Gymnema: a erva notável que bloqueia o gosto pelos doces

26/03/2015 09:23 Atualizado: 26/03/2015 09:23

Gymnema sylvestre é o nome, em latim, da videira nativa das florestas do sul e do centro da Índia. As folhas desta erva têm sido usadas na medicina tradicional ayurvédica há pelo menos 2000 anos. É principalmente usada para tratar diabetes e outros desequilíbrios relacionados ao açúcar.

O nome dado à gymnema no norte da Índia é gurmar, que se traduz literalmente como “destruidor de açúcar”. É uma afirmação audaz, mas qualquer pessoa que experimente a gymnema vai considerar que o título é apropriado. Uma vez que a erva toca na sua língua, ela acaba com a possibilidade do açúcar ser saboreado durante uma hora e meia.

Os sabores ácido, amargo e salgado ainda podem ser experimentados, mas o doce é misteriosamente removido do palato. Sob a influência da gymnema, alimentos familiares como frutas, doces ou biscoitos tornam-se estranhos e sem apelo. Sem o doce, o chocolate é uma substância amarga e cerosa. Uma rodela de laranja passa a ter gosto de limão. Os bolos perdem o sabor, tornam-se pães esponjosos.

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Devido a esta capacidade, a gymnema oferece uma técnica segura para o controle do peso: as guloseimas com açúcar não exercem muito fascínio se o doce não puder ser saboreado. Se tomada regularmente, a gymnema pode ainda reparar o estrago feito pelo excesso de açúcar.

Folha de Gymnema (Shutterstock*)
Folha de Gymnema (Shutterstock*)

Como usar

A folha de gymnema seca pode ser comprada para se fazer chá ou tintura. Contudo, se preferir não eliminar temporariamente a sua capacidade de degustar o doce, a gymnema também está disponível em compridos e cápsulas. Em forma de comprimido, a erva não entra em contacto com a língua, mas ainda ajuda a inibir os desejos por doce e a equilibrar o nível de açúcar no sangue.

Estudos sobre a gymnema são iniciais e ainda não se sabe como ela funciona, mas o que as pesquisas têm observado é que esta erva pode normalizar os níveis de açúcar ao abrandar a liberação de glicose na corrente sanguínea. Ela também parece estimular a produção de insulina. Um estudo demonstrou que pessoas com diabetes tipo 1 requerem menos insulina quando tomam extrato de gymnema.

Pesquisas sugerem que a gymnema pode curar ou até regenerar as células do pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina e pela regulação de açúcar no sangue. A gymnema pode ser usada sozinha ou em combinação com outras ervas que estabilizam os níveis de açúcar no sangue, como é o caso da canela e do feno-grego.

Alguns fitoterapeutas usam a gymnema para reduzir a necessidade de drogas, como a insulina sintética. Consulte o seu médico e um especialista em saúde que seja experiente com protocolos de gymnema, antes de alterar a sua medicação.

A gymnema também influencia outro aspecto relacionado ao consumo de açúcar: fungos. Um consumo alto de açúcar encoraja a proliferação de um fungo comum conhecido por cândida albicans, que leva a sintomas como fadiga, má digestão e confusão mental. Em 2013, um estudo revelou que a gymnema consegue bloquear o desenvolvimento da cândida.

A gymnema não é tóxica e tem sido usada com segurança há milhares de anos, mas para que os efeitos sejam mais profundos e duradouros, é necessário pelo menos duas doses diárias, durante vários meses. Comprimidos e cápsulas precisam conter entre 200mg e seis gramas. A dose diária recomendada pode chegar a oito gramas ou mais.

A gymnema tem outros usos que não se relacionam com o açúcar. As suas folhas também melhoram a digestão, tratam infecções urinárias, regulam o colesterol e nível de triglicerídeos e aliviam a prisão de ventre. O nome sânscrito para a planta, meshasringa, significa “chifre de carneiro” e refere-se à forma de seu fruto amargo, que também pode ser usado para tratar diabetes e parasitas. As raízes são usadas para picada de cobra.