O HSBC, o gigante bancário do Reino Unido, permitiu que fundos suspeitos do México, Síria e Irã fossem canalizados através do banco, segundo uma audiência de uma subcomissão do Senado dos EUA na terça-feira após uma investigação de um ano. De maneira geral, controles pobres antilavagem de dinheiro proporcionaram um ambiente ideal para lavagem de dinheiro, financiamento do terror e outras operações ilegais.
O relatório de 330 páginas e documentos comprovativos detalharam como os cartéis de drogas mexicano utilizaram amplamente o HSBC para lavagem de dinheiro, que o banco alega que não sabia nada. O banco chegou a admitir a fiscalização deficiente e regulamentações fracas num comunicado publicado em seu website. “Vamos reconhecer que, no passado, nós, às vezes, falhamos em satisfazer as normas que os reguladores e clientes esperam”, diz a declaração.
O funcionário responsável do HSBC pela conformidade do grupo disse que se demitiria após as investigações e revelações da comissão do Senado. “Eu recomendo ao grupo que agora é o momento adequado para mim e para o banco que alguém novo sirva como chefe de conformidade do grupo”, disse David Bagley num comunicado. “Eu já concordei em trabalhar com a gerência sênior do banco em direção a uma transição ordenada desta importante função.” Bagley e outros funcionários do HSBC pediram desculpas e reconheceram que erros foram cometidos.
Entre 2007 e 2008, a filial mexicana do HSBC, o HBMX, enviou 7 bilhões de dólares para a filial dos EUA, HBUS, apesar das advertências de que o dinheiro podia ter vindo de cartéis de drogas que regularmente faziam negócios lá. “Isso foi mais do que qualquer outro banco mexicano, mesmo um do dobro do tamanho do HBMX”, disse o senador Carl Levin, que preside a Subcomissão Permanente de Investigações, num discurso de abertura da audiência de terça-feira.
O relatório disse que o HSBC não julgou o HBMX como uma conta de alto risco, quando deveria ter considerado que o HBMX opera no México, um país de alto risco repleto de cartéis de drogas e clientes de alto risco, e que o HBMX tem uma longa história de deficiências.
Também foi dito no que relatório que entre 2001 e 2007, cerca de 25 mil operações no valor de 19,4 bilhões de dólares foram feitas envolvendo o Irã através do HBUS e outras contas. Dessas operações, cerca de 85% ocultaram ativamente que estivessem ligadas ao Irã.
O HBUS, entre 2006 e 2010, também fez negócios com o banco Al Rajhi, o maior banco privado na Arábia Saudita com laços conhecidos com a Al-Qaeda. Seu fundador foi um apoiador financeiro da Al-Qaeda. Durante esse tempo, o HBUS forneceu quase 1 bilhão de dólares para o Al Rajhi.
Da mesma forma, o HBUS também tinha relações com Bangladesh, onde também havia evidências de financiamento do terrorismo.
Também havia transações entre a filial do banco dos EUA e da Coreia do Norte, Cuba e Sudão, todas as quais são sancionadas pelos Estados Unidos. Ele também fez transações com a Birmânia antes de algumas sanções serem removidas pelos Estados Unidos no início deste ano.
“O HSBC usou seu banco nos EUA como uma porta de entrada para o sistema financeiro dos EUA para algumas filiais do HSBC em todo o mundo para fornecer serviços em dólares norte-americanos aos clientes enquanto jogava rápido e solto com as regras bancárias norte-americanas”, afirmou o senador Levin.
O relatório disse que o Departamento de Controle da Moeda (DCM) dos EUA ignorou os avisos e não agiu para interromper as transações que ocorreram frequentemente entre 2001 e 2010.
“Já é ruim o suficiente que um único banco como o HSBC exponha o sistema financeiro dos EUA aos múltiplos riscos da lavagem de dinheiro. Isso é agravado quando há uma falha de supervisão de antilavagem de dinheiro pelo DCM, que deveria supervisionar nossos maiores bancos”, disse Levin.