Gripe aviária H7N9 é altamente virulenta e mutável, diz nova pesquisa

15/04/2013 14:47 Atualizado: 15/04/2013 15:25
Técnico de laboratório conduz testes sobre o vírus H7N9 da gripe aviária no Centro de Controle de Doenças de Kunming em 10 de abril de 2013 na China (ChinaFotoPress/Getty Images)

Dois novos casos de gripe aviária foram registrados na província de Henan no domingo, elevando o número de pessoas infectadas a mais de 50, sendo que 13 delas morreram, segundo a mídia porta-voz estatal Xinhua. Também foi a primeira reportagem na mídia chinesa em que foi informado que o perigoso vírus se espalhou para a região central do país.

Cientistas chineses e internacionais têm estado ocupados estudando o vírus, agora que todo o genoma foi sequenciado. Uma nova pesquisa mostra que o H7N9 pode mudar rapidamente, podendo produzir mutações que o tornam mais infeccioso e letal.

Cientistas em Shenzhen, China, descobriram que uma proteína que conecta o vírus H7N9 às células de seu hospedeiro pode sofrer mutação até oito vezes mais rápido do que um vírus comum da gripe.

O Dr. He Jiankui, da Universidade de Ciência e Tecnologia do Sul da China, e seus colegas identificaram a rápida mutação da hemaglutinina numa das amostras, com nove dos 560 aminoácidos alterando-se num período de tempo muito curto em comparação com apenas um ou dois num vírus comum de gripe.

“Aconteceu em apenas uma ou duas semanas”, disse Dr. He Jiankui ao Diário da Manhã do Sul da China. “A velocidade não alcança o HIV, mas é bastante incomum para uma gripe.”

“Não sabemos se ele evoluirá para algo inofensivo ou perigoso”, acrescentou o doutor. “Nossas amostras são muito limitadas. Mas as autoridades devem permanecer definitivamente alerta e se prepararem para o pior cenário.”

Em outro artigo, publicado no Jornal de Medicina da Nova Inglaterra, pesquisadores chineses descreveram o H7N9 como um “novo rearranjo do [vírus] influenza A”, com semelhanças genéticas de estirpes encontradas em três pássaros diferentes – um passarinho de Pequim e patos da província de Zhejiang e da Coreia.

Os cientistas não sabem como a nova estirpe se desenvolveu, pois não há evidência de recombinação ocorrida num hospedeiro mamífero. Devido à semelhança do vírus encontrado em humanos com as três estirpes aviárias, é mais provável que o H7N9 tenha sido transmitido diretamente pelas aves.

Duas das três vítimas das quais foram coletadas amostras tiveram contato com aves vivas antes de desenvolverem a doença. Apesar de causar pouco dano às aves, a equipe observou que o H7N9 pode provocar “grave infecção humana”, com febre e tosse sendo os sintomas mais comuns. Os três chineses posteriormente sofreram síndrome respiratória aguda severa, choque séptico e falência múltipla dos órgãos.

Como o vírus não apresenta sintomas em aves ou apenas sintomas leves, há o potencial para “uma ‘silenciosa’ epizootia [epidemia em animais] generalizada na China e nos países vizinhos”, escreveram dois cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA num acompanhamento editorial.

Eles acreditam que o H7N9 pode se adaptar melhor para infectar mamíferos do que as aves e dizem que muitos especialistas estão preocupados que os porcos também possam ser suscetíveis, agindo como outro reservatório para o H7N9.

“Porque o vírus H7N9 não foi detectado em humanos ou animais previamente, a situação levanta muitas questões urgentes e preocupações de saúde pública global”, escreveram eles.

Uma mutação chamada “Substituição Q226L”, encontrada em dois dos falecidos, torna o vírus mais provável de infectar furões, frequentemente usados em pesquisas sobre gripe. Esta mutação também ocorreu nos vírus que causaram pandemias de gripe em 1957 e 1968.

