Hu Jintao busca vitória depois de aposentado

22/11/2012 14:05 Atualizado: 22/11/2012 14:05
O ex-líder chinês Jiang Zemin no Congresso Nacional em Pequim, China, em 15 de novembro de 2007 (Feng Li/Getty Images)

Com um movimento ousado, o líder chinês Hu Jintao, que está se aposentando, tentou ter sucesso no que o iludiu por 10 anos: paralisar o ex-líder chinês Jiang Zemin longe do poder. Analistas dizem que o movimento de Hu Jintao não fará a reforma mais provável ou salvará o Partido Comunista Chinês (PCC) da falência.

De acordo com a agência porta-voz do regime, a Xinhua, em 16 de novembro, durante uma longa reunião do Comitê Militar Central (CMC), Hu Jintao oficialmente entregou ao novo líder chinês Xi Jinping a presidência do CMC – o comando das forças armadas da República Popular da China.

Se Hu Jintao tivesse seguido o precedente criado por Jiang Zemin, ele teria permanecido na presidência por mais dois anos, assegurando seu poder pessoal no regime chinês.

No encontro, Xi Jinping e Hu Jintao trocaram elogios. Xi Jinping disse que Hu Jintao “voluntariamente” pediu para não servir como presidente do CMC. “A importante decisão [de Hun Jintao] encarna plenamente seu profundo pensamento de desenvolvimento geral do PCC, do país e dos militares” e “a decisão também incorpora sua conduta exemplar e nobreza de caráter”, disse Xi Jinping, segundo a Xinhua.

Hu Jintao descreveu seu sucessor como um “secretário-geral qualificado” para o Comitê Central e um “presidente qualificado” do CMC, disse também o artigo.

Regras de pessoal mais estritas no PCC

Em 14 de novembro, antes de o anúncio oficial ser feito, o jornal japonês Asahi Shimbun citou fontes no PCC, dizendo que a decisão de aprovar a aposentadoria completa de Hu Jintao foi feita em 11 de novembro numa reunião interna de oficiais de alto escalão do PCC.

Outra decisão tomada na reunião foi a proibição sistemática à intervenção de líderes aposentados no setor político, disse o artigo do Asahi.

O movimento é visto como uma tentativa de acabar com o domínio político da velha guarda do PCC, implementando regras de pessoal mais estritas no PCC, disse o artigo.

Hu Jintao disse que se aposentaria completamente se duas condições fossem satisfeitas: que todos os oficiais de alto escalão do PCC não intervissem na política uma vez que se aposentassem e que nenhuma exceção seria permitida por questões pessoais, incluindo o posto de presidente do CMC, segundo o artigo.

Fontes do PCC concordaram que um objetivo maior do movimento era eliminar a influência de Jiang Zemin, que continuou a influenciar as decisões políticas, mesmo depois de se aposentar de todos os seus cargos, segundo o artigo.

A aposentadoria completa de Hu Jintao – aposentadoria simultânea como chefe do PCC, do governo e dos militares – abriu caminho para seu sucessor Xi Jinping, impedindo que anciãos do PCC, incluindo Jiang Zemin, usem qualquer desculpa ou canal para intervir na política, segundo um comentário publicado no Diário Oriental de Hong Kong.

Xi Jinping foi provavelmente sincero ao expressar apreço comentando que a decisão de Hu Jintao “encarna sua conduta exemplar e nobreza de caráter”, disse o artigo. Isto também mostrou o descontentamento de Hu Jintao e Xi Jiping em relação a Jiang Zemin que tenta se manter agarrado ao poder.

Cinco dos sete membros do Politburo do Comitê Permanente – todos exceto Xi Jinping e o premiê Li Keqiang – atingirão 68 anos ou mais em cinco anos e deverão se aposentar. Os postos vagos serão preenchidos por partidários de Xi Jinping e Li Keqiang e a influência de Jiang Zemin, então, desaparecerá completamente, segundo os observadores.

Sem significado

O comentarista político Cao Changqing disse que Hu Jintao fez uma jogada ousada porque está confiante de que Xi Jinping lhe mostrará deferência. A aposentadoria completa de Hu Jintao é apenas um jogo de poder que não tem nenhum significado para a reforma política, segundo Cao Changqing.

Heng He, um comentarista político da Rádio Som da Esperança (SOH) e da emissora NTDTV, previu anteriormente que Hu Jintao se aposentaria completamente. Heng He disse à SOH que não é uma regra definida no PCC que um líder que se aposenta permaneça como presidente do CMC. Houve apenas um caso: Jiang Zemin.

De acordo com Heng He, Jiang Zemin manteve o controle dos militares por mais dois anos após Hu Jintao se tornar chefe do PCC em 2002, porque Jiang Zemin queria ter certeza de que sua política de perseguição ao Falun Gong não seria alterada e que ele não seria responsabilizado pelos crimes que cometeu.

Hu Jintao não precisa reter o poder, porque ele não tem teorias ideológicas especiais ou políticas que precise implementar nos bastidores, disse Heng He.

Depois que Hu Jintao assumiu o poder, Jiang Zemin continuou a intervir nos bastidores e, eventualmente, formou um segundo centro de poder no PCC por meio do aparato de segurança. A tentativa de golpe de Bo Xilai, o ex-chefe do PCC na cidade-província de Chongqing, e do chefe da segurança pública Zhou Yongkang que Hu Jintao descobriu em fevereiro após Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Bo Xilai, ser interrogado, surgiu deste segundo centro no PCC, disse Heng He.

Para salvar o PCC, os líderes fora da facção de Jiang Zemin querem o fim deste segundo centro no PCC, disse Heng He. No entanto, este remédio só terá um efeito temporário e não livrará o PCC da crise que enfrenta agora.

Mesmo que a aposentadoria completa de um chefe do PCC se torne norma, isso não terá impacto sobre o futuro do PCC, disse Heng He. Os dias do PCC estão contados e ele não pode sobreviver mais 10 anos e ter outra mudança da liderança.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.