Histórias budistas: A agonia de um cultivador

06/11/2013 12:43 Atualizado: 06/11/2013 12:43

Há muito tempo, um jovem cultivador pedia esmola no caminho de Sravasti, quando encontrou uma bela menina. Ele não conseguiu se controlar e se apaixonou por ela. Ele pensava nela o tempo todo e não conseguia comer nem beber direito. Por fim, ele adoeceu e ficou de cama. Seus companheiros de cultivo espiritual foram visitá-lo e ficaram muito preocupados quando viram que ele estava desorientado.

O jovem cultivador revelou toda a agonia em seu coração, mas seus colegas não conseguiram ajudar em muita coisa, apenas mostraram simpatia por ele e o consolaram com palavras. O jovem sofria pela paixão não correspondida e não escutava os consolos nem as boas palavras, então eles decidiram levar o jovem doente até o Mestre Sakyamuni e contar tudo o que aconteceu.

Depois que Sakyamuni soube da história, ele disse ao jovem: “Você não precisa se preocupar com isto, come e descanse bem, eu o ajudarei sem falta e logo seu desejo se satisfará!”

A resposta de Sakyamuni surpreendeu a todos menos o jovem cultivador que explodiu de felicidade e recuperou o ânimo. Após uma refeição farta, ele seguiu Sakyamuni, saiu do Monastério Jetavana e foi para a cidade de Sravasti.

Então, Sakyamuni conduziu um grupo de discípulos até a casa da bela menina. Quando chegaram à porta, eles ouviram choros tristes e agito no interior. Depois de perguntarem pela menina, eles foram informados de que ela falecera três dias antes, que os pais a adoravam tanto que não queiram enterrá-la e o corpo já cheirava mal em meio a cena lamentável.

Sakyamuni virou-se para o jovem cultivador e o aconselhou com tranquilidade: “A menina pela qual você se apaixonou agora deixou esta forma, você deve entender o princípio de que tudo no mundo não é estável, a transição entre a vida e a morte ocorre num instante, num suspiro fugaz, muitas vezes inesperado. Pessoas enganadas pela ilusão seguem apenas a superfície e não consideram a realidade, por isso se machucam com tristezas e sofrimentos, não conseguem reter no coração a natureza de respeito ao princípio de que nada é imutável, a mente fica confusa diante do charme e atração da beleza, desenvolve luxúria, consome-se no prazer e fica presa num casulo, uma cadeia construída por si mesma. A natureza verdadeira consegue tomar uma decisão firme e se atreve a se livrar de todas as agonias, somente a mente iluminada, por meio do desapego, pode escapar da gaiola dos desejos perversos e eliminar completamente os sofrimentos da vida e da morte.”

O jovem cultivador começou a se arrepender vendo o triste destino da menina e escutando os sábios argumentos de Sakyamuni. Ele voltou-se para venerar o Mestre e expressou seu sincero agradecimento. Depois o jovem cultivador voltou com o Sakyamuni para Jetavana e cultivou com grande esforço até obter o fruto verdadeiro.