Guerra do regime chinês à dança tradicional – Parte 2

08/05/2012 00:00 Atualizado: 22/05/2013 00:24
A Companhia de Arte Shen Yun foi estabelecido com a missão de reviver a cultura tradicional chinesa e sua história de 5.000 anos (Companhia de Arte Shen Yun)
A palavra de ordem durante a Revolução Cultural era “Batalhar contra o céu, brigar contra a terra, e lutar contra os seres humanos, nisto jaz o gozo infinito.” Em contrapartida, a dança tradicional chinesa está intimamente ligada aos valores antigos de harmonia entre o céu, a terra e o homem

Desenterrando os valores tradicionais

O destino enfrentado pela dança yangge também foi o destino de todas as outras formas tradicionais de dança chinesa. A dança tradicional chinesa, há muito tempo, desempenha diversos papéis no país.

Segundo o Departamento Geral de Educação de Taiwan, a dança clássica chinesa é uma preservação das tradições chinesas. Ela conta as histórias e os mitos de sua cultura, além de ser usada para celebrar dias de importância para o povo chinês e também no teatro.

“Na cultura chinesa, a dança reflete o grau de sofisticação que o povo chinês tem adquirido na sociedade”, declara um artigo do Departamento. “A dança conduz os nossos pensamentos e tradições ao longo de milhares de anos de história.”

O artigo observa ainda que “a cultura chinesa é baseada nas noções de que existe um mundo espiritual em grande parte de nossas vidas. A dança mantem vivo o orgulho nacional. Por isso, uma das principais formas de apreciar a cultura chinesa é através da dança.”

A dança tradicional chegou a ser um alvo do Partido Comunista Chinês (PCCh) para eliminação, porque esta forma de arte estava atada aos valores tradicionais dos chineses, valores que o regime procurou desenraizar para estabelecer seu próprio poder.

“Estes valores aplicados na arte são destilados das maiores filosofias, o taoísmo, o confucionismo e o budismo, que constituem os valores culturais da civilização chinesa”, segundo o informe. Estes valores foram proibidos pelo PCCh.

O lema durante a Revolução Cultural era: “Batalhar contra o céu, brigar contra a terra, lutar contra os seres humanos, nisto jaz o gozo infinito.”

Em contrapartida, a dança tradicional chinesa, está intimamente ligada aos antigos valores chineses de harmonia entre o céu, a terra e o homem.

Revivendo a cultura tradicional chinesa

Embora grande parte da herança da dança tradicional chinesa tenha se perdido durante a Revolução Cultural, agora ela está ressurgindo.

Em 2006, um grupo de artistas chineses que reside em Nova York, assumiu a missão de reavivar as tradições perdidas da dança. Eles formaram a companhia de artes cênicas Shen Yun, e reuniram alguns dos talentos da dança, da música e da coreografia chinesa.

A organização sem fins lucrativos foi estabelecida como a principal companhia de dança e música clássica chinesa no mundo, e desde então cresceu até formar três conjuntos completos que realizam turnês independentes, cada um com sua própria orquestra.

Segundo o site da companhia (www.shenyunperformingarts.org): “Na época que a influência do budismo, taoísmo e confucionismo era forte no Reino Central [nome dado para a China], a arte era um meio de se conectar com o universo mais elevado. Os artistas, comprometidos no estudo e na meditação, cultivavam a virtude, porque eles acreditavam que para criar uma verdadeira arte que seja apreciada pelos céus, deve-se primeiro ter a beleza e pureza interior. Hoje, os artistas do Shen Yun continuam esta nobre tradição.”

O Shen Yun já se apresentou em alguns dos melhores teatros do mundo, mas ainda é proibido na China por causa da influência do PCCh. O governo chinês frequentemente tenta parar o show, mas raramente teve sucesso.

A companhia de dança teve sete espetáculos programados para janeiro no Teatro Lírico da Academia de Artes em Hong Kong. Todos os ingressos foram vendidos antecipadamente, mas o show foi cancelado depois que as autoridades de Hong Kong recusaram os vistos de entrada de vários membros da companhia no último minuto.

A audiência de Hong Kong estava decepcionada. “Nós lamentamos que o povo de Hong Kong esteja privado do direito de ver o Shen Yun, e entendemos que este incidente constitui uma violação da liberdade das pessoas em Hong Kong”, declarou o Shen Yun num comunicado emitido após o cancelamento.

Um incidente semelhante ocorreu na Moldávia, onde os administradores do teatro, após serem pressionados pelo consulado chinês local, impediram a entrada de membros da produção para a montagem do espetáculo. Da mesma forma, administradores de vários teatros onde o show foi realizado com sucesso comentaram que o consulado chinês enviou-lhes cartas ameaçadoras exigindo a cancelamento do espetáculo.

“O regime comunista chinês tem tentado interferir em nossas apresentações há anos, pressionando as autoridades e teatros para cancelar nossos shows”, denuncia um comunicado de imprensa da Companhia de Arte Shen Yun.

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