Guerra desconhecida da China contra o Tibete documentada em novo livro

01/11/2012 10:30 Atualizado: 31/10/2012 20:13
Uma hada pendurada numa árvore próxima do Palácio Potala em 20 de junho de 2009 em Lhasa, Região Autônoma do Tibete. (Feng Li/Getty Images)

A maior vitória militar do Partido Comunista Chinês (PCC) também é a menos documentada e divulgada, segundo um novo livro da historiadora Li Jianglin.

Baseado em documentos históricos coletados, arquivos confidenciais e visitas a centenas de tibetanos idosos, o livro “When the Iron Bird Flies” (“Quando o pássaro de ferro voa”) de Li Jianglin documenta a operação militar do PCC no Tibete em 1956-1962. A campanha militar devastou a cultura budista do povo tibetano e resultou na perda de cerca de 350 mil vidas.

Durante décadas, esta guerra foi cuidadosamente evitada e encoberta e dados históricos foram deixados incompletos, escreve Li Jianglin, uma historiadora tibetana com laços familiares com o Exército da Liberação Popular (ELP) que invadiu o Tibete. Além disso, Li Jianglin acredita que a matança é a origem da agitação atual no Tibete.

“Muitos incidentes como o de Lhasa em 1980, o de Lhasa no fim de 2998 e as autoimolações tibetanas agora são realmente efeitos do pós-guerra. Isso continua até hoje”, disse Li Jianglin numa entrevista com a emissora NTDTV de Nova York.

Dawa Tsering, presidente da ‘Fundação Religiosa Tibetana de Sua Santidade o Dalai Lama’, disse que o conceito tibetano da reencarnação levou alguns tibetanos durante os protestos de 2008 a dizerem, “Nós somos os tibetanos que vocês mataram em 1958.” A guerra foi inscrita nos tibetanos, disse Dawa Tsering.

Li Jianglin descreve em seu livro sobre a simplicidade do povo tibetano, que, tendo vivido a montante do rio Amarelo, nunca tinha visto um chinês Han antes da invasão do ELP.

“O ELP atirou nas margens do rio. Os tibetanos que cruzaram o rio Amarelo não sabiam se esconder do tiroteio. Enquanto os aviões bombardeavam, os tibetanos simplesmente olhavam e falavam sobre as aeronaves”, escreveu Li Jianglin.

Os tibetanos não foram os únicos inocentes, disse Li Jianglin à NTDTV. Décadas atrás, quando não havia matança, nem reforma agrária ou movimento político empreendido pelo PCC, os chineses rurais também eram pessoas muito simples.

Li Jianglin acredita que o PCC tem usado a violência e a promoção do ateísmo para reprimir tanto o povo Han quanto os tibetanos, destruindo suas crenças ao mesmo tempo.

Ela escreve que a invasão do Tibete e os assassinatos em massa serviram para construir o poder do PCC, enquanto na China continental o PCC usou o mesmo tipo de violência para tomar o poder político.

Antes da invasão do Tibete, o PCC já havia destruído templos de várias religiões em toda a China, escreve Li Jianglin.

Li Jianglin disse, “A luta de classes considera razoável matar e lutar, enquanto a ideologia budista de compaixão se opõe a matar. Estes dois são opostos completos.”

O Dalai Lama tem dito repetidamente que o sofrimento dos tibetanos não é culpa dos chineses, mas do regime comunista chinês. Li Jianglin citou o Dalai Lama dizendo, “Nós nunca abandonamos nossa confiança nos chineses.”

Li Jianglin comentou, “A maioria dos chineses não sabe nada sobre o que aconteceu no Planalto Qinghai-Tibete em 1950. Eu não acredito que o problema sino-tibetano esteja claro. Acho que o problema é entre os comunistas e o Tibete, e não entre os Han e os tibetanos.”

O novo livro levou um ano e meio para escrever. O título vem da profecia do século VIII do Guru Padmasambhava, “Quando o pássaro de ferro voar e os cavalos correrem sobre rodas, o povo tibetano será espalhado como formigas em todo o mundo e o Dharma chegará à terra do Homem Vermelho.”

A autora Li Lijiang, uma nativa de Nanchang, graduou-se no Departamento de Línguas Estrangeiras da Universidade de Fudan em Shangai em 1982. Ela tem mestrados na Escola de Línguas Estrangeiras e Literatura da Universidade de Shandong; em História Judaica Norte-Americana na Universidade de Brandeis; e em Biblioteconomia no Colégio Queens de Nova York. Seu interesse em questões do Tibete começou em 2004 e, desde 2007, ela estendeu sua pesquisa sobre a história dos exilados do Tibete, visitando 17 assentamentos de refugiados tibetanos na Índia e no Nepal, e cerca de 300 refugiados no Tibete. Ela publicou uma série de artigos sobre a questão do Tibete e da comunidade tibetana no exílio. Seu livro “1959: Lhasa!—How Dalai Lama Left” (“1959: Lhasa! – Como o Dalai Lama partiu”) contribuiu para a reconstrução dos fatos históricos sobre o exílio de 1959 do Dalai Lama.

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