Hospital da cidade chinesa de Chongqing coleta órgãos ilegalmente, diz ex-paciente

12/03/2013 19:46 Atualizado: 20/04/2014 21:12
Uma imagem de tela do website da Universidade Médica de Chongqing, cujo hospital fazia parte do programa de extração forçada de órgãos de prisioneiros da consciência, segundo relato de testemunhas (The Epoch Times)

Um ex-paciente de um hospital na China diz que viu e ouviu coisas durante uma hospitalização prolongada que a fez acreditar que o hospital estava envolvido no assassinato de pessoas para colher seus órgãos.

A Sra. Li Jinzhen (um pseudônimo), de nacionalidade chinesa, disse que já sabia há algum tempo sobre as alegações de que praticantes do Falun Gong na China se tornaram doadores involuntários de órgãos para o comércio de transplante pelos últimos doze anos.

A Sra. Li, que pediu para não ter sua identidade ou localização revelada, disse ao Epoch Times que queria gostaria de contar as coisas que observou e ouviu durante uma estadia de três meses no inverno de 2006 no Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Médica de Chongqing.

“Um dia eu vi sete carros da polícia entrarem no hospital a partir de uma entrada lateral. Cerca de 20 policiais à paisana saíram dos carros”, disse ela, guardando sete homens e mulheres algemados que teriam entre 30 e 40 anos. “Todos pareciam muito saudáveis”, disse Li Jinzhen.

Os indivíduos foram levados para um antigo edifício de três andares às 2h58 que tinha portões de aço e duas fileiras de policiais à paisana na frente, lembrou Li Jinzhen. “Eles foram levados à força para dentro do prédio”, disse ela.

Seu conhecimento das alegações de colheita de órgãos de prisioneiros do Falun Gong, junto com sua observação do comportamento dos presos, levaram Li Jinzhen a acreditar que os algemados eram praticantes do Falun Gong sendo conduzidos para a colheita de órgãos. Ela disse que suas expressões faciais pareciam ser “pacíficas e tranquilas”, o que ela associou com os praticantes do Falun Gong.

Este repórter passou quatro anos em prisões chinesas como prisioneiro da consciência e, com base nessa experiência, o transporte de prisioneiros descrito por Li Jinzheng é incomum. Reclusos do sexo masculino e feminino não são normalmente transportados juntos – eles são administrados por equipes prisionais diferentes. Além disso, prisioneiros doentes são tratados em unidades ambulatoriais, não em prédios velhos abandonados.

Um estudante-assistente que trabalhava num escritório no complexo hospitalar disse a Li Jinzhen que acreditava que praticantes do Falun Gong estavam sendo usados para a coleta de órgãos no hospital e que os sete prisioneiros conduzidos ao prédio abandonado eram adeptos do Falun Gong que seriam sacrificados por seus órgãos.

Este estudante também disse a Li Jinzhen que um colega estudante, com quem ele tinha intimidade, estava sempre de plantão na sala de operações que se tornou um “açougueiro”.

“Tudo o que ele sabe fazer agora é matar pessoas com seu bisturi; ele se tornou insensível”, disse o estudante a Li Jinzhen.

O Primeiro Hospital Afiliado da Universidade Médica de Chongqing é um hospital geral estatal de “categoria A terciária”. Seu website afirma, “Nosso hospital é o único hospital local em Chongqing que tem licença para transplante de fígado e rins, resultando numa tecnologia avançada e superior de transplante de órgãos.”

Um membro da equipe de limpeza do hospital disse a Li Jinzhen, “Os médicos aqui não estão realizando operações, eles estão de fato matando pessoas. O sangue é espalhado por toda parte, em todo o chão da sala de operação.”

Ele disse que eles usavam mangueiras e ainda assim levava duas horas para limpar uma sala de operação. “Como isso pode ser chamado de uma operação médica? Parece mais um assassinato brutal para mim”, disse o homem a Li Jinzhen.

O homem também disse a ela que tais operações eram realizadas no 3º e 4º andares do edifício diante do prédio do Departamento de Internação.

Um ex-cirurgião uigur na China, Enver Tohti, disse numa entrevista por telefone que a ideia de que havia uma grande quantidade de sangue na sala de cirurgia parecia normal. “Com um prisioneiro, não há necessidade ou tempo para você se preocupar com quanto sangue sairá. O que se faz é simplesmente ir direto ao órgão e pegá-lo, é isso.” Tohti, no entanto, não conseguiu entender por que levaria duas horas para limpar tudo.

Após analisar todo o depoimento no original em chinês, Tohti disse que não ficou surpreso com o cenário descrito. “Não há surpresas aqui”, disse ele. Tohti era um cirurgião em Xinjiang e foi chamado para remover os órgãos de um prisioneiro recém-executado num local próximo da execução. “Isso é algo assombroso”, disse ele.

O Dr. Zhang trabalhou por muito tempo na equipe de logística de um hospital na China continental. Agora, em Bangkok, ele disse ao Epoch Times que não é comum que o chão da sala de operação fique coberto com tanto sangue durante um transplante de órgão.

“Normalmente isso não acontece”, disse ele. “Ao realizar uma operação, os médicos têm um plano hemostático, como o uso de instrumentos hemostáticos para parar o sangramento. Se o chão está coberto de sangue, então, isto é um caso de negligência médica. Isso definitivamente não acontece frequentemente.”

Elevador proibido

Li Jinzhen também testemunhou repetidas vezes 4 ou 5 homens no meio da noite empurrando macas com corpos num elevador restrito.

“Ninguém usava aquele elevador durante o dia”, disse Li Jinzhen. Ela questionou se havia uma passagem secreta por trás dele.

Os cadáveres nestas macas no meia-noite eram embrulhados em várias camadas de cobertores verdes, disse Li Jinzhen. Corpos “normais” nunca eram embalados de tal maneira e eram sempre transportados num elevador regular, disse ela.

“Os corpos nos elevadores proibidos não deveriam ser vistos, talvez aqueles fossem os corpos das vítimas da colheita de órgãos”, acrescentou ela.

Relatos de testemunhas oculares da colheita forçada de órgãos na China são difíceis de obter, dizem os advogados canadenses David Kilgour e David Matas, que são autores de um relatório independente de 2006 sobre as alegações de colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong perseguidos na China.

“Não há vítimas sobreviventes para contar o que aconteceu com elas. Perpetradores não são susceptíveis de confessar o que seriam crimes contra a humanidade, caso tenham ocorrido”, diz o relatório.

No entanto, eles dizem ter recolhido numerosas provas circunstanciais, incluindo períodos curtíssimos de espera e um surpreendente número de admissões por meio de investigações de chamadas telefônicas, que pintam um cenário “condenável”.

“Websites de hospitais na China anunciam curtos prazos de espera para transplantes de órgãos. […] Se considerarmos estas autopromoções hospitalares literalmente, elas nos dizem que há um grande número de pessoas vivas que estão disponíveis sob demanda como fontes de órgãos”, diz o relatório.

Com base em sua pesquisa, Kilgour e Matas estimam que de 2000 a 2005, 41.500 órgãos foram retirados, cuja fonte mais provável são prisioneiros do Falun Gong. Kilgour e Matas disseram em várias ocasiões desde a publicação de seu relatório que a prática de coletar órgãos de praticantes do Falun Gong e outros prisioneiros da consciência continua na China.

Com reportagem de Matthew Robertson.

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