Hospitais militares chineses envolvidos na colheita forçada de órgãos

17/06/2012 11:00 Atualizado: 17/06/2012 11:00

Mapa da China mostrando as regiões onde funcionários de hospitais admitiram em chamadas telefônicas que a colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong acontece. (Relatório 'Colheita Sangreta', Kilgour-Matas)Relatório de investigação reúne provas

Um relatório investigativo detalhando o envolvimento de hospitais militares chineses na extração forçada de órgãos foi finalizado pela Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong (WOIPFG), uma organização norte-americana sem fins lucrativos.

Elaborado pela primeira vez em 28 de abril de 2008, o relatório apresenta provas compiladas nos últimos três anos. Conclui-se que os hospitais militares da China têm colhido órgãos de praticantes do Falun Gong detidos em prisões, campos de trabalho e outras instalações para sustentar o lucrativo negócio de transplante de órgão na China. O relatório diz que os órgãos são vendidos para pacientes chineses e estrangeiros.

Entre as evidências compiladas no relatório estão estatísticas publicadas previamente em websites de hospitais chineses, conversas gravadas com funcionários de hospitais e relatos de testemunhas oculares. Mais de 30 hospitais militares e da polícia armada de toda a China foram nomeados no relatório.

Um centro médico nomeado pelo relatório é o Centro Cirúrgico Hepatobiliar do Hospital Geral de Fuzhou do Comando Militar de Nanjing. O website oficial do hospital disse que o centro realizou mais de 150 transplantes de fígado, seis transplantes de fígado e rim simultâneos e seis transplantes de pâncreas e rins entre 1999 e abril de 2008. Em setembro de 2004, o hospital realizou o primeiro transplante de pâncreas-rins-fígado da Ásia.

A WOIPFG citou outro relatório investigativo elaborado pelo ex-secretário de Estado canadense David Kilgour e pelo advogado de direitos humanos canadense David Matas, que destacaram a abundância de fontes de órgãos. Um paciente asiático, o Sr. H. X., contou aos dois investigadores sobre suas duas viagens de transplante para Shanghai. Em sua primeira viagem em setembro de 2003, quatro rins recém-extraídos foram transportados para o hospital para testes de compatibilidade durante sua estada de duas semanas e todos os quatro falharam no teste. Em sua segunda viagem, em março de 2004, outros quatro rins foram testados e finalmente encontrou-se correspondência. O Dr. Tan Jianming do Hospital Geral de Fuzhou conduziu a operação.

“A esposa do Sr. H. X. viu cerca de 20 folhas de papel com informação relevante sobre os fornecedores dos órgãos e suas informações de HLA”, disse o relatório de Kilgour-Matas. “O médico [Tan] escolheu alguns da lista e os colocou em ordem […] Os [médicos] residentes disseram ao Sr. H. X. que o órgão veio de um prisioneiro executado não voluntário.”

Tempos de espera por órgãos compatíveis são normalmente muito curtos nesses hospitais, segundo o relatório da WOIPFG. O Hospital Changzheng de Shanghai, um dos maiores e mais bem conhecidos na China, é afiliado com a 2ª Universidade Militar de Medicina. O website do hospital disse anteriormente que o tempo médio de espera por um transplante de fígado é de uma semana, mas a declaração já foi removida do website.

O relatório da WOIPFG também listou citações de muitos outros websites de hospitais militares que ostentavam um grande número de transplantes de órgãos. Antes de 1999, o número de transplantes de órgãos era quase zero e cresceu vertiginosamente depois que a perseguição ao Falun Gong começou.

Em várias conversas telefônicas, os investigadores, passando-se por pacientes, foram informados por médicos e intermediários que os órgãos eram de praticantes vivos do Falun Gong. Em 2007, um intermediário disse a um investigador que ele recebia órgãos de praticantes do Falun Gong através do Hospital 307 do Exército da Liberação Popular. “Como posso ter certeza que é de um praticante do Falun Gong?”, perguntou o investigador. “Do nosso lado, os líderes lhes mostrarão os documentos, você sabe […] Eles têm documentos, incluindo arquivos pessoais [dos fornecedores dos órgãos]”, disse o intermediário num telefonema gravado.

A grande escala da colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong foi impulsionada por Jiang Zemin, o ex-líder do Partido Comunista Chinês, disse o relatório da WOIPFG. Um transplante de rim custa de 50 a 100 mil yuanes (8 a 15 mil dólares), enquanto um transplante de fígado custa tipicamente entre 200 e 400 mil yuanes (31 a 63 mil dólares), segundo o relatório.

Num comunicado, a WOIPFG pediu “ação imediata da comunidade internacional para investigar exaustivamente e terminar a perseguição genocida do Partido Comunista Chinês contra os praticantes do Falun Gong.”

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.