exilado, disse ao Epoch Times que se Hu poderá permanecer como presidente do CMC depois de deixar a liderança do Partido é uma das questões-chave na luta do poder do Partido antes do 18º Congresso Nacional no fim deste ano.