Guerra política por trás da exposição dos campos de trabalhos forçados na China

02/05/2013 14:46 Atualizado: 02/05/2013 14:46
O atual líder chinês Xi Jinping em novembro de 2012 (Lintao Zhang/Getty Images)

A publicação de relatos sobre os terríveis métodos de tortura utilizados contra detentos no Campo de Trabalho Forçado de Masanjia, mais conhecido como um campo de treinamento sobre tortura para as forças de segurança chinesas dedicadas à perseguição ao Falun Gong, indica que algo incomum está ocorrendo no topo da liderança chinesa, segundo analistas políticos.

Isso também se encaixa no padrão de antagonismo político constante entre a nova liderança de Xi Jinping e a velha guarda linha-dura do Partido Comunista Chinês (PCC), representada pelo ex-líder Jiang Zemin.

O chefe da segurança pública chinesa Meng Jianzhu em setembro de 2011 (Aamir Qureshi/AFP/Getty Images)

Foi Jiang Zemin que em 1999 supervisionou a expansão de Masanjia de um campo de trabalho regular para uma casa dos horrores dedicada a perseguir praticantes do Falun Gong com medidas extraordinárias de tortura.

Um artigo de cerca de 20 mil palavras expondo o Campo Masanjia foi publicado no início de abril na revista Lens, mais conhecida por sua fotografia.

“Definitivamente, há algo por trás disso”, disse Heng He, um comentarista político sênior da NTDTV. Ele sugeriu que o ex-líder chinês Jiang Zemin e aqueles que se beneficiaram com as políticas deste são os alvos do artigo e com razão.

Ele disse que o poder político de Jiang Zemin, o arquiteto da campanha de perseguição, tem atrofiado nos últimos 18 meses ou mais, mas que é provável que indivíduos do PCC que se beneficiaram das políticas de Jiang Zemin também sejam alvos do artigo sobre Masanjia.

“Os interesses de muitas pessoas ainda estão ligados às políticas de Jiang Zemin”, disse Heng He. “Assim, a resistência à nova liderança ainda é grande. Os novos líderes têm de enviar um sinal forte de obediência à liderança atual.”

Os criminosos reagiram. Após o artigo se espalhar pela internet chinesa, ele foi excluído de quase todos os principais portais de notícias e as autoridades de Liaoning negaram publicamente e com palavras duras os fatos relatados. Eles disseram que o artigo era “infundado” e continha “mentiras maliciosas”.

O primeiro-ministro chinês Li Keqiang em março de 2013 (Feng Li/Getty Images)

Mas Yuan Ling, o jornalista que escreveu a história, defendeu-se online, convidando as autoridades de Liaoning a verem-no no tribunal caso questionem sua reportagem, e dois repórteres do Diário do Povo Online, uma mídia porta-voz do regime chinês, que faziam parte da equipe de investigação, recusaram-se a pôr suas assinaturas na resposta. Luo Changping, o vice-editor-chefe da revista Caijing, elogiou-os em seu blogue.

O momento da publicação das revelações sobre Masanjia também diz algo, porque ocorre na sequência de uma série de observações de Xi Jinping e de alguns membros-chave de sua liderança sobre o sistema político-legislativo, que controla os campos de trabalho do país, como bem como a necessidade de reforma dos mesmos.

Em janeiro, Xi Jinping fez declarações numa conferência político-legal sobre o combate à corrupção. Na época, o analista político Wen Zhao disse que as declarações eram incomuns porque vinham do secretário-geral do PCC, ao invés de oficiais específicos responsáveis pelos trabalhos político-legais, indicando que Xi Jinping tentava afirmar seu controle sobre esse sistema. O aparato de aplicação da lei já esteve nas mãos de Jiang Zemin e seus asseclas por mais de uma década.

Em outras observações, o novo primeiro-ministro Li Keqiang e o chefe da segurança pública Meng Jianzhu também abordaram a possibilidade de reforma ou abolição do sistema de reeducação pelo trabalho forçado, o que recebeu atenção de analistas e do público.

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