Hanji é um tipo de papel tradicional que os artesãos coreanos produzem a mais de mil e quinhentos anos. Hoje em dia, em tempos de comércio, umas poucas pessoas lutam para manter viva esta antiga indústria.
Este antigo papel possui uma grande quantidade de utilidades. Nas casas tradicionais o utilizavam como protetor para cobrir as portas e as janelas, e manter as casas quentes e protegidas do vento. O Hanji também pode ser combinado com algodão e tecer-se como uma tela própria para fazer roupa.
Essa fibra tradicional é utilizada em muitas formas de arte tradicional na Coreia, como a caligrafia e a pintura com pincel. É tingido e utilizado para fazer lamparinas, leques, caixas e máscaras cerimoniais. É usado também na decoração de todo tipo de móveis e no passado foi usado para fazer armaduras resistentes a flechas. Alguns textos de mais de mil anos foram preservados da deterioração graças a terem sido escritos em Hanji.
Depois da morte, muitos coreanos inclusive são cremados com vestimentas de fibra de Hanji.
O centro de produção do tradicional Hanji na Coreia do Sul está localizado em Jeonju, uma pequena cidade no sudoeste do país. A cidade é famosa por suas tradições e formas de arte nativa, incluindo o Pansori, uma forma de canto folclórico e o Bibimbap, um prato de arroz picante. A cidade de Jeonju é também conhecida por suas casas típicas de madeira, chamadas Hanok.
Em um velho recanto particularmente famoso de Jeonju, conhecido com a aldeia Hanok, há uma fábrica de Hanji. Ela está localizada em um edifício tradicional de madeira com janelas de fibra de Hanji e está cheia de máquinas desconjuntadas acompanhadas pelo som do chapinhado em água.
O dono da fábrica, Kang Kapseok, começou a fazer Hanji quando era jovem, depois de uma visita às montanhas próximas.
“Eu fui lá [as montanhas] e vi a técnica de como fabricar”, disse ele. “Era tão bonito que eu quis fazê-lo.” Desde então, ele tem dedicado sua vida aos negócios de Hanji.
O dedicado fabricante afirma que a fabricação de papel coreano é feito em várias etapas.
“A madeira da amoreira é uma matéria-prima”, diz ele. “Desde o início de dezembro até fevereiro, vamos cortar as amoreiras. Primeiro, colocamos o vapor para separar a casca da madeira. Então, através de um processo de fervura, a polpa da madeira é branqueada.”
A polpa da madeira é misturada com água e é derramada sobre uma tela de bambu que contém uma fina camada de fibras embebidas. Quando a água estiver completamente drenada, fica uma camada de purê que se assemelha a uma folha de papel molhado. As folhas são empilhadas e postas para secar. Com as folhas secas, as fibras se unem com a ajuda do amido natural da árvore e formam, eventualmente, um papel forte e duradouro.
A fábrica de Kapseok está aberta ao público e é muito popular. Além disso, sua esposa tem uma loja onde os visitantes podem comprar folhas de Hanji da cor que quiserem. A loja também vende presentes, artigos para o lar e artesanato feitos de papel.
Mas apenas 70 por cento do Hanji produzido na fábrica de Kapseok é vendido. Quando a economia da Coreia do Sul estava em crise há uma década, a popularidade do Hanji caiu e nunca se recuperou.
“O número de pessoas que escreve e desenha em Hanji diminuiu e um papel similar é importado de outros países com mão de obra barata”, diz Kapseok. “O Hanji coreano não é competitivo. Desde a virada do século, o governo tem subsidiado a indústria de Hanji.”
“No início dos anos 90, havia mais de 100 empregados na fábrica, mas agora há menos de 10 pessoas.”