Greve da educação federal decide intensificar atividades

06/07/2012 20:38 Atualizado: 12/05/2013 13:34

Ato de estudantes, professores e funcionários em frente ao Ministério da Educação na terça-feira. Comandos nacionais decidiram hoje intensificar manifestações a partir de 16 de julho. (Andes-SN) Sem proposta do Governo, categorias convocam nova semana nacional de mobilização. Paralisação já atinge 96% das instituições federais de ensino

Reunidos desde ontem em Brasília para avaliar a greve das instituições federais de ensino, os Comandos Nacionais de Greve, compostos pelo Sindicato Nacional dos Docentes de Ensino Superior (ANDES-SN), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (FASUBRA) e pelo Comando Nacional de Greve dos Estudantes, decidiram, hoje, convocar uma nova semana nacional de mobilizações.

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Com o mote ‘Tem dinheiro para a Copa, mas não para a educação’, a estratégia agora é organizar entre os dias 16 e 20 de julho manifestações locais em lugares emblemáticos como as obras da Copa do Mundo, cartões postais, instâncias governamentais e vias importantes, conta Luiz Henrique Schuch, vice-presidente do Andes, ao Epoch Times. O objetivo, segundo ele, é denunciar o que chama de “inversão de prioridades”, se referindo aos repentinos megainvestimentos para a Copa do Mundo de 2014 enquanto o orçamento da Educação oscila entre 3,5% e 5% do PIB desde 2003.

Docentes exigem reestruturação do plano de carreira. (Andes-SN)“A situação é insustentável, a greve é um desabafo contra a desestruturação das relações de trabalho e as péssimas condições de trabalho e permanência”, denuncia Schuch. “O problema é que está tudo muito privatizado e muito precário. Hoje, monitores e bolsistas ocupam o lugar de professores e funcionários, distorcendo as relações entre professor e aluno. Os docentes entram para as universidades todos animados, cheios de expectativa, e encontram um ambiente degradado, enquanto os aposentados, que as construíram, são cada vez mais discriminados.”

Esta semana foi intensa para professores, técnico-administrativos e estudantes, que entre 2 e 6 de julho se reuniram em diversos estados e capitais em todo o país. Em atos públicos realizados na segunda e terça-feira em frente aos Ministérios da Educação e do Planejamento, os grevistas entregaram um documento às autoridades, que responderam não estarem autorizadas a negociar. Na quarta e quinta-feira, as categorias realizaram atividades conjuntas cobrando uma posição do Governo.

Schuch compartilhou que o movimento conseguiu, hoje, acessar a presidente Dilma Rousseff, enquanto ela inaugurava projetos no Rio de Janeiro ao lado do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral, mas que a resposta não agradou. “A presidente disse que o Governo está passando por dificuldades e que vai negociar no momento que for possível. Isso é uma grande irresponsabilidade, pois a educação é vital para o país.” Procurada, a assessoria de imprensa do Governo Federal não retornou até o fechamento desta edição.

Maracanã em obras para a Copa do Mundo de 2014. Com o impasse nas negociações com o Governo, o emblemático estádio pode estar agora na mira da greve nacional da educação federal. (Fernanda Almeida/Governo RJ)Enquanto o Governo não apresenta a sua proposta e evita negociar, professores e funcionários das universidades, centros e institutos federais estão dispostos a levar a greve adiante e prometem intensificar as manifestações a partir do dia 16.

Uma das maiores já realizadas no Brasil, a paralisação das instituições federais de ensino começou no dia 17 de maio e já atinge 56 das 59 universidades federais, ou 95%, segundo o Andes-SN. Também estão em greve 95% dos institutos federais de educação e 100% dos centros federais de educação tecnológica, além de dois centros federais de tecnologia e o Colégio Pedro II. No total, a adesão já chega a 96% das IFE`s.