A Etiópia começou a desviar parte do rio Nilo Azul, um dos dois principais afluentes das águas do grande Nilo que atravessa o Egito, para a construção de uma grande hidroelétrica, gerando preocupações em outros países dependentes das mesmas águas.
O primeiro-ministro etíope Demeky Mekonin disse na terça-feira que o desvio do fluxo no local da barragem hidroelétrica pode fornecer energia não só para a Etiópia, mas também para os países vizinhos, informou a mídia Al Jazeera, segundo declarações na rádio e televisão estatais etíopes.
A barragem está sendo construída no meio do rio, portanto, o desvio das águas seria temporário. Mihret Debebe, CEO da empresa estatal Corporação de Energia Elétrica da Etiópia, disse numa cerimônia local, “Agora, isso nos permite realizar obras de engenharia civil sem dificuldades. O objetivo é desviar o rio por alguns metros e depois permitir que ele siga seu curso natural”, segundo a Reuters.
A presidência do Egito anunciou na terça-feira que esperava um relatório do Comitê da Bacia do Nilo, formado pelo Egito, Sudão e Etiópia, para determinar os próximos passos. O Egito tem uma população de 90 milhões de pessoas e não tem outra fonte de água, informou o Al Jazeera.
O painel de especialistas dos três países deverá anunciar suas conclusões sobre o impacto da barragem etíope no fluxo do Nilo nas próximas duas semanas.
Mohamed Edrees, porta-voz do presidente egípcio Mohammed Mursi, afirmou que “o tema principal e a essência da questão é o impacto da barragem em si e não o desvio do curso da água”, que não teria qualquer efeito no volume de água, segundo o Al Jazeera.
Por sua vez, o ministro de Recursos Hídricos e Irrigação do Egito, Mohamed Bahaa El-Din, disse que não se opõe aos projetos de desenvolvimento na Etiópia, desde que não prejudiquem os países a jusante, segundo a Reuters.
“A crise na distribuição e gestão da água que o Egito enfrenta hoje e as queixas dos agricultores sobre a falta de água confirmam que não podemos ignorar uma única gota do volume que vem do Alto Nilo”, acrescentou Bahaa El Din.
As opiniões expressas pelo Egito e Sudão dizem que a construção viola o acordo de 1959, que remonta à época colonial e que confere ao Egito quase 70% das águas do Nilo, segundo o Al Jazeera.
As autoridades etíopes afirmam que o acordo não contempla as necessidades dos cinco países a montante.
O projeto custaria entre cinco e seis milhões de dólares e deverá gerar cerca de seis gigawatts de energia, o que permitiria a Etiópia exportar eletricidade para países da África Oriental, disse uma fonte de Addis Abeba do Al Jazeera.
Cerca de 84% da água do Nilo se origina na Etiópia. O Nilo Azul e o Nilo Branco são os dois afluentes principais. O Nilo Branco atravessa o Sudão.
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