HONG KONG – Um membro do que parece ser uma recém-criada organização de fachada do Partido Comunista Chinês (PCC) ameaçou praticantes do Falun Gong na estação de trem de Hung Hum com uma grande faca de açougueiro. Quando a polícia foi informada sobre o incidente, eles mostraram pouco interesse em investigar mais, segundo testemunhas.
Na tarde de 4 de julho, membros da Associação de Ajuda à Juventude de Hong Kong chegaram à estação Hum Hung no distrito de Kowloon em Hong Kong e retomaram sua rotina de perturbar um local de informação do Falun Gong.
Quando praticantes do Falun Gong tentaram negociar, membros da Associação começaram a gritar e xingar, segundo vídeos do evento e relatos de testemunhas.
O aparente organizador do evento, um homem chamado Guo Lin-an, tentou bloquear as câmeras dos repórteres com a mão, enquanto gritava agressivamente.
Pouco antes das 21h, Cai Wen Wen, uma repórter que cobria o incidente para a emissora NTDTV, percebeu que uma mulher no grupo estava segurando uma faca de açougueiro. Depois que percebeu que estavam sendo filmada, outra membra do grupo tomou a faca da mulher e caminhou em direção a Cai enquanto brandia a faca e perguntando, “O que você está fazendo?”
Cai gritou por socorro, mas a polícia estacionada nas proximidades não respondeu. Seis ou sete minutos depois, um carro patrulha da polícia chegou e perguntou se alguém estava carregando uma faca.
Cai disse à polícia que tinha provas de vídeo da mulher empunhando a faca para ela, mas a polícia não ficou interessada em investigar mais profundamente a questão, disse ela.
Depois de falar com membros da Associação, o polícia saiu sem dar qualquer aviso ou tomar qualquer ação, aparentemente aceitando a alegação de que a faca estava sendo usada pelo grupo para preparar suas faixas.
A Associação de Ajuda à Juventude de Hong Kong pode ter sido criada explicitamente para promover a campanha do PCC contra o Falun Gong em Hong Kong.
Membros da Associação iniciaram suas atividades anti-Falun Gong em Hong Kong no início de junho, dois dias depois que a Associação foi fundada, segundo registros públicos. Eles penduraram cartazes difamando o Falun Gong em cima de faixas do Falun Gong que criticavam a perseguição do PCC à prática. Num exemplo, o texto de uma das faixas da Associação dizia, “Ame a vida, rejeite a religião do mal”, uma frase que foi muito utilizada pelo jornal estatal Diário do Povo nos primeiros dias da campanha de propaganda anti-Falun Gong em 1999 e 2000.
A Associação compartilha o mesmo endereço de registro com uma empresa cujo presidente é o conselheiro legislativo do partido político pró-comunista ‘Aliança Democrática pela Melhoria e Progresso de Hong Kong’. O líder do grupo, Guo Lin-an, é membro da Conferência Consultiva Política da cidade de Jinggangshan na província de Jiangxi, que é claramente uma frente de organizações políticas.
Até agora, a atividade principal do grupo parece ser perturbar as manifestações do Falun Gong. Além de faixas caluniosas, os membros do grupo colocam alto-falantes tocando em alto volume ao lado de praticantes do Falun Gong que tentam realizar exercícios tranquilos de meditação.
Na noite de 3 de julho, um dia antes do incidente da faca, membros do grupo tentaram perturbar o local de informações do Falun Gong perto da Estação Ferroviária Lok Ma Chau no distrito de Yuen Long, novamente exibindo faixas com mensagens caluniosas. Como numa série de incidentes anteriores, cerca de uma dúzia de jovens foram liderados por Lin Guo-an. Após chegarem, eles rapidamente se moveram para sufocar as faixas do Falun Gong com as suas.
O Falun Gong é uma prática espiritual chinesa que envolve cinco exercícios e foca seus ensinamentos na verdade, compaixão e tolerância. O regime comunista começou a perseguir o grupo em 1999 após a decisão do ex-líder chinês Jiang Zemin, que temia a popularidade e o rápido crescimento da prática. No final de 2004, tendo esgotado a possibilidade de negociação com o regime após cinco anos de tentativas infrutíferas, o Falun Gong começou uma campanha chamada Tuidang, destinada a persuadir a China Continental a renunciar seus laços com o PCC. Os websites oferecem aos praticantes de Hong Kong uma plataforma para diretamente aconselharem cidadãos chineses do continente a renunciarem ao PCC.
Nelson Wong Sing-chi, um membro do Conselho Legislativo de Hong Kong, disse, “Eu acho que isso é um grande problema. Trata-se de pessoas ameaçando e intimidando a liberdade de informação. Isso é uma ofensa grave. […] O fato de que a polícia tolera a atitude dessas pessoas em relação à imprensa é ainda mais inaceitável.”
Mak Yin-ting, o presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong, disse que ameaçar repórteres com uma arma é considerado crime, acrescentando que, “Isso causa um dano grave à liberdade de imprensa e a liberdade de informação.”