HONG KONG – Bailarinos chineses do continente que querem participar de uma competição internacional de dança clássica chinesa em Hong Kong neste verão, promovida por um canal de televisão chinês independente de Nova York, têm sido pressionados pelas autoridades chinesas a cancelarem seus planos.
Um professor de jornalismo de uma prestigiada universidade de Hong Kong chamou a interferência do regime chinês de “um ataque flagrante” à liberdade de expressão em Hong Kong. Outros contatados pelo Epoch Times também ficaram altamente impressionados.
A New Tang Dynasty Television (NTD TV), a apresentadora do concurso de dança, é uma emissora de língua chinesa independente com sede em Nova York. Sua cobertura sem censura de notícias da China, incluindo questões de direitos humanos relacionadas ao Tibete, aos defensores da democracia e ao Falun Gong, é transmitida via satélite para a maior parte da China e tem sido incomodada por anos pelo regime chinês, que obstrui suas transmissões e interfere com as empresas de satélite para cortarem o sinal da NTDTV.
Segundo Ma Lijun, a diretora das séries de competições da NTDTV, as autoridades chinesas, sob as ordens do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), têm ameaçado os potenciais concorrentes com a expulsão de suas academias de dança. Bailarinos também foram informados de que não seriam concedidos documentos de viagem para participarem da competição.
“O CAPL é como um reino independente que até mesmo as mais altas autoridades do Partido Comunista Chinês não podem controlar. Ele tem um poder incrível e mantém os segredos mais sombrios”, disse Jin Zhong, o editor-chefe da revista Open de Hong Kong, ao Epoch Times. “Se o CAPL estenderá seus métodos a Hong Kong para interferir com a NTDTV, então, ele certamente incitará a raiva do povo”, disse ele.
Zhong disse também que, apesar da interferência do regime chinês, ele acredita que os concorrentes do continente não serão tão facilmente intimidados, porque um ambiente livre é o espaço apropriado para o cultivo e a apresentação das artes. Ele disse que espera que os dançarinos “possam aproveitar a oportunidade para lutar por seus direitos, caminhar em direção à liberdade e se libertarem da cortina de ferro da China.”
Para Yiu Ming, um professor assistente do Departamento de Jornalismo da Universidade Batista de Hong Kong, chamou a interferência do regime chinês de “um ataque flagrante” à liberdade de expressão em Hong Kong. “A vontade do Estado não deve substituir a decisão pessoal de alguém”, disse Ming. “Isso é usar a política para suprimir o intercâmbio artístico. É um exemplo de a política estar no comando para retirar das pessoas a oportunidade de cultivar as artes.”
Como uma cidade internacional, Hong Kong deve viver segundo sua reputação e apoiar a competição de dança da NTDTV, disse Ming. “É preciso haver intercâmbio para alguém avançar nas artes […] Espero que a competição possa ocorrer com sucesso. Será um grande prazer para os cidadãos de Hong Kong.”
Johnny Yui Siu Lau, um conhecido comentarista político, expressou desprezo às tentativas do regime chinês de suprimir a expressão cultural em Hong Kong. Lau disse que recomenda firmemente a Leung Chun-ying, o novo chefe-executivo de Hong Kong, a não atender ao Partido Comunista Chinês colocando pressão sobre a NTDTV. “Se ele quiser agradar Pequim através da obstrução da competição de dança, isso não lhe fará nada de bom”, disse Lau.
Lau referiu-se à última instância de aparente interferência de Pequim em 2010, quando vários shows com ingressos esgotados do Shen Yun Performing Arts, uma campanhia de dança clássica chinesa também patrocinada pela NTDTV, tiveram de ser cancelados porque as autoridades de Hong Kong não emitiram os vistos para seis funcionários fundamentais da equipe de produção.
Desde 2007, a NTDTV tem realizado uma série de competições internacionais que incluem dança, artes marciais, violino, vocal, pintura, fotografia e culinária. As competições têm atraído participantes de todo o mundo.