Todas as três amostras continham outra mutação chamada “PB2 E627K”, que permite que o H7N9 se replique em condições muito mais frias do que o padrão da gripe aviária, por exemplo, no trato respiratório humano, que é mais frio do que o estômago das aves, onde o vírus é normalmente encontrado.

O virologista holandês Ron Fouchier disse à CNN que esta mutação em camundongos torna a doença até mil vezes mais virulenta. Ele acredita que várias outras mutações presentes significam que o vírus não é realmente uma gripe aviária. “Vírus aviários comuns conhecidos têm de se adaptar substancialmente para infectar pessoas, mas não estes”, disse ele.

No editorial, os pesquisadores norte-americanos observaram que as vítimas não receberam medicação antiviral até que a doença estivesse bem desenvolvida e que o tratamento precoce pode ajudar a prevenir infecções bacterianas secundárias fatais, como a pneumonia.

“As próximas semanas revelarão se a epidemiologia reflete apenas uma zoonose [infecção entre espécies] generalizada, se uma pandemia de H7N9 está começando ou algo intermediário”, concluíram eles.

“A questão fundamental é intensificar a vigilância sobre o vírus H7N9 em humanos e animais para ajudar a responder questões importantes. Não podemos baixar a guarda.”

Característica do novo vírus H7N9

Os sintomas gerais incluem febre, dificuldade de respirar e às vezes vômito, o que pode resultar em pneumonia grave. A Organização Mundial de Saúde (OMS) destacou que a informação fornecida pela China atualmente é muito limitada.

A família virótica A H7 foi identificada ocasionalmente em humanos. Estes correspondem ao vírus A H7N2, H7N3 e H7N7, que foram registrados entre 1996 e 2012 na Holanda, Itália, Canadá, EUA e México. Apenas uma vítima morreu e as outras tiveram sintomas de conjuntivite e dificuldades respiratórias. A China não informou sobre esses casos.

Tratamento

De acordo com laboratórios da China, o novo vírus H7N9 é sensível a drogas inibidoras neurominidases, como oseltamivir e zanamivir, mas não há experiência de seu uso em pacientes infectados.

Em outros tratamentos do vírus da gripe aviária humana também proveniente da China, o A H5N1, e que hoje afeta a Ásia, Europa e África, este tratamento foi eficaz, segundo a OMS.

O vírus A H7N9 e outros vírus da gripe humana

Igualmente ao vírus A H5N1, também procedente da China, o A H7N9 é um vírus animal que ocasionalmente afetaria o homem.

O vírus H5N1 surgiu na China em 1997, durante um surto de vírus SARS e ressurgiu em 2003 e 2004, difundindo-se para a Ásia, Europa e África e deixando centenas de vítimas humanas. (Veja abaixo a distribuição geográfica e a mortalidade até 2013)

(Organização Mundial de Saúde/OMS)

Ele também provoca pandemias em aves, que são um risco para a saúde pública, afirma a OMS.

Os sintomas do A H5N1 em humanos são conjuntivite e dificuldade de respirar, até casos agressivos de pneumonia.

Outro vírus, o A H1N1, da gripe suína, conhecido na pandemia de 2009, é o tipo de micro-organismo que normalmente infecta seres humanos e animais. (Distribuição de outros subtipos abaixo)

(Organização Mundial de Saúde/OMS)

Prevenção

A prevenção inclui lavar bem as mãos antes de comer ou ao tocar qualquer coisa que possa estar contaminada pelo contato de outras pessoas, como banheiros e locais públicos, hospitais e a própria cozinha.

Água e sabão ou o uso de álcool são os mais eficazes, diz a OMS.

Outra precaução inclui cozinhar bem a cerca de 70ºC a carne de animais que será consumida. A carne deve ser separada de outros alimentos na geladeira. Não se pode usar a mesma tábua para cortar ou a mesma faca sem desinfetá-las.

Manejar carnes cruas requer lavar bem as mãos e todos os utensílios e, após cozinhar a carne, deve-se desinfetar todas as superfícies e utensílios utilizados e, novamente, lavar bem as mãos com água e sabão.

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