Gu Kailai, esposa de Bo Xilai, indiciada por homicídio

30/07/2012 11:00 Atualizado: 30/07/2012 11:00

O oficial recém-deposto Bo Xilai e sua esposa Gu Kailai. (Arquivo Epoch Times)Gu Kailai, a esposa do ex-oficial Bo Xilai do alto escalão no Partido Comunista Chinês (PCC) que foi recentemente deposto numa luta de poder espetacular no início deste ano, foi formalmente indiciada por homicídio. A notícia foi anunciada numa nota curta pela Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime comunista.

Gu Kailai e Zhang Xiaojun, um empregado da família do casal, serão levados a julgamento pelo suposto assassinato do empresário e consultor britânico Neil Heywood. O Xinhua disse que Gu Kailai e Zhang Xiaojun haviam conspirado para envenenar Heywood após Gu pensar que Heywood ameaçou Bo Guagua, o filho de Gu Kailai. Havia “disputas econômicas” entre os três, segundo a Xinhua.

O aviso diz que os “fatos do crime são claros” e que as provas contra os dois são “confiável e abundante”.

O curto anúncio continha uma série de idiossincrasias linguísticas específicas para avisos políticos dos comunistas chineses: Gu Kailai foi identificada como “Bogu Kailai”, uma maneira de associá-la com seu marido em desgraça, apesar de ninguém senão a Xinhua usar essa forma de identificação; Bo Guagua, o filho, foi identificado como “Bo tal e tal” (Bo Moumou), embora a maioria dos leitores saiba com certeza quem esteja sendo referido.

A Procuradoria Popular de Hefei, na província de Anhui, instaurou uma ação judicial no Tribunal Popular Intermediário de Hefei em 26 de julho, segundo a Xinhua, o que foi a causa do anúncio.

Nenhuma data para o julgamento foi especificada, mas a Reuters cita o advogado da família Bo dizendo que será provavelmente em 7-8 de agosto.

Bo Xilai está atualmente detido por investigadores do PCC e sendo submetido ao processo comunista secreto chamado “shuanggui”, que muitos relatam frequentemente envolver interrogatório e tortura. Bo Xilai deve sua rápida ascensão no PCC ao seu patrono Jiang Zemin, o ex-líder chinês cujas políticas ele aplicou inquestionavelmente. Ao instalar Bo Xilai numa posição central da liderança e, talvez, no ápice do poder do PCC, a facção liderada por Jiang Zemin tinha como objetivo assegurar o legado de Jiang, continuando a perseguição contra os praticantes do Falun Gong, uma campanha violenta que Jiang Zemin começou em 1999. Bo Xilai, juntamente com Zhou Yongkang, o chefe da segurança pública chinesa também leal a Jiang Zemin, teriam conspirado para impedir a ascensão de Xi Jinping ao poder para depois instalarem Bo Xilai. O poder de Zhou Yongkang foi atenuado depois que ele foi colocado sob alguma forma de “controle interno” por seu papel na trama, segundo informações privilegiadas. Analistas dizem que uma vez que Zhou se aposentará em 18º Congresso Nacional do PCC a ser realizado no fim do ano, não haverá necessidade de a liderança derrubá-lo publicamente e provocar outra tempestade política.

Analistas dizem que, ao processarem Bo Xilai, os oficiais do PCC usarão os crimes menos sensacionais de “violar a disciplina do PCC” ao invés da trama citada acima, já que o regime não quer expor a natureza frágil do seu governo.

Neil Heywood foi um agente de baixo nível na rede de Bo Xilai, ajudando a facilitar a educação de seu filho Bo Guagua em escolas de prestígio na Inglaterra.