História por trás do voo CA981 da Air China

13/09/2012 10:25 Atualizado: 13/09/2012 10:25
Uma espiã que trabalha para o Departamento de Trabalho da Frente Unida foi presa depois que o voo CA981 da Air China retornou a Pequim em 29 de agosto. (Imagem composta do Epoch Times)

Fábrica de rumores de Pequim, parte da batalha antes do Congresso do PCC

Há grande quantidade de rumores e vazamentos em Pequim enquanto o Partido Comunista Chinês (PCC) se prepara para a transferência da liderança chinesa, que ocorre a cada dez anos. A imprensa parece ter sido alimentada com algumas dessas histórias como parte de uma estratégia política em que rivais buscam usar a mídia fora da China para prejudicar um ao outro.

Desde o misterioso retorno de voo transpacífico CA981 da Air China de volta a Pequim em 29 de agosto, uma série de eventos incomuns têm se desdobrado.

Voo CA981

Em 29 de agosto, o voo CA981 da Air China foi forçado a fazer um retorno de emergência a Pequim depois de voar sete horas em direção a Nova York. A mídia estatal Diário do Povo disse que uma “ameaça” foi a causa da mudança de curso.

No entanto, de acordo com um relato da Aboluowang.com, um website de notícias em língua chinesa baseado fora da China, uma espiã chamada Sra. Ding, que trabalha para o Departamento de Trabalho da Frente Unida (DTFU), foi presa após o voo retornar.

Ding seria responsável pela inteligência em Taiwan e por comunicações secretas entre o vice-premiê chinês Hui Liangyu e Du Qinglin, o ex-diretor do DTFU, uma agência do governo chinês que, entre outras tarefas, ajuda a dar cobertura a grande rede mundial de inteligência da China.

O artigo afirma que Du Qinglin é um aliado do ex-líder chinês Jiang Zemin e que ele era um dos líderes-chave no plano de golpe de Estado orquestrado pelo chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang e Bo Xilai, o desgraçado ex-chefe do PCC em Chongqing. O vice-premiê Hui Liangyu também estava envolvido no plano de golpe de Estado, disse o artigo.

Em 1º de setembro, o PCC fez duas grandes mudanças de pessoal num dia, um acontecimento bastante incomum.

Du Qinglin, que também é o vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, se “aposentou” de repente de seu posto como diretor da Frente Unida. Du Qinglin foi substituído por Ling Jihua, um assessor de confiança do atual líder chinês Hu Jintao. E Li Zhanshu, uma figura forte da facção da Liga da Juventude Comunista de Hu Jintao e íntimo do provável próximo líder chinês Xi Jinping, sucedeu Ling Jihua como o diretor do Gabinete Geral do PCC.

No dia seguinte, o Diário da Manhã do Sul da China, um jornal de Hong Kong, publicou um artigo investigativo negativo sobre Ling Jihua. Logo depois, o New York Times e o Los Angeles Times também apresentaram artigos negativos sobre Ling Jinhua.

A Rádio França Internacional (RFI) comentou que é incomum que várias mídias reportassem sobre Ling Jihua, já que notícia sensível como esta é geralmente difícil de verificar ou confirmar na China, por causa do rígido controle da informação.

Reaparecimento de Zhou Yongkang

Enquanto isso, Zhou Yongkang, o controverso chefe da segurança pública, que estaria sob “controle interno” pelos últimos meses, também apareceu na mídia.

A mídia estatal porta-voz do regime chinês Xinhua informou em 5 de setembro que, durante sua visita à província de Anhui em 3 e 4 de setembro, Zhou Yongkang “inspecionou” o Tribunal Popular Intermediário de Hefei, onde Gu Kailai foi julgada.

A Xinhua citou Zhou Yongkang dizendo que a força da segurança pública deve “se esforçar para que cada caso julgado resista ao teste da lei e da história”.

Desaparecimento de Xi Jinping

Em 5 de setembro, as autoridades chinesas anunciaram que Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing, que fugiu para a embaixada dos EUA em fevereiro, foi acusado de “usar a lei para fins egoístas, deserção, abuso de poder, e recebimento de propina”.

No mesmo dia, Xi Jinping desapareceu. Ele cancelou sua reunião com a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton por causa de uma “lesão nas costas”, segundo o Wall Street Journal. Ele também cancelou encontros com o primeiro-ministro da Cingapura e com um oficial russo.

Xi Jinping também não participou de uma reunião de emergência sobre o terremoto de Yunnan em 8 de setembro, realizada pela Comissão Militar Central da qual ele é o vice-presidente.

Em 10 de setembro, Xi Jinping perdeu outra reunião com o primeiro-ministro dinamarquês Helle Thorning-Schmidt.

Além disso, He Guoqiang, o chefe da Comissão Central de Inspeção Disciplinar e um membro do Comitê Permanente do Politburo, também desapareceu por mais de uma semana.

O Boxun, um website dissidente chinês no estrangeiro, informou que Xi Jinping e He Guoqiang foram feridos em dois acidentes automobilísticos separados em 4 de setembro. No entanto, o artigo foi removido do Boxun duas horas depois de publicado.

A Reuters informou em 7 de setembro que Xi Jinping se reuniu nas últimas seis semanas com Hu Deping, um proeminente reformador e membro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Durante suas conversas, Xi Jinping mencionou que ele não era um aliado de Bo Xilai.

Estratégia de ataque

Zhang Xinyu, fundador do Movimento Global de Liberdade da Informação, comentou que muitos desses artigos são especulações políticas. “A maioria da mídia chinesa perdeu credibilidade entre o público”, disse Zhang, assim, o PCC se voltou para fora da China visando explorar a liberdade de expressão e enganar o público chinês.

“De alguma forma, se algo não é produzido na China, as pessoas podem confiar mais ou menos em sua autenticidade”, disse Zhang à NTDTV.

Um artigo da RFI disse que a frequência sem precedentes e o efeito de fornecer informações negativas sobre determinados rivais políticos pela mídia global, especialmente pela mídia de língua inglesa, fez isso não só uma ferramenta de relações públicas, mas uma estratégia para atacar rivais na luta política antes do 18º Congresso Nacional da China.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.